terça-feira, 28 de agosto de 2012

A FACULDADE e seu filho c/ DISLEXIA

A faculdade e seu filho com dislexia Fazer faculdade pode ser uma perspectiva assustadora até quando um filho não tem dislexia. Se o ensino superior é importante para vocês dois, você pode estar pensando: “Como posso ajudar a preparar meu filho para o esforço multifacetado de entrar na faculdade?”. Considere que a faculdade é uma meta para qual você se prepara desde o dia em que nasce; o primeiro passo é oferecer seu apoio e encorajamento e guiar seu filho na direção da independência. Isso posto, aqui estão alguns dos passos práticos a serem considerados à medida que a entrada para a faculdade vai se aproximando. Monitore as Exigências do Ensino Médio Se a faculdade é um sonho de seu filho, então você deve informar aos orientadores educacionais desde cedo que essa é uma meta que ele está lutando para alcançar. Às vezes, os alunos com transtornos de aprendizagem são afastados dos cursos preparatórios. Quando seu filho montar seu programa de curso, faça-o explicar aos orientadores que a faculdade é uma prioridade para ele. Ajude a Preencher os Formulários da Faculdade Preencher os formulários da faculdade pode ser um processo complicado e é muito provável que seu filho precise da sua ajuda. Saiba quais são os prazos de entrega dos. formulários e faça uma linha de tempo ou uma lista para monitorar seu progresso até o término do preenchimento. Permita que use bastante tempo para escrever, reescrever e editar a dissertação. Certifique-se de que tenha incluído informação detalhada sobre suas atividades extracurriculares, bem como as conquistas acadêmicas. As faculdades estão olhando cada vez mais para o "todo" do aluno e querem saber se seu filho trabalhou como voluntário para a comunidade, participou de grupos de estudo, tocou na banda da escola e assim por diante. Um aluno completo vai ser um recurso para a comunidade da faculdade; então, se seu filho tem pontos fortes em outras áreas que não as acadêmicas, agora é a hora de apostar essas fichas. Fique por Dentro dos Exames Os candidatos com transtornos de aprendizagem não estão isentos de fazer exames como os SATs (Scholastic Assessment Tests) ou ACTs (American College Tests) exames norte-americanos similares ao ENEM e ao vestibular, mas seu filho pode receber adaptações especiais (geralmente, mais tempo). É importante informar o departamento de orientação da escola de seu filho com antecedência (certamente, não no último ano do ensino médio), para que as adaptações especiais para os testes sejam feitas. A maioria das faculdades, se não todas, vai pedir também um relatório psicopedagógico completo dos últimos três anos, que é basicamente o mesmo feito quando o diagnóstico de seu filho acusou transtorno de aprendizagem e ele recebeu um PEI. Algumas faculdades também exigem a WAIS-R (Escala Wechsler de Inteligência Revisada de Adulto); então, verifique no departamento de orientação quando o psicólogo escolar pode aplicar esse teste. Trabalhe de Perto com o Departamento de Orientação Mantenha contato com o departamento de orientação da escola de seu filho. Você pode se sentir um chato, mas é seu dever. Também é dever de um orientador educacional trabalhar para ajudar crianças como seu filho e é seu direito e responsabilidade ser seu defensor. Não se sinta culpado nem seja tímido. Como disse anteriormente, o processo de preenchimento dos formulários da faculdade já é um procedimento complicado e estressante para indivíduos sem transtornos de aprendizagem; os alunos que têm a preocupação adicional da dislexia precisam de muita ajuda e orientação para contornar essa situação. Contudo, podem ficar certos de que isso será feito. Nunca houve época melhor do que esta para as pessoas com transtornos de aprendizagem fazerem faculdade - o vento está verdadeiramente a favor para a percepção de que, com o apoio correto, muitos alunos com transtornos de aprendizagem podem e vão vencer no cenário acadêmico e seguir carreiras desafiadoras. Verifique os Programas das Faculdades Todas as faculdades são obrigadas pela lei a oferecer educação especial aos alunos com transtornos de aprendizagem, mas o que exatamente isso significa varia de escola para escola. Algumas pessoas podem ir bem com um mínimo de ajuda extra, mas é imperativo saber de quanta assistência seu filho vai precisar. Se você sentir que ele precisa de média ou máxima assistência, deve optar por um programa "compreensivo". Isso significa que a faculdade é realmente voltada a ajudar alunos com transtornos de aprendizagem. O programa compreensivo pode incluir um centro de aprendizagem com equipe treinada trabalhando em período integral, recurso de especialistas, professores particulares, orientadores, programas de verão para alunos com transtornos de aprendizagem, aconselhamento acadêmico dado por membros especialmente treinados, recursos para habilidades básicas, grupos de apoio no campus e outros serviços. Existem muitos cursos de dois e de quatro anos que oferecem programas compreensivos e podem ser encontrados em praticamente todo o país (EUA). É essencial pesquisar os detalhes, que podem variar drasticamente de escola para escola. Por exemplo: algumas faculdades permitem que os alunos com transtornos de aprendizagem tenham urna carga horária menor. Por outro lado, algumas podem cobrar uma taxa adicional pelos serviços especiais (variando de várias centenas a vários milhares de dólares). A segunda opção é uma faculdade de dois a quatro anos com educação especial, conceito que pode variar de escola para escola; então, pesquise bem suas opções. O departamento de educação especial pode consistir de uma pessoa cujo tempo é muito curto ou reunir um excelente grupo de especialistas e professores particulares altamente qualificados. A chave é encontrar a faculdade mais adequada possível às necessidades de seu filho. Depois de obter informações do seu orientado r educacional e de outras fontes, ligue para as faculdades as quais ele está seriamente levando em consideração e pergunte ao coordenador do programa para alunos com transtornos de aprendizagem as dúvidas que possa ter. Visite a Faculdade Visitar o campus é fundamental para qualquer futuro aluno de faculdade, mas você terá o incentivo adicional de querer ver por você mesmo o que exatamente ela tem para oferecer aos alunos com transtornos de aprendizagem. Determine quantos conselheiros estão disponíveis aos alunos, como é o centro de aprendizagem (se existir um) e se há computadores e outros materiais adequados para os alunos com transtornos de aprendizagem. Pergunte que outros tipos de adaptações são feitos para eles. Converse com os funcionários da faculdade e com o coordenador da educação especial. Na Oakton Community College, em Des Plaines, Illinois, onde leciono, oferecemos uma variedade de assistência aos alunos no Centro de Apoio à Educação Especial. Os indivíduos que trabalham lá sempre conduzem os alunos com dislexia para meu curso de Psicologia, porque sabem que vou trabalhar de perto com eles. Outra boa idéia é pedir para conversar com alguns alunos com transtornos de aprendizagem para sentir como é a vida no campus e o tipo de apoio oferecido. Leve em consideração o tamanho das turmas, a atmosfera - por exemplo, se é um campus urbano ou rural - e as oportunidades para a interação social. Os alunos podem gravar as palestras? Existem alunos disponíveis para tomarem notas? (Algumas faculdades atualmente providenciam anotações feitas por alunos proficientes nessa área àqueles com transtornos de aprendizagem.) Qual é o procedimento para obter a versão em áudio dos livros? Quais adaptações são feitas para provas e testes - mais tempo, um ambiente com menos distrações, o uso do computador? Há muito a ser levado em consideração! Tome nota de tudo durante sua visita e imediata- mente depois dela, enquanto as informações ainda estiverem frescas em sua memória, faça uma lista de itens prós e contra e reduza suas opções. Encontre a Mais Adequada Não se esqueça de que o importante é encontrar a faculdade mais adequada a seu filho. Certamente, você pode conduzi-lo na direção certa e muni-lo de todas as informações possíveis, mas a decisão final é dele. Ele precisa se sentir confortável na faculdade que escolher. Se você oferece amor e ajuda, determina sua equipe de apoio e ensina a determinar suas metas, ele certamente vai encontrar uma faculdade compatível com suas necessidades e metas. Existem muitas escolhas excelentes. Seja realista: se você sabe que seu filho vai precisar de bastante ajuda e orientação para ter êxito, então conduza o para uma faculdade que ofereça um programa compreensivo. Se seu filho fez muitos avanços e precisa de menos assistência a cada ano, então pode querer optar por uma faculdade que ofereça serviços especiais. Outras opções existem: algumas pessoas vão para a faculdade comunitária por dois anos, provam que são capazes e então pedem transferência para uma de quatro anos. O mais importante é que a faculdade certa está esperando por seu filho; seu dever é ajudá-lo a encontrá-la! Recursos para Criar Vínculo entre a Faculdade e o filho com Dislexia Não consigo enfatizar suficientemente a importância de pesquisar ampla­ mente as faculdades em potencial. Cultive a relação com o orientador de seu filho, pesquise faculdades pela Internet, converse com outros pais que passaram pelo mesmo processo e frequente as feiras de faculdade com seu filho. Existem diversos sites que podem auxiliar na avaliação das faculdades: Educação on-line: www.educacaoonline.pro.br Guia vocacional: www.guiavocacional.com.br Gabaritando educacional: www.gabaritando.com.br Vestibulando: www.vestibulando.hpg.ig.com.br (site excelente) Envolva-se com seu filho; essa decisão é sobre o futuro dele. Fonte: A vida secreta da criança com dislexia Robert Frank, Ph. D. Editora M. Books

Orientações p/ o trabalho com DISLÉXICO em sala de aula

ORIENTAÇÕES PARA O TRABALHO COM DISLÉXICO EM SALA DE AULA Em que pesem as constantes transformações da sociedade atua!, tais como o desenvolvimento digital, novos paradigmas da ciência e mudança nas estruturas familiares, a função primordial da escola permanece a mesma: favorecer o desenvolvimento acadêmico e social dos seus alunos, independente de suas condições individuais. Para garantir o cumprimento desta função, a escola precisa mudar. A mudança, por sua vez, deve partir da interação entre o corpo diretivo, a coordenação e a equipe de professores, atém da parceria das famílias em um projeto único coerente e eficaz. Um aspecto importante da transformação é que a escola se comprometa com a educação inclusiva, não apenas com práticas destinadas aos alunos com dificuldades ou distúrbios, A educação inclusiva deve ser compreendida como uma política para integração de todos os alunos, conscientizando o professor para sua importância e para a necessidade de capacitação contínua para a prática docente. Sabemos hoje que os distúrbios de leitura e escrita, dentre eles a dislexia, são fatores de maior incidência em sala de aula, portanto devem ser objeto de estudo e de compreensão por parte de todos os envolvidos. A escola, na figura do professor, necessita ressignificar o seu papel na busca de novos caminhos para o processo de ensino-aprendizagem aos alunos que manifestam essas dificuldades. Os resultados das pesquisas recentes (Shaywitz, Sally, 2006) provam que é possível estimular os circuitos neurológicos de baixo funcionamento, através de estratégias e ações reeducativas embasadas nos novos paradigmas trazidos pelas neurociências. É possível preparar o professor para identificar aquele aluno que demonstre dificuldades em adquirir a leitura e a escrita desde os primeiros anos do ensino fundamental e encaminhá-la à avaliação aplicada por equipe especializada. O diagnóstico precoce possibilitará a intervenção psicopedagógica aos portadores, além de orientação deste profissional ao professor, que poderá intervir em sala de aula com métodos e estratégias adequadas, visando minimizar as consequências futuras da dislexia no processo de aprendizagem dos seus alunos. Alguns aspectos facilitadores poderão ser introduzidos pelo professor como norte no processo acadêmico e como ferramentas de auxílio aos alunos disléxicos, a saber: » A melhor abordagem perante um aluno disléxico é a multissensorial, isto é o professor deve facilitar a aprendizagem utilizando-se de todos os recursos (visual, auditivo, oral, tátil e sinestésico) disponíveis, desde que tenha consciência e critérios para a utilização. » Perceber e estimular as habilidades de seus alunos, como forma de dar-lhe segurança, melhor autoestima e mecanismos compensatórios, respeitar suas ineficiências procurando auxiliá-la de forma calma e segura, para que os alunos sintam-se confortáveis em solicitar ajuda ou tirar dúvidas. » Desenvolver o prazer pela leitura, alternando a execução entre professor e aluno, devendo ser criteriosa a escolha dos títulos, levando-se em consideração as possibilidades e interesses das várias faixas etárias. » Trabalhar sempre atividades que ampliem o conhecimento do vocabulário, assim como atividades que estimulem os alunos a escrever. » Explorar seu mundo imaginário e suas habilidades práticas e criativas » Elogiar sempre que merecido suas produções e manifestações criativas ou de ajuda em sala de aula » Permitir e incentivar espaço para que outras habilidades do disléxicos possam se destacar: esportes, manipulação de tecnologia, desenhos, arte em geral, teatro, música, fotografia, etc. » Importante posicionar o disléxico nas primeiras carteiras e garantir sempre que ele compreendeu a tarefa solicitada. » Monitorar suas anotações e agenda, incentivando-o a utilizar este mecanismo. » Estimular a organização e disciplina para o trabalho. » Ensinar técnicas de estudo, como leitura seletiva, sínteses e mapas mentais ou conceituais. » Desenvolver técnicas mnemônicas que favorecerão armazenagem de fórmulas e conceitos. » Ensinar as regras ortográficas sempre aplicadas à prática, pois quando interiorizadas auxiliarão para codificar os vocábulos. » Permitir a gravação de aulas expositivas, visto que o disléxico apresenta dificuldades para anotar e prestar atenção ao mesmo tempo. » Dar tempo adequado dependendo do trabalho a ser realizado, o disléxico despenderá maior tempo quando o solicitado requerer leitura e escrita de textos ou livros. » Fazer provas orais e fornecer mais tempo para as provas que exijam leitura e escrita. » Garantir que o aluno entendeu os enunciados das questões. » Não descontar pontos por erros e/ou trocas ortográficas, mas trabalhar estas dificuldades com atividades paralelas. » Não exigir do disléxico leitura em voz alta. » Incentivar o uso de computador para redigir e corretor de textos, estes recursos o auxiliarão no treino da soletração, na ortografia e na orientação espacial. » Possibilitar que o aluno apresente trabalhos de forma criativa se utilizando de outras linguagens não verbais: diagramas, gráficos, gravuras, desenhos, colagens, vídeos, etc. » Escrita mais adequada na lousa, fazer sínteses, observar a orientação espacial, letra legível, utilizar-se de cores e verificar se a luz que incide sobre a lousa permite boa visibilidade.

