domingo, 23 de maio de 2010

LETRAS NA FALA - DISLALIA

LETRAS NA FALA - DISLALIA

A palavra falada constitui-se de uma combinação de unidades mínimas de som (fonemas). Essas unidades sonoras são representadas graficamente na escrita por meio de letras. Não devemos confundir fonema com letra. O fonema é um elemento acústico, enquanto a letra é um sinal gráfico que representa o fonema segundo a convenção da língua. Nem sempre há uma correspondência entre letra e som.
Todos os fonemas da Língua portuguesa têm uma ordem para serem adquiridos pelas crianças. Algumas vezes, certas crianças não desenvolvem, necessariamente, esses fonemas na ordem estabelecida, mas esse fato isolado não quer dizer que a criança apresenta uma alteração da fala.

Quadro de correspondência fonêmica e idade de aquisição
IDADE FONEMAS
18 MESES /b/, /m/
2 ANOS /p/, /t/, /d/, /n/
2 ANOS E 1/2 /k/, /g/, /nh/
3 ANOS /f/, /v/, /s/, /z/
3 ANOS E 1/2 /ch/, /ge/, /gi/
4 ANOS /l/, /lh/, /r/, /rr/, /s/, /I/ (entre as palavras)
5 ANOS Aquisição completa

Quando um dos alunos troca alguns fonemas, diz-se que ele tem um distúrbio articulatório, ou que ele é dislálico, ou seja, que apresenta uma dislalia. Para entender melhor esse processo, alguns fatores são avaliados, entre eles:
1. O grau de inteligibilidade: quanto maior a quantidade de trocas de letras, menos inteligível a mensagem se torna para o receptor.
2. A recorrência dos erros: se as trocas são produzidas com muita frequência ou esporadicamente.
3. O tipo de troca: algumas trocas chamam mais atenção que outras, porém todas podem prejudicar o entendimento da mensagem.
4. As condições da comunicação: pode ser que alguns momentos específicos (em uma apresentação em público, por exemplo), propiciem algumas trocas, e em situações mais confortáveis a quantidade de trocas seja menor.
5. O status cultural: de acordo com o padrão cultural do emissor, pode ser que algumas trocas se tornem inaceitáveis, mas compreensíveis se vierem de uma pessoa com pouca instrução.
6. O regionalismo; apesar de todo o país falar o mesmo idioma, é possível que haja divergências quanto à aceitação de algumas trocas de acordo com a região.
7. A idade: 4 anos é a idade limite para que haja uma boa comunicação, em que uma mensagem é passada com clareza. Se isso não está acontecendo, precisa ser averiguado.
8. O subjetivismo: algumas vezes, a criança não entende que está falando de forma errada. Nesses casos, é preciso demonstrar estranheza em vez de fingir que ela está transmitindo sua mensagem, porém essa situação de estranheza não pode ser constrangedora para a criança.

Existem alguns sinais de alerta que podem indicar ao professor se o seu aluno precisa de uma investigação mais atenta. São eles:
a) quando apenas pessoas próximas entendem o que a criança está falando;
b) quando a fala da criança é muito infantilizada para a sua idade.
Nesses casos, se faz necessário procurar um fonoaudiólogo para uma avaliação. Se a família ainda não solicitou tal tratamento, é dever da escola orientar os pais a procurar um especialista e até fornecer um encaminhamento.

DISLEXIA:COMO TRABALHAR COM ELA ?

