quarta-feira, 30 de março de 2011

O QUE NÃO É DISLEXIA

O que não é dislexia

Embora a dislexia afete a capacidade de a criança ler, escrever, compreender a linguagem ou expressar-se claramente enquanto escreve ou fala, ela não é devida à falta de inteligência. A maioria dos indivíduos disléxicos possui inteligência igual ou superior à média. Infelizmente, os problemas de uma criança com capacidade de aprender e de processar, de reter, de obter e de expressar informações podem resultar na impressão errônea de que a criança não é “esperta”. No passado, as crianças com dislexia, inclusive eu, eram frequentemente rotuladas de burras ou preguiçosas.
Hoje em dia, sabemos que isso está longe da verdade. Um estudo conduzido pela Universidade de Washington revelou que crianças com dislexia usam quase cinco vezes mais da área cerebral do que as “normais”, enquanto realizam uma simples tarefa de linguagem. Longe de ser “preguiçoso”, o cérebro das crianças com dislexia trabalha, na verdade, em alta velocidade. É muito importante que os pais, educadores e profissionais de saúde entendam que essas crianças despendem uma grande quantidade de energia apenas para vencer o dia; preguiça ou falta de inteligência não têm nada a ver com o problema.

O QUE É DIFERENTE NO CÉREBRO COM DISLEXIA

O que é diferente no cérebro com dislexia


Embora várias teorias a respeito da origem da dislexia tenham sido apresentadas durante anos, o uso recente da imagem por ressonância magnética (IRM) permitiu que pesquisadores investigassem mais aprofundadamente suas causas. Sally E. Shaywitz, M.D., da Escola de Medicina de Yale, usou a tecnologia da IRM para examinar imagens do cérebro geradas por computador enquanto o indivíduo está realizando tarefas intelectuais. Ela descobriu que os leitores com dislexia apresentaram atividade reduzida no giro angular – área do cérebro que liga o córtex visual e a área de associação visual com as áreas da linguagem.
Além disso, a Dra. Shaywitz descobriu que, quando lêem, as pessoas com dislexia exibem maior atividade em uma parte do cérebro chamada área de Broca do que os que não têm dislexia. Isso sugere que os que têm dislexia podem empregar essa região cerebral para compensar os déficits nas outras regiões normalmente empregadas para a habilidade fonética (que identifica e manipula sons individuais de linguagem). De acordo com a Dra. Shaywitz, os leitores com dislexia têm dificuldade em quebrar palavras faladas dentro de seus componentes sonoros e de combinar o som dessas letras com aquelas que representam esses sons.
O que tudo isso significa para seu filho? Em poucas palavras, a tecnologia de imagens cerebrais permite que os pesquisadores examinem a área do cérebro afetada pela dislexia – e talvez esclareçam finalmente alguns mitos a respeito da origem do problema. Com esse novo conhecimento à mão, os pesquisadores podem continuar explorando as raízes da dislexia e possivelmente oferecer métodos que ajudem as crianças a aprenderem com maior eficiência. Contudo, o fato essencial de que a dislexia é um problema neurológico não pode ser ignorado. Seu filho não vai “perder” a dislexia, mas, com seu consistente apoio e encorajamento vai aprender a viver com seu transtorno e ser bem-sucedido como eu sou.

COMO SABER SE SEU FILHO TEM DISLEXIA

Como saber se seu filho tem dislexia

Normalmente, os indícios não se cristalizam até que seu filho comece a ler e, mesmo nesse período, pode levar algum tempo até que a dislexia possa ser claramente diagnosticada. (Em alguns casos mais sérios, existem sinais que aparecem mesmo antes de a criança começar a ler, como o atraso na fala). Até os seis ou sete anos, não é raro as crianças inverterem letras ou palavras quando lêem ou escrevem; mas, quando seu filho tiver oito anos, esses sinais podem indicar um problema mais sério. Na terceira série, exames específicos podem revelar se seu filho tem dislexia. Esses exames são geralmente realizados após uma criança apresentar problemas persistentes com a leitura. Uma avaliação da capacidade de leitura (velocidade, decodificação, memória e compreensão) e da capacidade intelectual geral (QI), feita na escola ou em um lugar especializado, podem determinar se seu filho tem ou não dislexia. Os especialistas também vão recomendar que seu filho faça exames para verificar problemas médicos, visuais ou auditivos.

Talvez você sinta que seu filho não está acompanhando o ritmo dos outros. Pode perceber isso por meio de um ou mais dos seguintes indícios:

• Baixa auto-estima.
• Dificuldade para soletrar.
• Dificuldade para ler em voz alta.
• Confusão entre esquerda e direita.
• Problemas para seguir direções.
• Demora para terminar exercícios de escrita.
• Dificuldades com matemática.
• Relutancia em ir à escola.