DISCALCULIA: A busca do Tempo Certo

DISCALCULIA: A BUSCA DO TEMPO CERTO Um dos problemas com que nos deparamos em nosso trabalho cotidiano junto às dificuldades no aprendizado de Matemática é a discalculia. Objeto de muitas especulações - as quais vêm do considerável desconhecimento do tema, por tratar-se de matéria muito recente no campo da educação matemática -, tem se tomado mais um ponto de divisão entre educadores e profissionais ligados a educação, psicopedagogia e neurologia. Aspectos de seu diagnóstico, bem como de seu tratamento, têm sido abordados de muitas maneiras diferentes, o que faz com que pais e professores de alunos supostamente portadores desse distúrbio sintam-se perdidos. O problema, entretanto, pode estar, não especificamente na falta de conhecimento sobre o tema, mas na compulsão de se chegar imediatamente as respostas que conduzam a diagnósticos e tratamentos adequados. Não custa lembrar que vivemos na sociedade do imediato, onde tudo parece demandar respostas rápidas e procedimentos precisos. Vivemos, hoje, talvez, a ilusão de eficiência e competência sempre associadas ao tempo em que se realizam as ações, muito mais do que aos seus resultados mais perenes. Além do quê, nessa pressa com que tratamos tudo, nem sempre é possível relacionar resultados encontrados hoje com procedimentos usados em tempos mais remotos, A discalculia, por tratar-se de um distúrbio de origem neurológica, só se apresenta de fato à medida que o processamento das informações recebidas pelo indivíduo vai se mostrando insuficiente ao longo de sua vida. Em outras palavras, só é possível que se perceba traços desse distúrbio a partir da variação dos níveis de maturação neurológica - compatíveis com as demandas que a Matemática pode apresentar nas diferentes fases do aprendizado. Não se trata, portanto, de um distúrbio que se percebe da noite para o dia. Seu acompanhamento e busca de diagnóstico implica numa investigação cautelosa e multidisciplinar, desde as primeiras etapas da alfabetização. Já nos primeiros anos da educação infantil, é comum encontrarmos situações de dificuldades em Matemática, que não evoluirão necessariamente, sendo desta forma consideradas apenas dificuldades escolares. E mesmo que evoluam, podem estar no nível que antecede o que podemos caracterizar como distúrbio. O fato é que a atenção de educadores e familiares sempre é algo indispensável nesses casos. Frente às avaliações escolares com resultados insatisfatórios, nos primeiros anos, mais do que desdém ou algum tipo de desespero, a atitude mais correta é a observação e o diálogo entre as partes. Família e escola podem tratar os problemas de maneira muito tranquila se não se partir para as atitudes imediatistas. No caso da discalculia, distúrbio que se caracteriza por grandes dificuldades - como dissemos, e oriundos de disfunções neurológicas - para se trabalhar com quantidades, sim bolos matemáticos, para se fazer contagens e comparações, podendo evoluir para a incapacidade de ler números, realizar operações e, consequentemente, inviabilizar a construção dos conceitos básicos e avançados. o diagnóstico é bastante complexo. E isto por razões evidentes. Tais dificuldades podem estar associadas a outros fatores. A Influência familiar, o ambiente escolar, as relações com colegas e professores, dificuldades visuais e auditivas podem provocar problemas como os citados, sem que o indivíduo seja necessariamente discalcúlico. A presença de outros transtornos - como, por exemplo, dislexia, TDAH etc - podem também levar o aluno a manifestar sintomas que, se analisados prematura ou superficialmente, acabam por determinar equívocos por vezes irreparáveis. É preciso, portanto, que se tenha cuidado e não há outro caminho que não seja a informação e a busca de diálogo com quem se dedica a esse tipo de problemas no dia-a-dia. E não basta tratar isoladamente com um profissional especializado em Educação Matemática ou simplesmente consultar um psicopedagogo, para que se possa fazer um diagnóstico preciso. A discalculia envolve uma série de fatores que só podem ter um sentido se analisados multidisciplinarmente. Daí, o tempo e a dedicação maiores que os esperados para que se possa tratar coerentemente as suspeitas. E, uma vez reconhecida a discalculia, outra batalha começa a ser travada. A luta pelo "resçate" do que se perdeu e a busca quase insana por resultados imediatos. Os profissionais são cobrados por família, escola e pelo próprio discalcúlico, pois existe um anseio pela solução eficaz e rápida do problema. Outra demanda frequente é pela reintegração completa do estudante junto ao grupo, quase que magicamente, como se, a partir do tratamento, este já estivesse em condições de alcançar o nível da maioria. Devemos nos lembrar que o ser humano desenvolveu a mensuração do mundo, os estudos das formas e dos números a partir do equipamento intelectual, psicológico e neurológico que possui. Se há diferenças no instrumental neurológico de certos indivíduos, que o impeçam de lidar com quantidades, relações, comparações etc, esses deverão compensá-las ou criar novos caminhos. E um equívoco muito grande pensar-se que um discalcúlico poderá fazer matemática como alguém que não apresenta esse distúrbio. O próprio tratamento consiste numa busca de caminhos alternativos àquilo que o estudante recebeu ao longo da sua vida escolar - e que, obviamente, não funcionou. A vida do portador de discalculia pode ser muito feliz e produtiva, inclusive com a possibilidade de realizar estudos e trabalhos que dependam da Matemática. Entretanto, este construirá - amparado pelos profissionais que o auxiliarem - caminhos e métodos seus, a partir da realidade que vivenciar e da dinâmica que puder constituir. E tudo isso dentro do tempo que for o melhor para si. O seu tempo! Fonte: http://www.abcdislexia.com.br/dislexia/discalculia-a-busca-tempo-certo.htm