DISLEXIA: COMO TRABALHAR COM ELA?
MAIS CONTEÚDO E MENOS PRECONCEITO
Autor: Dr Jaime Zorzi
Doutor em Educação e especialista em linguagem, o fonoaudiólogo Jaime Zorzi calcula que entre 3,5% e 4% da população brasileira alfabetizada tenha problemas com a leitura e a escrita. Diretor do Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica e Audiologia Clínica (Cefac), onde também ministra aulas de pós-graduação em saúde e educação, ele explica que a dislexia é um distúrbio específico de leitura e, antes de entrar na sala de aula, o professor deve deixar de lado todos os seus preconceitos ou desistir de lecionar.
“Alguns profissionais chegam a mim perguntando qual o diagnóstico de determinadas crianças com dificuldades de aprendizagem. Eu digo que é distúrbio específico de leitura. Muitos, sem informação, chegam a dar graças a Deus por não ser dislexia. Mas mal sabem que essa é a definição da doença”, diz.
Zorzi lembra que a grande maioria não sabe que um disléxico pode aprender muito, mas só se for bem ensinado. “Quando se depara com um aluno que tem esse tipo de problema, o educador deve saber que terá um desafio pela frente. Também não pode deixar de incentivar o estudante, que muitas vezes se sente desmotivado, por ter um grau de aprendizado mais lento, não inferior”, pontua.
Para ele que já viajou por todo o Brasil e América Latina abordando o tema, é necessário incrementar a autoestima, trabalhar os pontos fracos e valorizar, especialmente, os pontos fortes que o estudante tem. “É preciso estabelecer condições favoráveis ao aprendizado, diariamente. Isso significa desenvolver novas metodologias, conhecer a competência de cada um e facilitar a vida das crianças que sofrem de algum distúrbio”, observa.
O especialista aconselha os professores, como primeira medida, a confiar na capacidade de aprendizado do aluno. Em segundo lugar, ele deve compreender o problema, para propor soluções. “Quem não tem essa postura, precisa antes avaliar sua competência para ensinar”, critica.
Ele analisa que, atualmente, trabalha-se muito com métodos que não avaliam a habilidade das crianças. Considera que todo processo que não observa o sistema alfabético de letras e sons está fadado ao erro. “É imprescindível trabalhar com as abordagens fônicas, ou seja, pensar por sons. O professor deve prestigiar a habilidade de perceber os diferentes e os semelhantes sons, como a palavra é montada. Quando a criança for escrever, ela deve pensar a palavra, seus fonemas, sua composição. Isso faz falta. Se não é desenvolvido, a criança pode travar e comprometer todo o aprendizado”, esclarece.
Zorzi explica que a dislexia é identificada durante o processo de alfabetização, ou seja, é geralmente percebida pelos educadores. Portanto, conclui, é ele quem deve avaliar as condições que a criança tem de responder ao seu programa de ensino. “Tem crianças que acompanham, outras não. O professor deve ser mais flexível. Observar suas atividades em sala de aula e modificar o programa quando necessário. Rapidez não é sinônimo de qualidade. Deve haver tempo hábil para trabalhar as matérias. Os prejudicados no processo onde o professor é irredutível e não sai do programa de ensino, são todos os alunos, não apenas os que têm algum distúrbio. O rendimento escolar cai”, lamenta.

Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br

O COMPROMISSO da ESCOLA com a INCLUSÃO

O COMPROMISSO DA ESCOLA COM A INCLUSÃO

O compromisso da escola é o de dar os melhores subsídios para o desenvolvimento geral de seus alunos. Para isso é necessário conhecê-lo integralmente, considerando cuidadosamente todos os seus aspectos perceptuais e cognitivos.
Para que se execute um plano de trabalho de tal importância, é fundamental que haja coordenação e unidade no trabalho de toda uma equipe. É justamente nesta equipe que vemos a importância de um olhar diferenciado para alunos que apresentem uma deficiência. A legislação brasileira, através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, prevê a inclusão de alunos com deficiência em salas regulares de ensino, o que representa equiparação de oportunidades educacionais e o compromisso com o princípio da igualdade de direitos para todos.
A inclusão nos traz um olhar para a mudança, para a adaptação de velhos hábitos, e isso faz com que voltemos esse olhar para nós mesmos e para a escola em que estamos trabalhando.
Precisamos transformar a realidade da escola, para que possamos trabalhar com a diferença, com a diversidade, e que isso não seja uma desvantagem, e sim um ganho, na tentativa de criarmos uma sociedade mais solidária, mais igualitária e com oportunidades para todos. É esta a grande proposta da inclusão: todos freqüentarem a escola, terem acesso a um ensino de qualidade, participarem de todas as atividades. Isso passou a ser um direito de todos e deve ser assegurado pelo Estado, como cumpridor de uma lei federal, em todas as instâncias, sendo elas públicas ou privadas.
Além de cumprirmos as obrigações legais, a inclusão nos traz outros sentimentos, como o receio do novo, da sensação de não estarmos preparados para receber os alunos com deficiência, de não sabermos o que deve ser feito, etc. Estes sentimentos são muito comuns e não devemos nos culpar. A proposta de inclusão no nosso país é recente e muito ainda temos para caminhar.
A consultoria que apresentamos poderá ter mudanças de acordo com as demandas e necessidades do cliente.