Tenha em mente que a dislexia é um transtorno “invisível”, o que não significa que seu filho não vá sentir como se seu problema fosse óbvio para qualquer pessoa que o veja. Na verdade, ninguém pode apontar para a dislexia como para uma perna quebrada; não há sinais evidentes que diferenciem seu filho de qualquer outra criança. Por essa razão, acredito eu, a criança com dislexia vivencia sua “vida secreta” de maneira singular: é bem consciente de que não é como as outras crianças, mas pode ser impelida a manter um véu de sigilo sobre seu transtor

sexta-feira, 4 de março de 2011

Vídeo Dislexia

DISLEXIA / INFORMAÇÕES DIVERSAS

“A dislexia é uma perturbação específica da aprendizagem de origem neurobiológica. Caracteriza-se por dificuldades no reconhecimento preciso e/ou fluente das palavras escritas, por dificuldades ortográficas e por dificuldades na descodificação. Estas dificuldades resultam frequentemente de um défice na componente fonológica da linguagem e são muitas vezes inesperadas relativamente a outras capacidades cognitivas e face ao fornecimento de instrução eficaz. Consequências secundárias podem incluir problemas na compreensão da leitura e experiência de leitura reduzida, o que pode impedir o desenvolvimento do vocabulário e do conhecimento geral.”

G. Reid Lyon, Sally Shaywitz, & Bennett. Shaywitz (2003) – Trad. Rui Alves

Sinais de dislexia: manifestações mais frequentes
Escrita
Dificuldades ortográficas persistentes, mesmo com palavras simples. Dificuldades na gramática e na construção de frases.. Pontuação ausente ou pobre.

A velocidade e sequências da escrita é afectada – os estudantes perdem com facilidade “a sequência lógica” do que estão a escrever/ler.

Leitura
Leitura lenta e pouca exacta, impossibilidade de fazer uma “leitura diagonal” e problemas em extrair as ideias fundamentais de um texto.

Números
Problemas com capacidades básicas ligadas à matemática e ciências como dificuldades em memorizar e relembrar sequências de números.

Leitura, Escrita Oralidade
Dificuldades em ler em voz alta, em pronunciar palavras pouco familiares. Dificuldade em estruturar uma apresentação oral.

Coordenação
A escrita pode ser lenta e pouco ordenada.

Organização
Deficiente organização e gestão do tempo.

Orientação Espacial
Em alguns casos pode verificar-se deficiente orientação espacial, por exemplo dificuldade em distinguir a esquerda da direita, leitura de mapas e seguir instruções de direcção.

Memória
Deficiente memória de curto prazo. Perda de objectos com facilidade por não se lembrar onde os deixou, esquecimento de nomes e números de telefones, etc. Pouca atenção.

Problemas Visuais
Em alguns casos pode apresentar dificuldade em ler um texto de uma determinada cor, ou quando tem um fundo de uma cor específica . Os estudantes disléxicos podem ver os textos de forma diferente, por exemplo, ver espaços onde não existe qualquer espaço, palavras que se movimentam, etc.

Boas práticas
Estratégias de ensino
As seguintes sugestões de boas práticas serão particularmente úteis para os estudantes com dislexia, mas podem ser úteis aos estudantes em geral. Para além destas sugestões achamos muito importante que o Professor obtenha mais informação sobre dislexia e contacte com os estudantes, no sentido de saber o que para eles é mais útil.

O estudante disléxico na Universidade:
É importante estar alerta para a eventualidade de ter um estudante disléxico entre os que frequentam as suas aulas. Assim deverá:

estar consciente de que ele aprende de forma diferente da convencional;

tentar obter informações acerca dos problemas com que o estudante disléxico se confrontou no secundário, especialmente no que diz respeito:

- à capacidade de auto-gestão

- ao seu sentido de organização

- à capacidade de tomar notas

- à gestão do tempo

- à gestão dos projectos e trabalhos a realizar

- ao ensino unidimensional;

reconhecer a frustração que estudante disléxico deve sentir;

reconhecer que as classificações podem ficar muito aquém do potencial do estudante;

reconhecer problemas de auto-estima e de depressão;

demonstrar simpatia, atenção e preocupação;

oferecer-se para ser o professor-tutor ou nomear-lhe um;

saber ouvir e aconselhar quando necessário e nas alturas previstas para tal;

ajudar a organizar os trabalhos;

planificar os trabalhos com datas bem determinadas (por exemplo, o primeiro trabalho sobre o primeiro capítulo na data x, o segundo na data y... e assim sucessivamente);

indicar as leituras obrigatórias nas bibliografias de referência;

assegurar que os direitos previstos na lei em benefício dos estudantes disléxicos são respeitados, nomeadamente em matérias de exames: intervalos, tempo suplementar, leituras, utilização de computadores portáteis, etc.;

ajudar os estudantes a preencher formulários e a redigir pedidos relacionados com os seus direitos;

insistir no reforço dos talentos naturais do estudante.