A DISLEXIA no Adulto,sua Evolução e Consequências

A DISLEXIA NO ADULTO, SUA EVOLUÇÃO E CONSEQUÊNCIAS Fala-se muito mais sobre dislexia hoje que há alguns poucos anos. O conhecimento atual evoluiu, sobretudo com as descobertas das neurociências sobre como se dá a aquisição da leitura e escrita e sobre as funções cerebrais durante a leitura. Através das neuroimagens, hoje sabemos como se processam as rotas neurais do disléxico durante a leitura e no que se diferenciam do leitor comum. Os dados clínicos que dispomos sobre o disléxico, acompanhados da infância até a idade adulta, demonstram um quadro de evolução dos sinais da dislexia ao longo da vida do portador. Essa evolução ocorre porque embora alguns déficits fonológicos e visuais permaneçam, o disléxico é dotado de inteligência normal ou superior - e frequentemente desenvolve estratégias compensatórias em seu processo de aprendizagem, ainda que lide com algumas limitações. Um adulto inteligente com dificuldades de leitura convive com uma discrepância bastante significativa entre sua potencialidade e esforço, em detrimento dos resultados escolares obtidos ao longo de sua vida acadêmica, além de prejuízos em sua formação como um todo, decorrendo em sérios comprometimentos em sua vida pessoal, emociona e profissional. Um quadro de dislexia no adulto costuma ser identificado através da anamnese. Sua história denota sinais indicadores do transtorno desde a fase pré- escolar, tais como atraso na aquisição da fala, trocas orais e/ou migrações de letras não esperadas pela faixa etária, Também são comuns dificuldades para nomear objetos, vocabulário pobre, dificuldade para aprender brincadeiras e cantigas infantis, principalmente quando evolvem rimas e alterações. Ê comum entre as crianças disléxicas o uso que fazem de palavras substitutas ou imprecisas, bem como confusão no uso de palavras que indicam direcionamento (dentro. fora, etc.). Apresentam-se, por outro lado, extremamente inteligentes, criativos e com aptidão para desmontar e construir brinquedos. Outro dado fundamental a ser rastreado é se os antecedentes familiares deflagraram dificuldades escolares ao longo de suas vidas acadêmicas, uma vez que já está comprovada a influência genética do distúrbio. Na fase escolar, da primeira à quinta série, observam-se sinais mais claros e sugestivos da dislexia, como lentidão para aprender a ler ou mesmo dificuldades para acompanhar o início da escrita. Eles denotam dificuldades para memorizar o traçado das letras, não conseguem relacioná-las a contento com suas representações sonoras, decorrendo em trocas visuais (a/e/o, m/n/w, d/b, q/g) e auditivas (f/v, d/t, ch/j, b/p), em migrações de letras ou sílabas ("secada"/escada) não esperadas pela idade e série. Apresentam dificuldades para soletrar as palavras e demonstram dificuldade acentuada para perceber a sílaba tônica das mesmas. Nota-se o esforço para a leitura da palavra isolada e principalmente de pseudopalavras (palavras inventadas), a pronúncia dificultosa de partes das palavras, bem como dificuldade para decorar as pronúncias e os significados de palavras novas ou não frequentes, o que os obriga à exaustiva repetição para decodificar e acessar o som e o significado das palavras. Como se vê, há um padrão de evidências básicas que denotam deficiências no déficit fonológico, além de questões de ineficiências relativas aos aspectos do processamento visual, que são fundamentais para a aquisição das habilidades da leitura e escrita. Esse padrão pontuado pelo portador da dislexia no decorrer de sua vida acaba se evidenciando ao longo das avaliações fonoaudiológica, psicopedagogica e neuropsicológica Devemos ter em mente, entretanto que todo indivíduo possui suas especificidades o que também se aplica aos seus processos individuais de aprendizagem. Os sinais se modificam a partir da sexta série, na medida em que o aluno tendo a automatizar a decodificação da leitura e a codificação da escrita, mas sempre de forma mais custosa e lenta que seus colegas. A ineficiência na leitura neste período é mais evidente no quesito compreensão: o disléxico se queixa de não entender o que lê, apresentando dificuldades para acompanhar sua classe, por lhe faltarem as ferramentas básicas para edificar sua educação formal, para desenvolver suas competências cognitivas. A partir daí, o processo tende a se agravar continuamente, em um círculo vicioso. Como não possui o habito de ler, sobretudo pela dificuldade de compreensão, seu vocabulário tende a ser escasso, seu arquivo pessoa! de conhecimentos pobre e o portador de dislexia se limita cada vez mais à produção de textos, em uma esforço natural para evitar o confronto com suas dificuldades e as críticas de pais, colegas e professores O adulto disléxico do ensino médio até os bancos universitários, continuara desempenhando uma leitura mais lenta como sintoma principal, denotando uma automatização sim, mas não suficiente para a demanda da sua faixa etária e acadêmica. Apresentara real dificuldade, para compreender o conteúdo lido, necessitando de varias leituras do mesmo texto ou que leiam para ele para entendê-lo. A leitura oral tende a adquirir mais fluência, embora com entonação deficitária, sobretudo na prosódia e nas modulações. Apresenta pausas pela decodificação de palavras menos usuais, muito embora, exceto casos mais graves, já não se evidenciem as trocas severas da infância e adolescência. Hoje se sabe que o adulto disléxico não adquire a estratégia do "bom leitor': a leitura interativa, que se apoia no significado do conteúdo expresso que o possibilitaria ler fazendo antecipações e verificações de hipóteses, dispondo de autorregulação mediada. A lentidão decorre do fato de não ter o processo automatizado e por utilizar rotas neurais diferentes do leitor comum, que demandam tempo e esforço maior para atingir o mesmo objetivo. A compreensão normalmente ocorre pela ineficiência da leitura oral ou pelos problemas secundários adquiridos pela própria falta do hábito de leitura: a pobreza de vocabulário, pouco arquivo pessoal e pela ineficiente evolução do raciocínio crítico e interpretativo. Na escrita, o disléxico adulto demonstra aquisição do código, mas possui dificuldades para se expressar adequadamente através desse código. Redigir é uma tarefa árdua, em que se sobressaem deficiência na utilização da linguagem formal que a vida adulta exige, tais como textos exíguos e muitas vezes pueris. O manejo formal é insatisfatório, não há alinhamento de margens, paragrafação e pontuação adequada. A ortografia é deficiente ao grafar palavras menos frequentes e que requerem múltiplas associações, apresentando trocas pedagógicas como s/c/ss: c/ç; s/se; ch/x; j/g etc. Este é o panorama do quadro do disléxico adulto. Ele contará sobre um histórico de leitura e escrita sempre árduo e deficiente, sobre dificuldades escolares que vão se acumulando ao longo de sua vida, sobre aulas particulares que não supriram suas deficiências. Contara sobre resultados insatisfatórias em relação ao seu potencial e esforço, sobre recuperações, mudanças de escola, repetições de ano e até mesmo a evasão escolar. E cotidiano, o relato dos adultos sobre suas frustrações nos bancos escolares. Sobre quantas vezes o disléxico se escondeu para o professor não chamá-la a ler em voz alta na classe. Sensibilizamo-nos ao saber das experiências traumatizantes pelas quais passaram e ainda passam, não apenas na escola, mas também família e sociedade. O "bullying" e a identidade frágil que constrói a partir do olhar do outro. Renato, 29 anos, portador de dislexia severa, conta que passou por diversos profissionais, pois manifestava desde o início de seu processo escolar dificuldades para ser alfabetizado, mas nunca foi aventada a hipótese de dislexia. Somente aos 27 anos veio saber o nome do seu problema. Descreve que sofreu muito e que conseguiu com muita ajuda e dificuldade, depois de várias recuperações e reprovações, concluir o ensino fundamental. A seguir, depois de muitas tentativas frustradas, tratamentos inadequados e mudanças de escola, abandonou os estudos no inicio do ensino médio - muito embora fosse plenamente capacitado para graduação e para dar continuidade a sua vida acadêmica. Assim, os disléxicos adultos acabam por desenvolver problemas secundários muito mais graves que a própria dislexia. São privados de ampliarem seu potencial, de obterem formação acadêmica, caso fossem tratados através de intervenção psicopedagógica e beneficiados com métodos adequados na escola. Esta situação ainda ocorre em nossa sociedade, apesar de todo o conhecimento de que dispomos. Ainda hoje, os testes de linguagem, de leitura e de escrita, utilizados para a avaliação da dislexia nem sempre respeitam a evolução dos sinais indicativos e, consequentemente, podem falhar no diagnóstico do adulto. A maioria das avaliações é realizada através de testes para crianças, que Mo dispõe de recursos para a perfeita identificação das dificuldades que os jovens e adultos apresentam. Além disto, os profissionais nem sempre identificam as habilidades manifestas dos adultos disléxicos, tais como sua capacidade criativa e sua possibilidade em áreas que utilizam raciocínio lógico, tais como ciências exatas, desenho, fotografia, propaganda e marketing, informática, paisagismo, dentre tantas outras aptidões. Não identificar as habilidades dos jovens disléxicos decorrerá em limitações e impedimentos em sua orientação vocacional, em seu preparo acadêmico e na busca de seu caminho para atuar no mercado de trabalho e na sociedade, sem dizer dos prejuízos emocionais que farão parte de toda a sua existência. Fonte: http://www.abcdislexia.com.br/dislexia/dislexia-no-adulto.htm

Abordagem Multidisciplinar p/ o Diagnóstico da Dislexia

A Abordagem Multidisciplinar para o Diagnóstico da Dislexia As avaliações e o diagnóstico devem ser conduzidos por uma equipe e não só por um indivíduo. Por quê? A dislexia é uma condição complexa, e especialistas de uma variedade de campos - incluindo médico, neurológico, educacional, psicológico e social - são necessários para haver uma avaliação correta. Os sistemas de ensino invariavelmente usam uma abordagem multidisciplinar, incluindo dados dos professores e de outros funcionários e orientadores da escola. As avaliações particulares também devem fornecer um parecer multidisciplinar. Por que você iria querer um diagnóstico particular? É mais provável que queira uma segunda opinião. Lembre-se de que recursos particulares podem custar entre $ 1.500 e $ 2.000 (nos Estados Unidos), se não mais. É seu direito ter seu filho examinado pelo sistema público - e a lei federal garante que, tendo começado o processo, deve ser concluído em noventa dias. Alguns pais temem que, depois de iniciado o processo, se algum problema for detectado fugirá ao controle deles. Lembre-se de que você ainda pode falar sobre os problemas e solucioná-las - você, acima de todos, é o responsável pelos interesses do seu filho. Se você não está feliz com a avaliação da escola ou simplesmente se sentiria melhor com uma segunda fonte de informação, as avaliações particulares são fáceis de serem feitas. Porém, certifique-se quanto à experiência do profissional em avaliar crianças com dislexia. Assim como você se certificaria de que seu cirurgião tem uma carreira de sucesso, precisa ter certeza de que os indivíduos que avaliarão seu filho têm bastante conhecimento sobre dislexia e aplicam testes com frequência. Além disso, pergunte sobre os testes usados e veja se são atuais. Você pode pedir à escola de seu filho uma lista com testes sugeridos como um guia para determinar se o profissional particular está usando as ferramentas apropriadas. Existem muitos testes que a delegacia de ensino pode optar por usar; os mais comuns são aqueles para leitura e compreensão, processamento visual, processamento auditivo, inteligência e assim por diante. Também é muito importante que a avaliação seja conduzida na língua materna de seu filho; proteja-se contra qualquer tipo de discriminação. Os testes usados A avaliação exige diversas horas e pode até levar dias para terminar. Como mencionei anteriormente, os primeiros exames devem ser conduzidos pelo seu clínico geral para descartar problemas médicos. Exames visuais e auditivos definitivamente devem fazer parte dessa triagem. Os examinadores vão empregar um teste de Q I padrão, que mede as capacidades verbal e não verbal. O propósito desse teste é determinar o potencial acadêmico de seu filho para saber se ele está acima ou abaixo em suas capacitações e compará-la com seus colegas. Um QI dentro ou acima da média ligado a um baixo rendimento escolar é um indício' de que algo pode estar errado. É claro que os testes de QI são cheios de controvérsias, como se é ou não capaz de determinar o potencial acadêmico. Lembre-se de que o teste de QI é somente uma parte do diagnóstico. Seu filho também será examinado em uma variedade de habilidades, como leitura, escrita a mão, ortografia, continuidade de histórias, números. As habilidades diagnósticas também avaliadas incluem as percepções auditiva e visual, capacidade fonológica (identificar e manipular fonemas individuais), memória, lateralidade (atravessar da esquerda para a direita), linguagem oral e velocidade de processamento (quanto tempo seu filho leva para absorver e processar uma informação). Por fim, você vai precisar relatar o histórico do seu filho. Isso vai exigir que você se sente com a assistente social da escola ou outros funcionários para fazer um levantamento dos históricos médico e familiar de seu filho e qualquer dado ou observação pertinente que possa ajudar a identificar o problema dele. Preparando para o teste Bobby está na segunda série e está com muitas dificuldades este ano. Sua habilidade de leitura está muito aquem e sua letra é ilegível. A professora, Sra. Gittleman, está preocupada e entrou em contato com seus pais, que são divorciados, mas mantêm um bom relacionamento para discutir problemas. Quando ela sugere que Bobby faça uma avaliação de transtorno de aprendizagem, sua mãe, Carol, fica aliviada. Entretanto, seu pai, Arthur, afirma que não há "nada errado" e não vê sentido em procurar os serviços de educação especial mas concorda em seguir o conselho da professora e até aceita que seria uma boa idéia ele e Carol conversarem com Bobby para explicar o que vai acontecer. Acima de tudo, eles querem ter a certeza de que Bobby estará tranquilo quanto à avaliação e não tenha medo do que possa acontecer depois. Se o processo de avaliação parece complicado para você, imagine como deve ser para seu filho. A melhor maneira de diminuir o temor dele é conversar sobre o assunto. Sente-se com seu filho e explique exatamente o que vai acontecer. Faça-o saber que a razão de ser avaliado é porque você e os professores querem que ele aprenda estratégias que o ajudarão em seu desempenho na escola, fazendo com que se sinta mais confortável. Garanta a ele que a avaliação vai ajudá-lo a não ficar tão frustrado ou com raiva de aprender. Avise-o de que os testes só serão realizados a fim de que você e os professores compreendam melhor como ajudá-lo a aprender. Cuidados Especiais com Crianças Mais Novas com Dislexia É muito importante que os pais de crianças disléxicas mais novas detectem seu problema o quanto antes, cuidando para que sua autoestima não se deteriore em decorrência do fracasso escolar. Embora a maioria das escolas avalie a dislexia por volta da segunda ou terceira série, alguns especialistas recomendam que a avaliação deva ser feita ainda mais cedo. Concordo que a detecção precoce seja crucial, mas temo também que avaliar cedo demais possa resultar em um diagnóstico incorreto para algumas crianças. Elas podem estar invertendo letras ou não lendo com fluência ainda nesse momento de suas vidas, por razões de desenvolvimento não relacionadas à dislexia e podem muito bem se recuperar posteriormente. Outro cuidado comum é que seu filho pode estar com medo ou preocupado com o início das aulas. Pode estar se sentindo bravo ou frustrado, até que seja capaz de compreender melhor o que seu problema significa. Logo que a dislexia é diagnosticada, você pode começar o importante processo de ajudar seu filhinho a compreender que ele aprende diferente. Seu principal dever nesse momento é oferecer amor e encorajamento, além de trabalhar junto à escola para garantir que as necessidades do seu filho sejam satisfeitas e que a base para desenvolver um forte sistema de apoio seja firmada. Enfatize que não há nada de "errado" com seu filho: ele apenas aprende diferente. Então, você precisa encontrar a melhor maneira de ajudá-lo a vencer. Prepare-o, explicando que os testes vão verificar sua escrita, sua ortografia, sua leitura, sua audição e outras habilidades. Saliente que não existem "notas" e que ele não precisa ter medo ou se preocupar em "ir mal". Explique que esses testes são como "exercícios". Ele deve dar o melhor de si, mas também deve entender que não haverá punição ou nota. Alguns dos testes podem até ser divertidos! Garanta a seu filho que os examinadores serão legais - lembre-o de que, se precisar tomar água ou ir ao banheiro, deve avisar o examinador. Algumas crianças vão ter dificuldade em ficar sentadas por um longo período de avaliação; então, pergunte aos funcionários do departamento de educação especial como eles administram os testes. Alguns podem seguir procedimentos rígidos; outros podem ser mais flexíveis, e você pode pedir que fracionem os testes em etapas menores. Não hesite em fazer perguntas. Se tiver qualquer preocupação, fale com os funcionários do departamento de educação especial; é para isso que estão lá. Fonte: A vida secreta da criança com dislexia. Robert Frank, ph.d. Editora M. Books

A DISLEXIA EXISTE ?