1. DIAGNÓSTICO

A fase do diagnóstico contempla um estudo quantitativo e qualitativo da realidade apresentada pelo cliente. Esta fase tem como objetivo poder ter acesso em como as estruturas estão se organizando para receber os alunos com deficiência. Consta de:
1. levantamento de número de escolas,
2. números de alunos,
3. números de alunos com deficiência e onde estão matriculados,
4. número de professores,
5. formação que professores já realizaram.

2. TRIAGEM

A triagem é composta por uma caracterização pessoal, clínica e pedagógica do aluno com deficiência, elaborado por uma fonoaudióloga e psicopedagoga. Nesta caracterização, a participação da família e dos profissionais da educação envolvidos neste processo é de suma importância.
O objetivo é avaliar e observar o processo de aprendizagem dos alunos com deficiência e seu processo de inclusão.
De cada caracterização realizada será feito um relatório e uma devolutiva aos interessados.

3. PALESTRA AOS PAIS

O objetivo das palestras aos pais é que exista uma maior interação entre a escola e a família buscando um melhor desenvolvimento da criança.
As palestras podem ser desenvolvidas quinzenalmente ou mensalmente, de acordo com a necessidade do cliente.
• Chupeta, mamadeira e dedo: será que pode ?
• Carinho: vamos praticar?
• Sexualidade infantil: até onde podemos ir?
• Alimentação;
• Primeiros Socorros;
• Desenvolvimento e Aquisição de Linguagem;
• Gagueira Infantil
• Como prevenir problemas fonoaudiólogicos
• Como estimular um filho em casa
• Educação Inclusiva: quem vai ganhar com isso?

Fonte: www.cirandadainclusao.com.br

domingo, 2 de maio de 2010

DISLEXIA: O ELEVADO PREÇO DA FALTA DE AJUDA

Dislexia: o elevado preço da falta de ajuda
Num artigo que li na revista Análise Psicológica, intitulado "Problematização das dificuldades de aprendizagem nas necessidades educativas especiais", afirmava que, em Portugal, "a legislação não contempla a categoria das dificuldades de aprendizagem específicas (DAE) e, por conseguinte, os alunos que apresentam esta problemática são totalmente ignorados e, na maioria dos casos, entregues a um insucesso escolar total que leva a níveis assustadores de absentismo e de abandono escolar". Afirmava, ainda, que:
"Na nossa óptica, torna-se importante dar um sentido conceptual ao termo DAE para, a partir daí, podermos identificar adequadamente e programar eficazmente para os alunos que verdadeiramente apresentem DAE."
Com esta afirmação queria chamar a atenção para o fato de que só ao darmos um sentido conceptual ao termo DAE poderemos operacionalizar o conceito e, consequentemente, chegar a um conjunto de respostas acadêmicas e sociais eficazes para os indivíduos cujas necessidades se enquadrem nesta problemática. Diria, até, que é de certa forma ilógico falar acerca das necessidades especiais dos alunos com DAE sem as conceptualizar, a não ser que queiramos ignorar as características atípicas desses alunos.
Embora deixando para outra ocasião a conceitualização das DAE, gostaria aqui de recordar que os indivíduos com DAE possuem um quociente de inteligência na média ou acima dela e que as DAE dizem respeito a um conjunto de desordens vitalícias (condições permanentes, portanto) que englobam várias problemáticas (ex.: dislexia, disgrafia, discalculia, dispraxia, dificuldades de aprendizagem não-verbais) das quais a mais prevalente é a dislexia, constituindo cerca de 80% do número total de alunos com DAE. É precisamente sobre a dislexia que hoje pretendo tecer alguns comentários tendo por base um artigo muito recente publicado num periódico inglês.
Em primeiro lugar é preciso que percebamos que o Ministério da Educação (ME) continua a não considerar os alunos com DAE (onde se inserem os alunos com dislexia) como receptores de serviços de educação especial, atirando-os para um estado límbico em que, na maioria dos casos, serão os próprios professores dos alunos e, porventura, alguns "professores de apoio", a tentar responder às necessidades destes alunos sem, no entanto, possuírem uma preparação adequada para o fazerem.
Resultado: Para além do aumento do insucesso escolar, assiste-se ao comprometimento do futuro dos alunos com DAE, começando no seu abandono escolar e acabando, tantas vezes, na toxicodependência e na delinquência.

