sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Dificuldades encontradas em crianças com Dislexia

Dificuldades encontradas em crianças com Dislexia:
• Dificuldade para ler orações e palavras simples.
• A pronúncia ou a soletração de palavras monossilábicas é uma dificuldade evidente nos disléxicos.
• As crianças ou adultos disléxicos invertem as palavras de maneira total ou parcial, por exemplo, “casa” é lida “saca”. Uma coisa é uma brincadeira ou um jogo de palavras, observando a produtividade morfológica ou sintagmática dos léxicos de uma língua, outra coisa é, sem intencionalidade, a criança ou adulto trocar a seqüência de grafemas.
• Invertem as letras ou números, por exemplo: /p/ por /b/, /d/ por/ b /3/ por /5/ ou /8/, /6/ por /9/ especialmente quando na escrita minúscula ou em textos manuscritos escolares. Assim, é patente a confusão de letras de simetria oposta.
• A ortografia é alterada, podendo estar ligada a chamada CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA (alterações no processamento auditivo).
• Copiam de forma errada as palavras, mesmo observando na lousa ou no livro como são escritas. Em geral, as professoras ficam desesperadas: “como podem - pensam e reclamam - ela está vendo a forma correta e escreve exatamente o contrário?". Ora, o processamento da informação léxica, que é de ordem cerebral, está invertida ou simplesmente deficiente.
• As crianças disléxicas conhecem o texto ou a escrita, mas usam outras palavras, de maneira involuntária. Trocam as palavras quando lêem ou escrevem, por exemplo: “gato” por “casa”.
• Têm as crianças disléxicas dificuldades em distinguir a esquerda e a direita.
• Alteração na seqüência das letras que formam as sílabas e as palavras.
• Confusão de palavras parecidas ou opostas em seu significado. Os homônimos, isto é, palavras semelhantes (seção, cessão e seção) são uma dificuldade nas crianças disléxicas.
• Os erros na separação das palavras.
• Os disléxicos sofrem com a falta de rapidez ao ler. A leitura é sem modulação e sem ritmo. Os disléxicos, às vezes, com muito sacrifício, decodificam as palavras, mas não conseguem ter compreensão.
• Os disléxicos têm falha na construção gramatical, especialmente na elaboração de orações complexas (coordenadas e subordinadas) na hora da redação espontânea.

A NATUREZA Desenvolvimental da DISLEXIA

A NATUREZA DESENVOLVIMENTAL DA DISLEXIA

Sem dúvida, o quadro mais abrangente que possuímos da dislexia está localizado na criança em idade escolar. A maior parte das crianças disléxicas são encaminhadas quando não conseguiram aprender a ler, e a maior parte da pesquisa tem sido feita com essas crianças. Entretanto, é importante lembrar que a dislexia é uma dificuldade vitalícia e os sintomas que estão presentes em um ponto do desenvolvimento não estão necessariamente evidentes em outro. Também é importante lembrar que não é raro determinados déficits serem compensados com o passar do tempo. Os problemas de leitura tendem a ser a principal dificuldade nos primeiros anos da escola, mas muitos adultos disléxicos transformam-se em leitores fluentes, embora com uma ortografia deficiente. Alguns disléxicos adultos têm uma dificuldade particular em decodificar palavras que não encontraram antes, e, em geral, têm dificuldades persistentes com a consciência fonológica, nomeação rápida e tarefas verbais de memória de curto prazo (Bruck, 1990; 1992; Pennington et al., 1990)
A

ALFABETIZAÇÃO do DISLÉXICO

Alfabetização do Disléxico

O disléxico precisa olhar atentamente, ouvir atentamente, atentar aos movimentos da mão quando escreve e prestar atenção aos movimentos da boca quando fala. Assim sendo, a criança disléxica associará a forma escrita de uma letra tanto com seu som como com os movimentos FALAR-OUVIR-LER-ESCREVER, são atividades da linguagem. FALAR E OUVIR são atividades com fundamentos biológicos.
O método mais adequado tem sido o fonético e montagem de ”manuais” de alfabetização apropriada à criança disléxica.
A criança aprende a usar a linguagem falada, mas isto depende do:
• Meio ambiente compreensivo, estimulador e paciente.
• Trato vocal.
• Organização do cérebro.
• Sensibilidade perceptual para falar os sons.
O sucesso na reeducação de um disléxico está baseado numa terapia multisensorial (aprender pelo uso de todos os sentidos), combinando sempre a visão, a audição e o tato para ajudá-lo a ler e soletrar corretamente as palavras.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

DISLEXIA

Dislexia
Marina da Silveira Rodrigues Almeida

DIS – distúrbio
LEXIA - (do latim) leitura; (do grego) linguagem
DISLEXIA - dificuldades na leitura e escrita

A definição mais usada na atualidade é a do Comitê de Abril de 1994, da International Dyslexia Association - IDA, que diz:

"Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no processo fonológico. Estas dificuldades de decodificar palavras simples não são esperadas em relação a idade. Apesar de submetida a instrução convencional, adequada inteligência, oportunidade sócio-cultural e não possuir distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança falha no processo de aquisição da linguagem. A dislexia é apresentada em várias formas de dificuldade com as diferentes formas de linguagem, freqüentemente incluídas problemas de leitura, em aquisição e capacidade de escrever e soletrar."

A dislexia não é uma doença, portanto não podemos falar em cura. Ela é congênita e hereditária, e seus sintomas podem ser identificados logo na pré-escola.
Os sintomas, ainda, podem ser aliviados, contornados, com acompanhamento adequado, direcionado às condições de cada caso. Não podemos considerar como "comprometimento" sua origem constitucional (neurológica), mas sim como uma diferença, que é mais notada em relação à dominância cerebral.
"A DISLEXIA é uma dificuldade de aprendizagem na qual a capacidade de uma criança para ler ou escrever está abaixo de seu nível de inteligência."