A DISLEXIA EXISTE? Toda criança se apresenta motivada para aprender a ler, principalmente se em sua casa seus familiares são leitores contumazes, se têm o hábito de ler, e principalmente, se o fazem por prazer. Então, nos perguntam pais e professores, por que nem todo jovem aprende, mesmo estimulado? Ou no mínimo, que apresente dificuldades quando da aquisição deste processo? Esta é sem dúvida a maior preocupação dos profissionais das áreas de educação e saúde que num esforço conjunto e contínuo, estudam, pesquisam e procuram alicerçar conhecimentos, para entender os motivos causadores destas ineficiências manifestas. Sabemos que a maior parte dos jovens aprende ler de forma rápida e tranquila, todavia há outros que apesar de muito esforço pouco progridem, demonstrando claramente que ocorre algo fora de seu controle. Podemos levantar várias causas deste confronto, sendo as mais comuns provenientes de questões educacionais como: metodologias impróprias, estratégias de ensino inadequadas; ou sociais como o fato da cultura não ser propriamente uma questão prioritária para os governantes do País. Entretanto, observamos que apesar destas questões, a maioria das crianças, assimila a habilidade de ler sem maiores problemas. E como isto de fato ocorre, voltamos á questão: por alguns não aprendem embora sejam inteligentes, tenham família e escolaridade favorecedoras? A ciência, mais especificamente, as neurociências, nos oferecem farta literatura sobre estas questões e corroboram com dados acerca da Dislexia, este transtorno raro sim, mas que afeta crianças, jovens e adultos, prejudicando seus processos de aprendizagem, além dos demais aspectos de suas vidas Hoje há equipe de profissionais multidisciplinares que buscam entender quais as causas das dificuldades que seus clientes apresentam, através de baterias de testes padronizados, sob um viés rigoroso, competente e qualitativo das habilidades e deficiências demonstradas; além da contribuição inequívoca das ressonâncias magnéticas funcionais, que mostram imagens do cérebro em funcionamento e nos permite saber onde e como a dislexia se apresenta. Mesmo com tantas evidências e provas científicas, há indivíduos que questionam a existência da dislexia, argumentando que há "uma patologização da educação" Tal posicionamento deixa clara demonstração de falta de conhecimento científico, já que entendemos, obviamente, que a existência de transtornos de aprendizagem, como a dislexia, no caso, não refuta as demais questões que também podem causar dificuldades em nossos jovens. Esta posição além de se configurar como um retrocesso à Ciência (assim como ocorreu na Idade Média), acima de tudo impede que tantas crianças, jovens e adultos possam se beneficiar de metodologias mais especificas às suas necessidades e impede ainda que estratégias sejam desenvolvidas propiciando melhor qualidade de vida a estes portadores! Resta assim a questão, o que buscam estes indivíduos que negam o progresso e a ciência, o que visam? E que propostas trazem de concreto aos alunos que transitam de escola para escola, numa tentativa alucinada de obterem o direito de serem letrados? Que respostas dão aos pais e professores que se encontram perdidos frentes a estas dificuldades? Fonte: http://www.abcdislexia.com.br/dislexia/a-dislexia-existe.htm

domingo, 24 de junho de 2012

BREVE HISTÓRICO da DISLEXIA

Breve Histórico da Dislexia Identificada pela primeira vez por Berklan em 1881, o termo "dislexia" foi cunhado em 1887 por Rudolf Berlin, um oftalmologista de Stuttgart, Alemanha. Ele usou o termo para se referir a um jovem que apresentava grande dificuldade no aprendizado da leitura e escrita ao mesmo tempo em que apresentava habilidades intelectuais normais em todos os outros aspectos. Em 1896, W. Pringle Morgan, um físico britânico de Seaford, Inglaterra publicou uma descrição de uma desordem específica de aprendizado na leitura no British Medical Journal, intitulado "Congenital Word Blindness". O artigo descreve o caso de um menino de 14 anos de idade que não havia aprendido a ler, demonstrando, contudo, inteligência normal e que realizava todas as atividades comuns de uma criança dessa idade. Durante as décadas de 1890 e início de 1900, James Hinshelwood, oftalmologista escocês, publicou uma série de artigos nos jornais médicos descrevendo casos similares, entre eles uma monografia publicada em 1917 sobre Cegueira Verbal Congênita, caracterizada por uma deficiência no processamento verbal dos sons encontrados em pacientes com inteligência normal, mas que tinham dificuldades para aprender a ler e escrever. Um dos primeiros pesquisadores a estudar a dislexia foi sarnuei T. Orton (apud Iak, 2004), um neurologista que trabalhou inicialmente em vítimas de traumatismos. Em 1925, Orton conheceu o caso de um menino que não conseguia ler e que apresentava sintomas perecidos aos de algumas vítimas de traumatismo. Estudou as dificuldades de leitura e concluiu que havia uma síndrome não correlacionada a traumatismos neurológicos que provocava a dificuldade no aprendizado da leitura. Chamou essa condição por strephosymbolia (com o significado de 'símbolos invertidos') baseado na especial característica dos disléxicos de inverter as letras, sílabas ou palavras, para descrever sua teoria a respeito de indivíduos com dislexia. Observou também que a dificuldade em leitura da dislexia aparentemente não estava correlacionada com dificuldades estritamente visuais. Afirmou que na infância esses distúrbios estariam relacionados a um defeito no reconhecimento de orientação das letras e de sua sequência nas palavras, visto que a percepção visual e a orientação espacial de sujeitos disléxicos permanecem intactas. Ele acreditava que essa condição era causada por uma falha na laterização do cérebro, portanto, levantou a hipótese de uma inadequada instalação da dominância lateral (teoria formulada por Broca em 1863). Para ele, a escrita em espelho seria explicada por uma luta ou conflito entre os dois hemisférios, em função da predominância e, então, postulou a mesma explicação para o atraso na linguagem e gagueira. No ano de 1945, a Fiel Foundation recebeu verbas para uma pesquisa das características neurológicas e perceptuais de quinze crianças que apresentavam dificuldades de leitura e esses resultados da pesquisa foram apresentados pela Ora Lauretta Bender, em 1950, na Seção de Neurologia e Psiquiatria da New York Academy of Medicine e em Congresso da Orton Dyslexia Society, no ano de 1951. Por ser disléxica a Ora Lauretta Bender dedicou-se aos estudos que a auxiliaram a compreender o problema da dislexia. A hipótese referente à especialização dos hemisférios cerebrais de Orton foi alvo de novos estudos póstumos na década de 1980 e 1990, estabelecendo que o lado esquerdo do pia num temporale, uma região cerebral associada ao processamento da linguagem é fisicamente maior que a região direita nos cérebros de pessoas não disléxicas; nas pessoas disléxicas, contudo, essas regiões são simétricas ou mesmo ligeiramente maior no lado direito do cérebro. Pesquisadores estão atualmente buscando uma correlação neurológica e genética para a dificuldade em leitura.

domingo, 3 de junho de 2012

CRIANÇAS c/ DISLEXIA sofrem com PRECONCEITO

Crianças com dislexia sofrem com preconceito, aponta fonoaudióloga A dislexia, condição hereditária que causa transtornos de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula, segundo a ABD (Associação Brasileira de Dislexia). Segundo a fonoaudióloga Ana Maria do Carmo Oliveira, muitas crianças que apresentam o problema sofrem com o preconceito, pois frequentemente são taxadas de "burras, ignorantes, preguiçosas" e isso não é verdade. "Como é um diagnóstico mais difícil as pessoas realmente são rotuladas: "Ela tem preguiça de estudar, ela não gosta de estudar, ela não aprende porque não quer". É um grande desestímulo e muitas pessoas acabam abandonando a escola, porque realmente não conseguem, então a gente vai ter crianças na quarta, quinta série. sem saber ler e escrever" afirmou Ana Maria em entrevista nesta sexta (09) à Rádio Nacional. A dislexia é uma condição hereditária com alterações genéticas que causa transtornos de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração. É o distúrbio de maior incidência nas salas de aula, segundo a ABD (Associação Brasileira de Dislexia). A manifestação da doença se dá quando a criança começa a aprender a ler e a escrever. Segundo a fonoaudióloga, ainda não se sabe quais alterações causam o problema que se manifesta quando a criança começa a aprender a ler e escrever. "Hoje em dia muitas pesquisas já foram feitas e ainda não se sabe exatamente [o que impede a pessoa de aprender a ler e escrever]. Algumas pesquisas mostram que existe uma alteração no processamento do cérebro, que trabalha de uma forma diferente do que naquelas pessoas que aprendem com facilidade" afirmou. o diagnóstico do distúrbio é feito por uma equipe de profissionais formada por psicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos. O tratamento é feito por fonoaudiólogos e o tempo de duração depende do grau de intensidade da dislexia.O SUS (Sistema Único de Saúde) oferece tratamento e diagnóstico. Em 2008 foram realizados, em todo o país, 3.482.600 atendimentos relacionados ao problema segundo o Ministério da Saúde. Fonte: http://educacao.uol.com.br