Nas aulas
Os estudantes com dislexia lêem e escrevem mais lentamente do que os outros estudantes, assim é para eles muito difícil acompanhar as aulas tirando notas. Estes estudantes podem também encontrar dificuldades em ler acetatos/apresentações nas aulas, pois têm dificuldade em compreender o que lêem e em copiar.

Fornecer um resumo quando se introduz um novo tópico, de forma a iniciar a familliarização do estudante com o assunto – salientar as ideias principais e palavras-chave;

fornecer textos de apoio às aulas, de forma a diminuir a quantidade de notas que o estudante tem que tirar numa aula;

usar múltiplas formas de apresentar a informação: vídeos, slides, demonstrações práticas, bem como ir falando ao longo da apresentação de textos;

prever tempo para os estudantes lerem os textos de apoio às aulas, sobretudo se esses textos vão ser mencionados no decurso de uma aula;

introduzir tópicos e conceitos novos de uma forma óbvia – explicar termos e conceitos novos;

dar exemplos para ilustrar um ponto de vista, uma perspectiva, um assunto;

fazer pausas regulares para permitir que os estudantes possam acompanhar;

perguntar ao estudante disléxico se está a conseguir acompanhar o trabalho nas aulas;

fornecer material escrito, formatando-o num estilo simples, claro e conciso;

usar preferencialmente material impresso em detrimento de notas escritas à mão;

evitar fundos com imagens ou figuras;

uma fonte clara como o Arial ou o Comic Sans é mais fácil de ler do que fontes como o Times New Roman;

não devem ser usadas demasiadas fontes diferentes num mesmo texto;

não usar blocos densos de texto. É aconselhável o uso de parágrafos, diferentes tipos de cabeçalhos, símbolos gráficos a destacar partes de textos e numerar textos;

destacar partes de textos ou palavras usando preferencialmente o negrito em detrimento do sublinhado ou itálico;

imprimir em papel de cor pode ser mais fácil de ler para alguns estudantes com dislexia. Alguns estudantes com dislexia usam acetatos de cor que colocam por cima do texto para facilitar a leitura.

são de evitar as tintas vermelha e verde, pois estas cores são particularmente difíceis de ler.

usar formas alternativas de apresentar conteúdos como gráficos, diagramas, etc.

Avaliações
Em situação de avaliação as capacidades de escrita e ortografia do estudante dislexico podem piorar devido à pressão do tempo. Estes estudantes podem igualmente usar um tipo de linguagem mais básica, evitando palavras longas que lhes torna mais lento o processo de expressão escrita.

As perguntas devem ser expressas em linguagem clara e concisa;

combinar com os estudantes disléxicos a data de entrega de trabalhos;

permitir a este estudantes o uso de correctores ortográficos e/ ou outras formas de trabalho que os ajudem a detectar e corrigir os próprios erros;

Trabalhos práticos
Podem surgir dificuldades quando estes trabalhos exigem apresentações escritas com prazos muito curtos – trabalhos escritos à mão podem ter uma péssima apresentação, bem como conter muitos erros ortográficos.

Deve ser permitida a entrega destes trabalhos impressos, portanto escritos usando o computador;

os estudantes disléxicos podem ter dificuldades em seguir instruções, de forma que estas devem ser claras e simples;

Estratégias de apoio à avaliação e classificação
Deve sempre dar feedback ao estudante sobre a avaliação que fez do trabalho apresentado por ele. Sempre que necessário deve conversar com ele sobre esse assunto.

Quando pontua um trabalho use marcadores diferentes para diferenciar o conteúdo da apresentação (ortografia e gramática, bem como organização das ideias).

Sinais Indicadores de DISLEXIA no ENSINO SUPERIOR

Ensino Superior / Universitário
Dificuldades mais identificadas:

Letra cursiva.
Planejamento e organização.
Horários (adiantam-se, chegam tarde ou esquecem).
Falta do hábito de leitura.
Normalmente tem talentos espaciais (engenheiros, arquitetos, artistas).

Diagnóstico
Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, não confirmam a dislexia. Os sintomas podem ser percebidos em casa mesmo antes da criança chegar na escola. Uma vez identificado o problema de rendimento escolar, deve-se procurar ajuda especializada.