Haverá forma de evitar este descalabro, este desrespeito pelos direitos dos alunos com DAE e pelos de suas famílias? Claro que há, passando as respostas pelo reconhecimento desta categoria como uma condição permanente que deve ter direito a serviços de educação especial, quando necessário, pela implementação de um processo que leve a respostas educativas eficazes, pela precocidade da intervenção, pela formação especializada de professores nesta área e pela sua gradual colocação em todos os agrupamentos do país (relembro que a prevalência das DAE é cerca de metade da prevalência de alunos com necessidades educativas especiais), uma vez que, posso afirmá-lo com alguma certeza, não haverá nenhuma classe regular que não possua pelo menos um ou dois alunos com DAE.
Perante esta situação, que nos diz a experiência de outros países?
Como referi atrás, um artigo de Anthea Lipsett (Education Guardian, de 16 de Maio de 2008) diz que "O atraso do governo em providenciar serviços de educação especial para alunos com dislexia está a custar ao país, desnecessariamente, 1.8 mil milhões de libras (cerca de 2.27 mil milhões de euros)". Diz, ainda, que esses alunos poderiam ter sucesso escolar, desde que lhes fossem prestados serviços adequados e desde que cada escola tivesse pelo menos um especialista em DAE/dislexia capaz de identificar e apoiar crianças com dislexia. Pode ainda ler-se no artigo que "às crianças com dislexia está-lhes a ser negada a oportunidade de terem sucesso". Além disso, o artigo refere que "a falta de apoio especializado para as crianças com dislexia está a repercutir-se num custo adicional para todos os cidadãos e, o que é ainda mais preocupante, está a depauperar o potencial de um quinto de todas as crianças inglesas". Contudo, de acordo com a mesma fonte, "O governo, por incrível que pareça, ainda não compreende a importância de agilizar meios especializados para as escolas. Em vez disso, está a despender desnecessariamente tempo e dinheiro em prolongadas experiências e inspeções (estão a acompanhar a implementação do nosso Decreto-Lei 3/2008, de 7 de Janeiro, e a imposição de se usar como referência a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde?), quando já existem respostas adequadas..." para os alunos com dislexia.
Voltando ao nosso país, nesta matéria só posso advogar o seguinte:
* Que os pais se organizem na defesa dos seus direitos e, muito especialmente, na defesa dos direitos dos seus filhos, sob pena de estarem a pactuar com um sistema que, hoje em dia, ao não reconhecer as DAE/dislexia como uma categoria das NEE, com direitos a serviços e apoios especializados, os coarcta constantemente.

* Que os pais lutem para que se construa um sistema que se baseie na existência de serviços que possam vir a responder às necessidades específicas dos seus filhos que apresentem DAE/dislexia, e às suas próprias necessidades, pois, se o não fizerem, poderão estar a contribuir para o agravamento dessas necessidades e consequente incremento de resultados negativos que, mais tarde, levarão os seus filhos ao completo insucesso e/ou abandono escolar e, quem sabe, a situações de delinquência, de toxicodependência e, até, de prisão.