A INFORMÁTICA auxiliando os DISLÉXICOS

A INFORMÁTICA AUXILIANDO OS DISLEXICOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM FABÍOLA VENTAVOLI 1 - INTRODUÇÃO Os psicopedagogos necessitam hoje de estratégias mais especificas de intervenção para os casos de dislexia, estatísticas da Associação Brasileira de Dislexia indicam que cerca de 15% das crianças em idade escolar são disléxicas. Dessas, 76% são homens e 24% mulheres. Através da utilização da informática pode-se a chegar a excelentes resultados, pois, permite além de um melhor atendimento às dificuldades do disléxico, o desenvolvimento do seu potencial cognitivo e emocional como um todo, desenvolvendo condições melhores de aprendizagem. 2 - DISLEXIA A dislexia é uma perturbação ou transtorno ao nível de leitura. O individuo portador de dislexia é um mau leitor: é capaz de ler, mas não é capaz de entender eficientemente o que lê. O que nos chama atenção, à primeira vista, é que o individuo disléxico é inteligente, habilidoso em tarefas manuais, mas persiste um quadro de dificuldade de leitura da educação infantil à educação superior. Quando não se diagnostica a dislexia, ainda na educação infantil, os distúrbios de letras podem levar crianças de 8 a 9, no ensino fundamental, a apresentar perturbações de ordem emocional, efetiva e lingüística. Uma criança disléxica encontra dificuldade de lê e as frustrações acumuladas podem conduzir a comportamentos anti-sociais, à agressividade e a uma situação de marginalização progressiva. A dislexia representaria um tipo especial de imaturidade cerebral, na qual se atrasaria a função de reconhecimento visual e auditivo dos símbolos verbais. Sua natureza consiste em uma base neurológica. Parece haver no mapeamento uma área específica relacionada às dislexias, mas não existe sinal de dano cerebral em testes (disfunção). Por alguma razão parece ocorrer uma leve desorganização no processamento de informações. Segundo o DSM-IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (APA,1994) - a dislexia está classificada sob o código 315.00 - Transtorno da Leitura - na seção sobre transtornos da Aprendizagem (anteriormente habilidades escolares), na categoria Transtornos Geralmente Diagnosticados pela Primeira vez na Infância ou Adolescência. Para Pain (1992, p.30): A noção de dislexia como entidade específica merece uma consideração especial dentro dos problemas de aprendizagem. Na realidade, neste caso pode considerar-se um só tipo de dislexia, que rara vez ocorre, pois se trata de um problema dentro das agnosias, que não impede à criança ou ao adulto afetado por um processo traumático reconhecer os fonemas através da sua grafia. Alguns dos critérios para o diagnóstico diferencial são: • rendimento da leitura ( teste padronizado) muito abaixo do nível esperado para a idade, tendo em vista a escolaridade e a capacidade intelectual do indivíduo (teste de Q.I.); • essas perturbações estejam interferindo significativamente no sucesso escolar ou nas atividades diárias que requerem capacidade em leitura; • em presença de um déficit sensorial, as dificuldades de leitura excedem aquelas geralmente a este associadas. Foi apresentado o conceito de dislexia segundo o DSM-IV por ser um dos mais referendados mundialmente, Porém, é necessário ressaltar as inúmeras controvérsias a respeito da definição do termo dislexia e suas implicações. Uma análise mais cuidadosa mostra que esta definição tem sua origem na corrente organicista - final do séc. XIX, evoluindo através de uma trajetória de exclusão. Nesse sentido é importante acrescentar que os estudos sobre a Dislexia vêm ganhando amplitude e profundidade, principalmente se considerarmos os avanços médico-tecnológicos e contribuições clínicas, ou seja, de neuropsicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos e médicos. Segundo Grégoire & Piérart (1997): Em interação com a corrente instrumental psicólogos, a corrente pedagógica (professores e pedagogos) desenvolveu baterias de avaliação dos desempenhos em leitura, na verdade, baterias prognosticas da aprendizagem, em plena consciência da complexidade deste comportamento que é o saber ler. As tentativas de avaliação dos distúrbios de leitura fundamentam-se na sua descrição sintomática. São seus principais sintomas: • Distorções, substituições ou omissões de letras, sílabas e palavras; • Lentidão na leitura; • Compreensão reduzida; • Dificuldades também na escrita. Segundo Critchley (in CONDEMARIN, 1989, pág. 21): existem algumas premissas para se diferenciar a dislexia específica das demais causas de dificuldades na leitura. São elas: • dificuldade para ler persistente até a idade adulta; • erros na leitura e na escrita de natureza peculiar e específica; • incidência familiar da síndrome; • dificuldade associada à interpretação de outros símbolos. Desta forma, o conceito de dislexia está associado às diversas competências necessárias à leitura: • competência léxica, isto é, o conhecimento que a criança tem de um certo número de palavras e sua aptidão para ter acesso rapidamente ao vocabulário mental assim constituído; • consciência fonológica, a capacidade de segmentar uma palavra em unidades menores como as sílabas e de decompô-las em seus componentes fonológicos; • memória operacional. Considerando a parcial transparência da Língua Portuguesa, a memorização da ortografia também envolve um grande esforço por parte do sujeito. Os modelos cognitivos indicam a existência de um local de armazenagem lexical da ortografia de palavras familiares, semelhante ao que existe para a fala, o qual também é usado no momento da leitura. Ele contém todas as palavras cuja ortografia foi armazenada na memória. Ele é alimentado pelo sistema semântico - significado das palavras e pelo sistema de produção da fala - pronúncia de palavras familiares, que, por sua vez, são construídos através da análise visual - identificação e posição das letras e do sistema de reconhecimento visual de palavras, que é uma espécie de depósito mental de palavras, que contém representações das formas escritas de todas as palavras familiares. Para estimular o processo léxico - semântico, precisa-se trabalhar a percepção e memória visual, além de atividades cognitivas para enriquecimento da linguagem como um todo. Desta forma, para ler, escrever e processar as informações, em geral, o sujeito faz uso de três grandes funções - a percepção, a cognição e a emoção - que se encontram intimamente relacionadas. Várias pesquisas têm sido feitas para investigar os processos que o leitor usa para a decodificação da informação léxica. No processamento bottom-up, o leitor decodifica a informação a partir da percepção seqüencial dos caracteres de cada letra ou sílaba até sua associação em palavras e frases, seguindo um trajeto do particular para o geral, das partes para o todo. No processamento denominado top-down, o significado da frase ou texto facilita a percepção das letras. Desta forma, neste modelo, são usados procedimentos mais gerais e de nível cognitivo mais alto, ressaltando a importância do significado no ato léxico e do todo na identificação das partes. As pesquisas indicam, também, que esses dois processamentos interagem e, no caso de déficit de um deles, o leitor buscaria apoio nos procedimentos mais intactos. Escrita e leitura têm sido alvo de muitas pesquisas da neuropsicológica cognitiva, mas encontramos uma maior quantidade na área da leitura, principalmente com relação ao seu processamento. Na escrita, os trabalhos estão mais ligados à ortografia de palavras do que à produção de textos e suas implicações. No entanto, para escrever, gastamos muito mais energia no planejamento daquilo que queremos dizer e como dizer. Esta fase de planejamento, que alguns autores chamam de pré - escrita, envolve toda a preparação para escrever: ruminação de idéias e decisão do que escrever. O estágio seguinte seria o da escrita propriamente dita e uma última etapa envolveria a reescrita, através de uma avaliação e revisão do texto elaborado. Segundo Ellis (1995, p.71): Escrever é pensar. O ato de tentar expressar-se por escrito pode ajudar a esclarecer os próprios pensamentos e fazer aflorar novas idéias. Para Ajuriaguerra (1952): A nossa experiência nos demonstra que não é possível encontrar explicações unicausais aplicáveis a todos os disléxicos em geral. São diversas as teorias, muitas as conclusões obtidas e outras tantas a serem ainda investigadas. Mais importante do que definir dislexia e sua etiologia, no sentido de uma rotulação, é diagnosticá-la e tratá-la de modo adequado, a partir de seus sintomas, direcionando a intervenção de forma particular e procurando investigar o seu significado em cada caso. A informática é um instrumento valioso na construção das funções cognitivas, perceptivas e emocionais dos disléxicos, como veremos a seguir. 3 - INFORMÁTICA A informática é a "ciência que visa ao tratamento da informação através do uso de equipamentos e procedimentos da área de processamento de dados" - FERREIRA, (1986). A informática possibilita o desenvolvimento do sujeito, unindo corpo - mente - emoção. Estimula a percepção, uma das funções neuropsicomotoras de base, condicionadora da função simbólica, envolvendo diferentes aspectos: discriminação e memória auditiva e visual; memória seqüencial; coordenação viso-motora; ativação dos dois hemisférios cerebrais - imagens e textos de forma combinada; orientação espaço/temporal; controle de movimentos ­ força, intensidade, agilidade no uso do teclado e mouse. A cognição, por sua vez, pode ser trabalhada, com o uso do computador através da capacidade de representação, passando do virtual para o real; simbolismo exemplo ícones; resolução de problemas - antecipação, hipótese, escolha da estratégia, execução, avaliação, conclusão; imaginação e criatividade; leitura e escrita: habilidades fonológicas, habilidades semânticas e lexicais, habilidades sintáticas e habilidades pragmáticas; formação de conceitos - abstração, generalização e integração. Na área da emoção, o computador também vai favorecer o desenvolvimento de atitudes, hábitos e habilidades tais como: autonomia e independência, através da liberdade de exploração; trabalho com o erro de maneira construtiva, elevando a auto-estima; dá limites, levando ao controle da ansiedade; motivação; conscientização: de sua própria cognição, atenção e memória. Desta forma, assim como a Informática, o sujeito vai tratar as informações, usando os seus "equipamentos" e procedimentos. Ao utilizar a Informática, o sujeito tem a possibilidade de entender o seu próprio processo de pensamento através do que acontece com o computador, quando recebe as informações para serem processadas. Ele vai tomar consciência dos processos e estratégias que utiliza: na esfera cognitiva - metacognição, na captação de estímulos - metatenção e no conteúdo da memória - metamemória. Os softwares de simulação são ótimas opções para trabalharmos com o processamento de informações, neles os sujeitos vão criar situações, fazer planejamento, tomar decisões e fazer opções, enfim, resolver problemas. Quando o trabalho é realizado em pequenos grupos, aprende-se também a trabalhar em equipe e a se relacionar melhor com os colegas. Se bem orientados pelo mediador, os sujeitos tomam-se parte integrante de seu próprio processo educativo, aprendem a se auto-avaliar, a rever seus erros e a acreditar em suas próprias possibilidades, desenvolvendo sua auto-estima. Alguns softwares proporcionam a oportunidade de treinar a percepção e a discriminação auditiva, sons associados a figuras e criação de melodias. Utilizando o mouse, são desenvolvidos alguns aspectos da coordenação motora. Através de pesquisas feitas pela Unifesp em 2003, foi desenvolvido um software especifico para disléxicos, com determinação da rota de leitura. A rota é um método baseado na segmentação das palavras em seus componentes, como sílabas e fonemas, com o objetivo de permitir a discriminação dos sons correspondentes a cada uma das letras. Segundo Clara Brandão de A vila, fonoaudióloga e professora de Estudos da Comunicação Humana da Unifesp, um dos méritos do programa é seu uso para o diagnóstico e também para a terapia. "O software avalia o melhor tempo de exposição do estímulo, tanto para a criança decodificar, quanto para ler a palavra inteira. E também auxilia no processamento ortográfico, porque obriga a criança a pensar e a resgatar o valor sonoro da letra". Para uma aprendizagem significativa é importante estarmos atentos aos conhecimentos adquiridos anteriormente, ao interesse e a necessidade dos indivíduos, pois são estes os fatores que atribuem significado aos objetos e situações. Segundo Ausubel (MOREIRA, 1982): A aprendizagem significativa dar-se-á quando uma nova informação ancorar­se em conceitos relevantes pré-existentes na estrutura cognitiva de quem aprende. A habilidade de quem ensina é necessária para despertar e incrementar a motivação de quem aprende, fazendo com que este indivíduo consiga realizar múltiplas relações do "novo" - o que o indivíduo irá aprender, com o "antigo" - o que o indivíduo já sabe. Além dos aspectos motivacionais, precisamos levar em consideração o desenvolvimento biopsico-social do indivíduo, que foi estudado por Jean Piaget (1974). Diz Piaget (1977): "Cada vez que ensinamos prematuramente a uma criança alguma coisa que poderia ter descoberto por si mesma, esta criança foi impedida de inventar e, conseqüentemente, de entender completamente". Desta forma, ele prioriza a autonomia e independência da criança na aprendizagem. Seguindo os preceitos de L. S. Vygotsky (1989) - que propõe um outro tipo de interacionismo, que valoriza mais a interação social - o mediador faria a sua intervenção junto ao sujeito, proporcionando um ambiente de trocas recíprocas, onde a aprendizagem possa ocorrer, trazendo como conquista, o desenvolvimento global do indivíduo. Algumas questões precisam ser consideradas não somente pelos profissionais, individualmente, mas pelas escolas como um todo, ao organizarem seu plano de implantação da informática. Não basta dar aulas de informática, ensinando aos alunos os sistemas operacionais e as diferentes linguagens. É preciso montar um projeto em que os alunos possam fazer uso de diferentes softwares educacionais com professores mediadores, capacitados a estimular desenvolvimento das habilidades mentais e pessoais, orientando a utilização dos programas. A grande maioria dos softwares educacionais é elaborada com objetivos definidos, não só de trabalho com conteúdos programáticos, mas também de atender às necessidades do próprio sujeito de interação, criação e modificação do próprio conteúdo. É preciso sempre analisar se a informática será, naquela ocasião, para aquele indivíduo ou grupo, o melhor recurso para se atingir os objetivos. Deve ser usada concomitantemente a outras estratégias, para que possamos superar seus limites e trabalhar as habilidades e os conceitos de forma concreta e significativa. 4 – CONCLUSÃO A Psicologia Cognitiva ou Ciência Cognitiva pesquisa e estuda o processamento de informações, buscando descrever refinados detalhes das etapas de uma determinada execução. A leitura e a escrita são funções cognitivas que envolvem o processamento de informações, de um determinado sistema simbólico. Ao adquiri-Ias, o indivíduo vai assimilar as regras que governam e organizam o próprio sistema; vai perceber o significado ou denotação dos símbolos e a relação entre eles; bem como os usos e funções dos significados. Ao ler e escrever, a criança faz uso da sua capacidade de simbolizar, a partir da necessidade que ela tem de lidar receptivamente ou expressivamente com a representação da realidade e sua simbolização - a nomeação do mundo. Desta forma, trabalhar as possibilidades de um sujeito, seja ele disléxico ou não, é dar a ele a oportunidade de perceber este mundo através de seus melhores canais receptivos e expressivos; é favorecer o desenvolvimento das suas aptidões e do conhecimento de si mesmo e dos outros, ampliando sua capacidade simbólica. Segundo pesquisas realizadas por Howard Gardner e sua equipe, no "Catalyst Projects'', (1990), da Harvard Graduate School ofEducation, o aluno aprende a lidar melhor e mais rápido com o computador, se tiver propostas interessantes e um orientador eficiente. Ao trabalhar com a informática, o sujeito faz uso de diferentes atividades e softwares, com o auxílio de um mediador capacitado a estimular o desenvolvimento das habilidades cognitivas e emocionais, orientando o desenrolar das atividades e a utilização dos programas. A escolha da Informática tem que ser consciente. Não pode ser movida por modismos, nem pelo marketing ou só pelo fascínio que exerce sobre o sujeito. A informática surge no trabalho escolar - psicopedagógico, como um instrumento facilitador da construção do conhecimento pelo disléxico e do seu desenvolvimento como pessoa, consciente das suas dificuldades, mas, principalmente, reconhecendo suas possibilidades e fazendo pleno uso delas, para exercer o seu direito de ser feliz. 5 – BIBLIOGRAFIA PIAGET,J.. A Construção do Real na Criança. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1974. VIGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora LTDA, 1989. ELLIS, Andrew W. (1995). Leitura, escrita e dislexia: uma análise cognitiva. 2 ed. Tradução de Dayse Batista. Porto Alegre: Artes Médicas. Dislexia: Manual de Leitura Corretiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. GRÉGOIRE,J. & PIÉRART, B. Avaliação dos problemas de leitura: os novos modelos teóricos e suas implicações diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. CONDEMARÍN, Mabel, BLOMQUIST, Marlys. (1989). Dislexia; manual de leitura corretiva. 3a ed. Tradução de Ana Maria Netto Machado. Porto Alegre: Artes Médicas. MARTINS, PROF. VICENTE. Como descobrir uma criança disléxica, Ceará, 2001. VIANA, ESTELA. Informática contra a dislexia, São Paulo, 2002. Fonte: www.artigonal.com/ciencia-artigos/a-informatica-auxiliando-os-dislexicos-no-ensino-e­ aprendizagem-2795670.html