SINAIS INDICADORES DE DISLEXIA

Aquisição tardia da fala
Pronunciação constantemente errada de algumas sílabas
Crescimento lento do vocabulário
Problemas em seguir rotinas
Dificuldade em aprender cores, números e copiar seu próprio nome
Falta de habilidade para tarefas motoras finas (abotoar, amarrar sapato, ...)
Não conseguir narrar uma história conhecida em seqüência correta
Não memorizar nomes ou símbolos
Dificuldade em pegar uma bola

Início do ensino fundamental - Alfabetização
Dificuldades mais identificadas :

fala.
aprender o alfabeto
planejamento e execução motora de letras e números
preensão do lápis
motricidade fina e do esquema corporal.
separar e seqüenciar sons (ex: p – a – t – o )
habilidades auditivas - rimas
discriminar fonemas de sons semelhantes: t /d; - g / j; - p / b.,
diferenciação de letras com orientação espacial: d /b ;- d / p; - n /u; - m / u pequenas diferenças gráficas: e / a;- j / i;- n / m;- u /v
orientação temporal (ontem – hoje – amanhã, dias da semana, meses do ano)
orientação espacial (lateralidade difusa, confunde a direita e esquerda, embaixo, em cima) execução da letra cursiva

Ensino Fundamental
Dificuldades mais identificadas:

atraso na aquisição das competências da leitura e escrita. Leitura silábica, decifratória. Nível de leitura abaixo do esperado para sua série e idade.
soletração de palavras
ler em voz alta diante da turma
supressão de letras: cavalo /caalo;-. biblioteca/bioteca; - bolacha / boacha
Repetição de sílabas: pássaro / passassaro; camada / camamada
seqüência de letras em palavras Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras (ai-ia; per-pré; fla-fal; me-em).
Fragmentação incorreta: o menino joga bola - omeninojo gabola
planejar, organizar e conseguir terminar as tarefas dentro do tempo
enunciados de problemas matemáticos e figuras geométricas
elaboração de textos escritos expressão através da escrita
compreensão de piadas, provérbios e gírias
seqüências como: meses do ano, dias da semana, alfabeto, tabuada. mapas
copiar do quadro

Ensino Médio
Dificuldades mais identificadas:

Podem ter dificuldade em aprender outros idiomas.
Leitura vagarosa e com muitos erros
Permanência da dificuldade em soletrar palavras mais complexas
Dificuldade em planejar e fazer redações
Dificuldade para reproduzir histórias
Dificuldade nas habilidades de memória

DISLEXIA

Dislexia
O que é?
É uma dificuldade primária do aprendizado abrangendo: leitura, escrita, e soletração ou uma combinação de duas ou três destas dificuldades. Caracteriza-se por alterações quantitativas e qualitativas, total ou parcialmente irreversíveis . É o distúrbio (ou transtorno) do aprendizado mais freqüentemente identificado na sala de aula. Está relacionado, diretamente, à reprovação escolar, sendo causa de 15 % das reprovações. Em nosso meio, entre alunos das séries iniciais (escolas regulares) têm sido identificados problemas em cerca de 8 %. Estima-se que a dislexia atinja 10 a 15 % da população mundial
Quem pode ser afetado?
A dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Ela pode atingir igualmente pessoas das raças branca, negra ou amarela, ricas e pobres, famosas ou anônimas, pessoas inteligentes ou aquelas mais limitadas.
Qual a causa?
A dislexia tem sido relacionada a fatores genéticos, acometendo pacientes que tenham familiares com problemas fonológicos, mesmo que não apresentem dislexia. As alterações ocorreriam em um gene do cromossomo 6 . A dislexia, em nível cognitivo- lingüístico, reflete um déficit no componente específico da linguagem , o módulo fonológico, implicado no processamento dos sons da fala. Uma criança que tenha um genitor disléxico apresenta um risco importante de apresentar dislexia, sendo que 23 a 65 % delas apresenta o distúrbio.
Um gene recentemente relacionado com a dislexia é chamado de DCDC2. Segundo o Dr. Jeffrey R. Gruen, geneticista da Universidade de Yale, Estados Unidos, ele é ativo nos centros da leitura do cérebro humano.
Outro gene, chamado Robo1, descoberto por Juha Kere, professor de genética molecular do Instituto Karolinska de Estocolmo, é um gene de desenvolvimento que guia conexões, chamadas axônios, entre os dois hemisférios do cérebro.
Pesquisadores dizem que um teste genético para a dislexia pode estar disponível dentro de um ano. Crianças de famílias que têm história da dislexia poderão ser testadas. Se as crianças tiverem o risco genético, elas podem ser colocadas em programas precoces de intervenção.