COMO DESCOBRIR uma CRIANÇA DISLÉXICA

Como Descobrir uma Criança Disléxica A dislexia é uma síndrome pouco conhecida e pouco diagnosticada por pais e educadores, especialmente os pedagogos e médicos, que se voltam ao desenvolvimento cognitivo das crianças na educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) A dislexia é uma perturbação ou transtorno ao nível de leitura. A criança disléxica é um mau leitor: é capaz de ler, mas não é capaz de entender eficientemente o que lê. O que nos chama atenção, à primeira vista, é que uma criança disléxica é inteligente, habilidosa em tarefas manuais, mas persiste um quadro de dificuldade de leitura da educação infantil à educação superior. Minha estimativa, por baixo, é a de que, no Brasil, pelo menos, 15 milhões crianças e jovens sofram com distúrbios de letras. Creio que a dislexia é a maior causa do baixo rendimento escolar. A linguagem é fundamental para o sucesso escolar. Ela está presente em todas as disciplinas e todos os professores são potencialmente professores de linguagem, porque utilizam a língua materna como instrumento de transmissão de informações. Muitas vezes uma dificuldade no ensino da matemática está relacionada à compreensão do enunciado do que ao processo operatório da solução do problema. Os disléxicos, em geral, sofrem com a discalculia (dificuldade de calcular) porque encontram dificuldade de compreender os enunciados das questões. É necessário que diagnóstico da dislexia seja precoce, isto é, os pais e educadores se preocupem em encontrar indícios de dislexia em crianças aparentemente normais, já nos primeiros anos de educação infantil, envolvendo as crianças de 4 a 5 anos de idade. Quando não se diagnostica a dislexia, ainda na educação infantil, os distúrbios de letras podem levar crianças de 8 a 9, no ensino fundamental, a apresentar perturbações de ordem emocional, efetiva e lingüística. Uma criança disléxica encontra dificuldade de lê e as frustrações acumuladas podem conduzir a comportamentos anti-sociais, à agressividade e a uma situação de marginalização progressiva. Os pais, professores e educadores devem estar atentar a dois importantes indicadores para o diagnóstico precoce da dislexia: a história pessoal do aluno e as suas manifestações lingüísticas nas aulas de leitura e escrita. Quando os professores se depararem com crianças inteligentes, saudáveis, mas com dificuldade de ler e entender o que lê, devem investigar imediatamente se há existência de casos de dislexia na família. A história pessoal de um disléxico, geralmente, traz traços comuns como o atraso na aquisição da linguagem, atrasos na locomoção e problemas de dominância lateral. Os dados históricos de dificuldades na família e na escola poderão ser de grande utilidade para profissionais como psicólogos, psicopedagogos e neuropsicólogos que atuam no processo de reeducação lingüística das crianças disléxicas. No plano da linguagem, os disléxicos fazem confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia como "a-o", "e-d", "h-n" e "e-d", por exemplo. As crianças disléxicas apresentam uma caligrafia muito defeituosa, verificando­se irregularidade do desenho das letras, denotando, assim, perda de concentração e de fluidez de raciocínio. As crianças disléxicas apresentam confusão com letras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço como" b-d", "d-p'', "b-q", "d-bi”, "d-p", "d­ q", "n-u" e "a-e". A dificuldade pode ser ainda para letras que possuem um ponto de articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos: "d-t' e "c-q", por exemplo. Na lista de dificuldades dos disléxicos, para o diagnóstico precoce dos distúrbios de letras, educadores, professores e pais devem ter atenção para as inversões de sílabas ou palavras como "sol-tos", "som-mos" bem como a adição ou omissão de sons como "casa-casaco", repetição de sílabas, salto de linhas e soletração defeituosa de palavras. Por fim, com os novos recursos da sociedade informática, pais e educadores devem redobrar os cuidados. O mau uso do computador, por exemplo, pode levar a criança a ter algum distúrbio de letras. Até agora, não há estudos científicos sobre o assunto, mas, pelo relato de pais e professores, dirigidos ao meu site (http://sites.uol.com.br/vicente.martins), na Internet, revelam que posições pouco ergonômicas perante a um computador, pode comprometer o sistema perceptivo da criança, levando à dificuldade de leitura e escrita. Acredito também que o transporte inadequado de mochilas pode também comprometer o sistema perceptivo da crianças, de modo a embaraçar sua visão na hora de ler ou escrever. Maria Conceição Gomes de Melo educadora e pesquisadora sobre a

CARACTERÍSTICAS da DISLEXIA

Características da Dislexia Segundo Condemarin e Blomquist (1989), a característica mais marcante do disléxico, seu sintoma mais notório, é a acumulação e persistência de seus erros ao ler e escrever. A análise qualitativa da leitura oral de um disléxico revelará alguma ou várias das seguintes dificuldades: 1. Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia: a-o; c-o; e-c; f-t; h-n; i-j; m-n; v-u; etc. 2. Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço: b-d: b-p: b-q; d-b: d-p: d-q: n-u; w-m; a-e. 3. Confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum, e cujos sons são acusticamente próximos: d-t; j-x; c-g; rn-b; rn-b-p: v-f, 4. Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em; sol-los; som -mos; sal-las; pal-pla. 5. Substituição de palavras por outras de estrutura mais ou menos similar ou criação de palavras, porém com diferente significado: soltou/salvou; era/ficava. 6. Contaminações de sons. 7. Adições ou omissões de sons, sílabas ou palavras; famoso substituído por fama; casa por casaco. 8. Repetições de sílabas, palavras ou frases. 9. Pular uma linha, retroceder para linha anterior e perder a linha ao ler. 10. Excessivas fixações do olho na linha. 11. Soletração defeituosa: reconhece letras isoladamente, porém sem poder organizar a palavra como um todo, ou então lê a palavra sílaba por sílaba, ou ainda lê o texto "palavra por palavra". 12, Problemas com a compreensão. 13. Leitura e escrita em espelho em casos excepcionais. 14. Em geral, as dificuldades do disléxico no reconhecimento das palavras obrigam-no a realizar uma leitura hiperanalítica e decifratória. Como dedica seu esforço à tarefa de decifrar o material, diminuem significativamente a velocidade e a compreensão necessárias para a leitura normal. Quando os disléxicos fazem a leitura silenciosa, realizam uma leitura subvocal, isto é murmuram ou movem os lábios, pois precisam pronunciar as palavras para compreendê-las, por isso lêem mais lentamente. As características descritas na leitura dos disléxicos freqüentemente se acompanham de outras perturbações que alteram a aprendizagem, tais como: 1. Alterações na memória imediata; 2. Alterações na memória de séries e seqüências (ex: dias da semana, meses do ano e o alfabeto); 3. Orientação espacial direita-esquerda; 4. Linguagem escrita; 5. Dificuldades em matemática. Os problemas emocionais interferem no aprendizado e, na maior parte das vezes, aparece no disléxico depois de seus fracassos escolares, ou seja, somente depois de ingressar na escola é que demonstram sinais de pavor noturno, enurese, agressividade, tristeza, pessimismo etc.

domingo, 29 de abril de 2012

Diagnóstico e Causas da DISLEXIA

• Diagnóstico e Causas da Dislexia Em 1994, O Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais, DSM IV, inclui a dislexia nas perturbações de aprendizagem, utiliza a denominação de "Perturbação da Leitura e da Escrita" e estabelece os seguintes critérios de diagnóstico: 1. O rendimento na leitura/escrita, medido através de provas' normalizadas, situa-se substancialmente abaixo do nível esperado para a idade do sujeito, quociente de inteligência e escolaridade própria para a sua idade; 2. A perturbação interfere significativamente com o rendimento escolar, ou atividades da vida quotidiana que requerem aptidões de leitura/escrita; 3. Se existe um déficit sensorial, as dificuldades são excessivas em relação às que lhe estariam habitualmente associadas. Essa orientação presente no Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais, DSM IV, tem relação com a explicação da etiologia da dislexia. As tentativas de definir e explicar a etiologia da dislexia foram inúmeras nas últimas décadas. Para Condemarin e Blomquist (1989), a história de um disléxico pode revelar um ou mais dos seguintes antecedentes: 1. Existência de um familiar próximo que apresente ou tenha apresentado problemas na linguagem ou dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita. 2. Dificuldades no parto: anoxia, hipermaturidade, prematuridade do tempo e/ou peso. 3. Doença infecto-contagiosa que tenha produzido no sujeito um período febril, com vômitos, convulsões e/ ou perda de consciência. 4. Atraso na aquisição da linguagem e/ou perturbações na articulação. 5. Atraso na locomoção. 6. Problemas de dominância lateral. Mas estes antecedentes enunciados raras vezes se apresentam em sua totalidade; entretanto, basta a presença de um ou mais para levar à suspeita de uma possível disfunção neurológica.

Conceitos e Definições de DISLEXIA

Conceitos e Definições de Dislexia A palavra "dislexia", em sua etirnologia, é constituída pelos radicais "dis" e "lexia". No grego, dys significa dificuldade; e lexis significa palavra. Desde 1896 este distúrbio tem recebido diversas denominações: "alexia", "afasia", "agnosia", "apraxia", "analfabetismo", "bloqueio secundário da aprendizagem, especificamente relativo à leitura", "cegueira verbal congênita", "distexia congênita", "strephosymbolia (símbolos invertidos)", "alexia do desenvolvimento", "dislexia constitucional", "parte do contínuo das perturbações de linguagem, caracterizada por um déficit no processamento verbal dos sons" etc. Nos anos 60, sob a influência das correntes psicodinâmicas, foram minimizados os aspectos biológicos da dislexia, atribuindo as dificuldades leitoras a problemas emocionais, afetivos e "imaturidade". Em 1964, a dislexia foi definida por Ombredanne como uma dificuldade de integrar os elementos simbólicos construtivos de uma palavra ou frase. Em 1968, a Federação Mundial de Neurologia, utilizou pela primeira vez o termo "Dislexia do Desenvolvimento" definindo-a como: "um transtorno que se manifesta por dificuldades na aprendizagem da leitura, apesar das crianças serem ensinadas com métodos de ensino convencionais, ter inteligência normal e oportunidades socioculturais adequadas". Em 1969, Pialloux, Valvat, Freisse e Legent a definiram como uma dificuldade de aprendizagem da leitura em crianças que não apresentam enfermidade sensorial ou motriz aparente e em que o nível intelectual não está comprometido e, faz referência à Launay, que a considera uma assimbolia e, Borel-Maisony que a define como uma dificuldade específica para identificar, compreender e reproduzir os símbolos escritos. No Brasil, a conceituação mais aceita é a de Novaes (1975) em que o termo aplica-se, em geral, às dificuldades da aprendizagem da leitura relacionadas à identificação, compreensão e interpretação dos símbolos gráficos da leitura. Em 1979, Baroja definiu a dislexia como uma dificuldade para distinguir ou memorizar letras ou grupos de letras, falta de ordem ou ritmo na sua colocação, má estruturação de frases e outros, tanto na leitura quanto na escrita. Para Condemarin e Blomquist (1989), o termo dislexia é aplicável a uma situação na qual a criança é incapaz de ler com a mesma facilidade com a qual lêem seus iguais, apesar de possuir uma inteligência normal, saúde e órgãos sensoriais intactos, liberdade emocional, motivação e incentivos normais, bem como instrução adequada. Em 2002, a Associação Internacional de Dislexia adaptou a seguinte definição: "Dislexia é uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem neurobiológica. É caracterizada por dificuldades na correção e/ou fluência na leitura de palavras e por baixa competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam de um déficit fonológico, inesperado, em relação às outras capacidades cognitivas e às condições educativas. Secundariamente podem surgir dificuldades de compreensão leitora, experiência de leitura reduzida que pode impedir o desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais". Esta definição de dislexia é a atualmente aceita pela grande maioria da comunidade científica.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

PAPEL dos FATORES VISUAIS na DISLEXIA

O Papel dos Fatores Visuais na Dislexia

Assim como uma consideração das deficiências sutis de linguagem nas crianças disléxicas é importante para se entender a natureza precisa de suas dificuldades de leitura e ortografia, também devem ser levadas em conta suas habilidades de processamento visual. Entretanto, não há evidência conclusiva de que as deficiências de processamento visual em si causem dislexia. Mas isso não exclui a possibilidade de que essas dificuldades possam aumentar o problema da leitura. Acredita-se que as habilidades visuais contribuem para o desenvolvimento da leitura; na verdade, elas podem ser particularmente importantes nas crianças que têm dificuldades de linguagem na provisão de um; conjunto alternativo de estratégias compensatórias para elas.
Há duas linhas principais a serem seguidas na pesquisa atual sobre o fatores visuais na dislexia. Stein e seus colegas (Stein, 1991) têm sugerido que as crianças disléxicas têm controle motor ocular deficiente. Grande parte da sua pesquisa usou o Dunlop Test como parte de uma avaliação ortóptica e mostrou que menos crianças disléxicas do que leitores normais têm um olho de referência estabelecido. Eles recomendam a oclusão monocular como um meio de se estimular o controle binocular e facilitar a aprendizagem da leitura (ver Bishop, 1989, para uma crítica).
Lovegrove e seus colegas buscaram outra possibilidade, qual seja, de que as crianças disléxicas tenham deficiências de nível baixo do sistema visual transitório (Lovegrove e Williams, 1993). Essas dificuldades levariam as crianças a experimentar embaçamento do texto impresso e,por isso, afetariam suas leituras. Os dados que o grupo de Lovegrove apresentam são convincentes, mas, ao contrário dos dados sobre déficits fonológicos, não há evidências sugerindo que tais deficiências visuais estejam causalmente relacionadas a problemas de leitura. O que está faltando é um estudo longitudinal que examine o papel dos fatores visuais na aprendizagem da leitura. Acreditamos que, até que essa evidência esteja disponível, é importante que os profissionais estejam alertas para a possibilidade de que deficiências no processamento perceptual e déficits da meritória visual exacerbem as dificuldades dos disléxicos. Onde existem problemas perceptuais pode-se prever também problemas de controle mental. Algumas crianças disléxicas têm dificuldades com as habilidades motoras finas, as quais impedem o desenvolvimento da caligrafia e das habilidades a ela relacionadas (ver Taylor, neste volume). Em uma veia similar, muitas crianças disléxicas têm problemas de concentração, particularmente nas salas de aula. Talvez a explicação mais simples seja que as crianças não conseguem enfrentar os materiais escritos apresentados e, por isso, suas mentes se desviam. Entretanto, algumas crianças disléxicas têm. dificuldades mais profundas com o controle da atenção. Estas requerem uma investigação à parte, porquanto, caso não sejam tratadas, exacerbarão a condição disléxica.
O PAPEL

DISLEXIA:Como trabalhar com ela?

DISLEXIA: COMO TRABALHAR COM ELA?
DIAGNÓSTICO DEVE SER FEITO O MAIS CEDO POSSÍVEL
Desde a pré-escola é possível detectar alguns sinais de dislexia e é importante estar atento a eles. Quanto mais cedo o distúrbio for identificado, melhor. A demora no diagnóstico pode ocasionar severas conseqüências emocionais. A opinião é da psicopedagoga e fonoaudióloga Maria Ângela Nico, coordenadora científica da Associação Brasileira de Dislexia (ABD).
Para Maria Ângela, é importante que o diagnóstico seja feito o mais cedo possível, especialmente no caso de a criança possuir pais ou outros parentes com dislexia, já que o transtorno é genético e hereditário. A ABD recomenda que a avaliação seja feita por uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogo, fonoaudiólogo, e psicopedagogo clínico. Se necessário, a equipe poderá contar com parecer de outros profissionais, como neurologista e oftalmologista. O diagnóstico deve ser feito por exclusão, ou seja, devem ser verificadas todas as possibilidades antes da confirmação de dislexia.
Maria Ângela, que defende uma revisão dos métodos de alfabetização e de ensino, é co-autora de uma cartilha voltada para portadores de dislexia – Facilitando a Alfabetização – Multissensorial, Fônica e Articulatória. Lançada em 2007, a cartilha vem acompanhada de um caderno multissensorial, para estimular o visual, o auditivo e o tátil senestésico.
“Como o disléxico é inteligente, pode freqüentar qualquer escola, não precisa ser especifica. É necessário que o professor e toda a escola saibam o que é a dislexia, para lidar e acolher o aluno disléxico”, acredita. Para ela, a primeira e urgente medida a ser tomada é a capacitação dos educadores, tanto da rede pública quanto particular, para que saibam o que é o distúrbio e evitem o diagnóstico tardio.
“A capacitação deverá ser feita não só para reconhecer sinais da dislexia, mas para todos os distúrbios de aprendizagem, pois pertence a um deles. Ela deverá começar nas universidades e depois, se preciso, ser reforçada ou reciclada pelas secretarias de educação e/ou pelo MEC”, ressalta.
Associações – A ABD foi criada em 1983, em São Paulo (SP), com a missão de ajudar de todas as formas o disléxico e os portadores de distúrbios de aprendizagem, inclusive carentes. A Associação Nacional de Dislexia (AND) foi fundada no Rio de Janeiro (RJ), no ano 2000, para congregar fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicólogos, pedagogos, médicos, profissionais de áreas afins, pais, portadores do distúrbio, instituições e associações que se dediquem ao aprofundamento dos estudos sobre dislexia.
As duas associações, juntamente com o Ministério da Educação, Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA) e Associação de Pais e Amigos dos Disléxicos (APAD), participam de um grupo de trabalho. O objetivo é realizar estudos sobre os transtornos funcionais específicos e definir diretrizes de acordo com a Política Nacional de Educação Inclusiva.
Personalidades de destaque em diferentes áreas, como Einstein, Darwin, Leonardo Da Vinci, Michelangelo, e Van Gogh, tinham dislexia. Atualmente, sabe-se que Bill Gates, príncipe Charles, Robin Williams, e Tom Cruise, estão entre os portadores do distúrbio.

Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br

DISLEXIA: Dificuldades encontradas

Dislexia; Fatores que Influenciam: As Dificulddades Encontradas
A Dislexia
A dislexia é um transtorno genético e hereditário presente em aproximadamente 10% da população mundial, podendo também ser causada pela produção exacerbada de testosterona pela mãe, durante a gestação.

A dislexia vezes confundida com déficit de atenção, problemas psicológicos, esse transtorno se caracteriza pela dificuldade do indivíduo em decodificar símbolos, ler, escrever, soletrar, compreender um texto, reconhecer fonemas, exercer tarefas relacionadas à coordenação motora; e pelo hábito de trocar, inverter, omitir ou acrescentar letras/palavras ao escrever.

Pessoas disléxicas possuem a área lateral-direita do cérebro mais desenvolvida que a de pessoas que não possuem esta síndrome, tendo geralmente, por tal motivo, mais facilidade em questões relacionadas à criatividade, solução de problemas, mecânica e esportes.
Diagnóstico e tratamento da dislexia
É importante para o clínico ser sensível a respeito de como tal distúrbio se manifestam em termos de comportamento da criança, sintomatologia, história e resultados em testes (Pennington, 1997).
Nico (2005) recomenda que o diagnóstico seja feito por uma equipe multidisciplinar (psicólogo, um fonoaudiólogo, um psicopedagogo e um neurologista) não somente para se obter o diagnóstico de dislexia, mas para se determinarem, ou eliminarem, fatores coexistentes de importância para o tratamento. Além disso, o diagnóstico deve ser significativo para os pais e educadores, assim como para a criança. Ou seja, simplesmente encontrar um rótulo não deve ser o objetivo da avaliação, mas tentar estabelecer um prognóstico e encontrar elementos significativos para o programa de reeducação. É de grande importância que sejam obtidas informações sobre o potencial da criança, bem como sobre suas características psiconeurológicas, seu desempenho e o repertório já adquirido. Informações sobre métodos de ensino pelos quais a criança foi submetida também são de grande significação.
Apresentação dos sintomas
Os sintomas-chave na dislexia são dificuldades para ler e soletrar, freqüentemente com desempenho em matemática relativamente melhor. Como algumas crianças disléxicas gostam de ler ou têm boa compreensão de leitura, é importante verificar especificamente a leitura em voz alta e a aprendizagem fônica. Pais e professores poderão relatar ritmos lentos de leitura ou de escrita, inversão de letras e números, problemas na memorização dos fatos matemáticos básicos e erros incomuns em leitura e soletração (Ver Tabela 1).
O mais importante é que a indicação inicial pode ocorrer não pelos sintomas cognitivos, mas pelos físicos ou emocionais, tais como ansiedade ou depressão, relutância em ir à escola, dores de cabeça e problemas estomacais. É importante verificar se esses sintomas ocorrem sempre ou só nos dias escolares. Mesmo que ocorram sempre, a causa principal pode ser a dislexia devido a fracassos.
Alguns Sintomas de Dislexias
Dificuldade na aquisição e automação da leitura e escrita
Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras)
Desatenção e dispersão
Dificuldade em copiar de livros e da lousa
Dificuldade na coordenação motora fina ,(desenhos, pintura) grossa (ginástica, dança
Desorganização geral: podemos citar os constantes atrasos na entrega de trabalhos escolares e perda de materiais escolares
Confusão entre esquerda e direita
Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas
Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou sentenças longas e vagas
Dificuldade na memória de curto prazo, como instruções, recados
Dificuldades em decorar seqüências, como meses do ano, alfabeto, tabuada
Dificuldade na matemática e desenho geométrico
Dificuldade em nomear objetos e pessoas,Troca de letras na escrita
Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua
Problemas de conduta como: depressão, timidez excessiva ou o "palhaço da turma
Bom desempenho em provas orais. ou visuais
Segundo Mabel Condemarín (l989, p. 55), a dificuldade de aprendizagem esta relacionada com a linguagem leitura, escrita e ortografia, pode ser inicial e informalmente um diagnóstico mais preciso deve ser feito e confirmado por neurolingüista diagnosticada pelo professor da língua materna, com formação na área de Letras e com habilitação em pedagogia que pode vir a realizar uma medição da velocidade da leitura da criança, utilizando, para tanto, a seguinte ficha de observação, com as seguintes questões a serem prontamente respondidas:
• A criança movimenta os lábios ou murmura ao ler?
• A criança movimenta a cabeça ao longo da linha?
• Sua leitura silenciosa é mais rápida que a oral ou mantém o mesmo ritmo de velocidade?
• A criança segue a linha com o dedo?
• A criança faz excessivas fixações do olho ao longo da linha impressa?
• A criança demonstra excessiva tensão ao ler?
• A criança efetua excessivos retrocessos da vista ao ler?
Para o exame dos dois últimos pontos, é recomendável que o professor coloque um espelho do lado posto da página que a criança lê. O professor coloca-se atrás e nessa posição pode olhar no espelho os movimentos dos olhos da criança.
O cloze, que consiste em pedir à criança para completar certas palavras omitidas no texto, pode ser importante aliado para o professor de língua materna determinar o nível de compreensibilidade do material de leitura (ALLIENDE: 1987, p.144)
Fonte: Martins, Vicente. A dislexia em sala de aula . In PINTO, Maria Alice Leite. (Org.). Psicopedagogia: diversas faces, múltiplos olhares. São Paulo: Olho d"áGUA, 2003.

DIFICULDADES da LINGUAGEM ESCRITA na DISLEXIA

DIFICULDADES DA LINGUAGEM ESCRITA NA DISLEXIA

Para entender o efeito das dificuldades fonológicas no domínio da linguagem falada sobre a aquisição das habilidades da linguagem escrita, é necessário considerar o que o desenvolvimento da leitura envolve. Aprender a ler em uma escrita alfabética, como o inglês, requer uma apreciação das correspondências entre as letras e os sons - o princípio alfabético. Ainda que . muitas crianças pequenas comecem lendo palavras inteiras pelo reconhecimento visual, elas precisam aprender como as letras nas palavras impressas representam os sons das palavras faladas, se quiserem ser leitores flexíveis. O primeiro passo nesse processo requer a capacidade para refletir sobre a fala, isto é, a "consciência fonológica". Por isso, as crianças disléxicas que têm dificuldades no domínio fonológico estão desde o início em desvantagem. As crianças disléxicas, freqüentemente, continuam a confiar em um vocabulário de reconhecimento visual na leitura e, assim, cometem muitos erros de leitura visual, como, por exemplo, GRANDMOTHER - gentleman; FROM - for; ORGAN – Orange. (ver Goulandris, neste volume). Elas são incapazes de abstrair as correspondências entre letra e som da sua experiência com palavras impressas e, por isso, não conseguem desenvolver estratégias de leitura fonológica (fônica) (Manis et al., 1993; Snowling, 1980; 1981). Na verdade, há muitas evidências de que as crianças disléxicas têm dificuldades na leitura de não-palavras que estão em descompasso com suas habilidades de leitura visual (Rack, Snowling e Olson, 1992).
Segundo Frith (1985), o disléxico desenvolvimental clássico não consegue realizar a transição para a fase alfabética do desenvolvimento da alfabetização. Além de suas dificuldades com a leitura, tais crianças também tendem a ter problemas para soletrar as palavras da maneira como elas soam. Enquanto os erros de ortografia fonética são comuns na escrita de crianças pequenas, como, por exemplo, PACKET - pakit; YELLOW - yelo, as crianças disléxicas freqüentemente fazem tentativas não-fonéticas, como, por exemplo, pagit, yorol. As crianças que lêem e falam desta maneira têm sido, às vezes, descritas como disléxicas fonológicas desenvolvimentais (Temple e Marshall, 1983; Seymour, 1986).
Entretanto, há também crianças disléxicas que parecem ter dominado habilidades alfabéticas. Segundo Frith, essas crianças estão falhando em realizar a transição para a fase ortográfica do desenvolvimento. Essas crianças são, às vezes, referidas como disgráficas desenvolvimentais ou disléxicas desenvolvimentais superficiais (Coltheart, Masterson, Byng et al., 1983; Seymour, 1986). Em inglês, soletrar alfabeticamente não constitui uma ortografia precisa, pois há muitas exceções às regras que as crianças precisam dominar (ver Cootes e Simpson, neste volume). A característica clássica dessas crianças é que elas lêem muito bem no contexto, mas, na leitura de palavras soltas, confiam muito na emissão do som. Elas têm dificuldades específicas com homófonos como PEAR-PAIR e LEEK-LEAK, que confundem e cuja ortografia é em geral fonética.
Embora haja uma carência visível de evidências em prol de subtipos distintos (cf. Bryant e Impey, 1986), muitos estudos sistemáticos de diferenças individuais entre disléxicos têm revelado variações em suas habilidades de leitura (Castles e Coltheart, 1993). Em um estudo recente, comparamos duas crianças que exibiam um estilo disléxico fonológico de leitura (lendo palavras de maneira significativamente melhor do que não-palavras), com duas crianças que pareciam disléxicas superficiais (lendo palavras irregulares de maneira significativamente pior do que as palavras regulares). Avaliando o desenvolvimento dessas crianças durante dois anos, descobrimos que elas diferiam na gravidade dos seus problemas de processamento fonológico (Snowling e Goulandris, no prelo). As duas crianças que mostraram um perfil disléxico fonológico tiveram mais dificuldade com o processamento fonológico do que as duas que mostraram um perfil disléxico superficial, avaliado por testes de rima, repetição de não-palavras e ortografia. Entretanto, até mesmo os disléxicos superficiais tiveram um desempenho pior nas tarefas fonológicas do que os leitores normais da mesma idade. Tais descobertas corroboram a hipótese de que as dificuldades de leitura dos disléxicos originam-se de problemas de processamento fonológico. Entretanto, sugerem que a gravidade das dificuldades fonológicas das crianças podem afetar a maneira em que o seu sistema de leitura torna-se estabelecido e se elas parecem disléxicas fonológicas ou superficiais.

Dificuldades comumente associadas à DISLEXIA

DIFICULDADES COMUMENTE ASSOCIADAS À DISLEXIA

A visão da dislexia que defendemos aqui é semelhante ao modelo da dislexia da diferença fonológica de cerne variável (phonological core-variable difference), desenvolvida por Stanovich em uma série de artigos (Stanovich, 1986; Stanovich, 1994; Stanovich e Siegel, 1994). Colocado de maneira simpIes, o cerne da dislexia é um déficit do processamento fonológico, e quanto mais próximo do cerne está uma determinada habilidade de processamento, maior a certeza de que os leitores deficientes diferirão dos leitores normais com respeito a essa habilidade. As habilidades próximas ao cerne da dislexia incluem a leitura de não-palavras e aspectos da consciência fonológica; as habilidades não tão próximas incluem avaliações da memória de trabalho e da compreensão auditiva. É com relação a estas duas últimas habilidades que esperamos encontrar diferenças entre os leitores disléxicos e outros tipos de leitores deficientes, como, por exemplo, aqueles com dificuldades gerais de linguagem.

NOÇÃO Básica do que vem a ser DISLEXIA

Ao desmembrarmos a palavra, de imediato temos a primeira noção básica do que vem a ser dislexia.

DIS = distúrbio, dificuldade

LEXIA = leitura (do latim) e/ou linguagem (do grego)

DISLEXIA = distúrbio da linguagem.

Embora etimologicamente Dislexia seja traduzido do latim e do grego como distúrbio de linguagem, esse termo foi adotado para denominar um distúrbio específico na aquisição da leitura e escrita. Isso não implica que, ao menor sinal de dificuldade nessa área, possamos identificar um indivíduo disléxico. São várias as causas que podem intervir no processo da aquisição da linguagem, por isso se toma tão importante um diagnóstico preciso realizado por uma equipe multidisciplinar e de exclusão.

Seria muito importante que todos os professores soubessem o que é dislexia. Com a devida orientação, o aluno conseguirá ser bem sucedido em classe.

Algumas dicas:

Dê ao aluno disléxico um resumo do curso;

Avise no primeiro dia de aula sobre o desejo de conversar com o aluno individualmente;

Detalhe no início do curso, todas as exigências, inclusive a matéria a ser dada;

Use vários materiais de apoio para apresentar a lição à classe, como: lousa, projetores de slides, retroprojetores, filmes educativos, demonstrações práticas e outros recursos multimídia;

Introduza o vocabulário novo, ou técnico, de forma contextualizada;

Evite confusões, isto é, dando instruções orais e escritas ao mesmo tempo.

Quanto à leitura:

Anuncie os trabalhos com antecedência, para que a criança disléxica tenha tempo de se organizar;

Proponha dinâmicas de grupo, entrevistas e trabalho de campo;

Dê exemplos de perguntas e respostas para o estudo de provas;

Diversifique a avaliação com métodos alternativos;

Autorize uso de tabuadas, calculadoras e dicionários durante as provas;

Leia a prova em voz alta e certifique-se que todos entenderam.

Dessa forma a escola estará contribuindo para amenizar as dificuldades do disléxico.


Fonte: Eliane Pisani Leite - Autora do livro: Pais EducAtivos

ETIOLOGIA da DISLEXIA

Etiologia
A rigor, não há nenhuma segurança em afirmar uma ou outra etiologia para a causa da dislexia, mas há algumas situações que foram descartadas:
Em hipótese alguma o disléxico tem comprometimento intelectual. Segundo a Teoria das Inteligências Múltiplas, o ser humano possui habilidades cognitivas: inteligência interpessoal, inteligência intrapessoal, inteligência lógica-matemática, inteligência espacial, inteligência corporal-cinestésica, inteligência verbal-linguística, inteligência musical, naturalista, existencial e pictórica. O disléxico teria sua inteligência mais predisposta à inteligência corporal-cinestésica, musical, espacial.
Quanto ao emocional, é preciso avaliar muito bem. Pode haver um comprometimento do emocional como conseqüência das dificuldades da dislexia, mas nunca como causa única.
A criança dislexia não tem perda auditiva.
Há vários estudos:
A) Uma falha no sistema nervoso central em sua habilidade para organizar os grafemas, isto é, as letras ou decodificar os fonemas, ou seja, as unidades sonoras distintivas no âmbito da palavra.
B) O impedimento cerebral relacionado com a capacidade de visualização das palavras.
C) Diferenças entre os hemisférios e alteração (displasias e ectopias) do lado direito do cérebro. Isso implica, entre outras coisas, uma dominância da lateralidade invertida ou indefinida. Mas também justifica o desenvolvimento maior da intuição, da criatividade, da aptidão para as artes, do raciocínio mais holístico, de serem mais subjetivos e todas as outras qualidades características do hemisfério direito.
D) Inadequado processamento auditivo (consciência fonológica) da informação lingüística.
E) Implicações relação afetiva materno-filial, o que pode entravar a necessidade da linguagem, e mais tarde a aprendizagem da leitura e escrita.