"A DISLEXIA é uma função, um problema, um transtorno, uma deficiência, um distúrbio. Refere a uma dificuldade de aprendizagem relacionada à linguagem."

"A DISLEXIA é um transtorno, uma perturbação, uma dificuldade estável, isto é duradoura ou parcial e, portanto, temporária, do processo de leitura que se manifesta na insuficiência para assimilar os símbolos gráficos da linguagem.”

"A DISLEXIA não é uma doença, é um distúrbio de aprendizagem congênito que interfere de forma significativa na integração dos símbolos lingüísticos e perceptivos. Acomete mais o sexo masculino que o feminino, numa proporção de 3 para 1."

"A DISLEXIA é caracterizada por dificuldades na leitura, escrita (ortografia e semântica), matemática (geometria, cálculo), atraso na aquisição da linguagem, comprometimento da discriminação visual e auditiva e da memória seqüencial.”

A Hipótese do Déficit Fonológico da DISLEXIA

A HIPÓTESE DO DÉFICIT FONOLÓGICO DA DISLEXIA

É possível supor que, durante todo o desenvolvimento da linguagem, as crianças liguem a fala que ouvem às expressões que produzem. Falando de maneira ampla, esse é um aspecto fundamental do desenvolvimento fonológico. À medida que o sistema fonológico da criança se desenvolve, tais vínculos ou "representações" tornam-se pouco a pouco aperfeiçoados (Nittrouer e Studdert-Kennedy, 1987). É provável que os aperfeiçoamentos tragam com eles melhorias em algumas habilidades cognitivas subjacentes ao desenvolvimento da leitura, como, por exemplo, melhorias no acesso às formas faladas das palavras, como é requerido nas tarefas de consciência fonológica, e aumentos na capacidade da memória verbal de curto prazo, porque esta se baseia em códigos fonológicos (baseados na fala) (Snowling e Hulme, 1994).
Para a maioria das crianças, o sistema fonológico é totalmente formado na 'época em que elas iniciam o aprendizado da leitura. Pode, por isso, proporcionar uma base para o sistema de leitura, que pode ser considerado como parasítico daquele. Na verdade, várias teorias recentes do desenvolvimento da leitura propõem que as crianças estabelecem conexões diretas entre as representações de palavras impressas e as representações de palavras faladas no seu sistema de linguagem (Ehri, 1992; Goswami, 1994; Rack et al., 1994). Em um estágio posterior, (( conhecimento incorporado nestas representações se generaliza para f permitir que novas palavras sejam "decodificadas" (cf. Seidenberg e McClelland, l, 1989). Neste ponto, terá sido criado um sistema de leitura mais flexível.
Portanto, a partir dessas teorias de desenvolvimento da leitura, a situação das representações fonológicas básicas das crianças determina a facilidade com que elas conseguem aprender a ler (Hulme e Snowling, 1992b). O desempenho em uma série de tarefas de processamento fonológico, incluindo testes de consciência fonológica, memória verbal de curto prazo ou nomeação verbal, também requer acesso a representações fonológicas. Provavelmente, seja por essa razão que o desempenho nessas tarefas tenda a ser extremamente relacionado com o desempenho na leitura.
Desde 1980, surgiu na literatura um grande número de estudos apontando para as dificuldades de linguagem em crianças disléxicas, especificamente no nível da fonologia (Shankweiler e Crain, 1986). 'Talvez a dificuldade relatada de forma mais consistente seja os problemas com a consciência fonológica (Bradley e Bryant, 1978; Manis, Custodio e Szeszulski, 1993) e com a memória verbal de curto prazo (Siegel e Linder, 1984; Johnston, Rugg e Scott, 1987; Torgeson et al., 1988). Há também evidências de que as crianças disléxicas têm problemas com a aprendizagem verbal de longo prazo, como, por exemplo, a memorização dos meses do ano ou as tabelas de multiplicação.
Outra tarefa que requer a recuperação de informações fonológicas da memória de curto prazo é a nomeação. As dificuldades para encontrar palavras são freqüentemente relatadas em crianças disléxicas, e os estudos experimentais que usam tarefas de nomeação rápida relatam deficiências nos disléxicos (Denk1a e Rudel, 1976). Estendendo esse trabalho à nomeação de objetos, Katz (1986) descobriu que as crianças disléxicas eram menos capazes do que as crianças-controle de rotular os objetos do Boston Naming Test e tinham uma dificuldade particular com palavras de baixa freqüência e com polissílabas. Da mesma maneira, Snowling, van Wagtendonk e Stafford (1988) descobriram que os disléxicos cometeram mais erros de nomeação do que as crianças da mesma idade e de vocabulário similar quando foi solicitado que nomeassem objetos após a apresentação de figuras ou após definição falada. No geral, esses achados são consistentes com a visão de que as crianças disléxicas experimentam problemas específicos na recuperação de informações fonológicas da memória de longo prazo e são compatíveis com os estudos das crianças em risco que apontam para dificuldades similares precoces no desenvolvimento.
Vários estudos têm usado testes de percepção da fala e produção da fala para explorar as possíveis bases das dificuldades que as crianças disléxicas encontram com o processamento da linguagem. Brandt e Rosen (1980) investigaram a percepção das consoantes explosivas, como, por exemplo, [d] e [p], por parte de leitores disléxicos e leitores normais. Descobriram que os leitores disléxicos desempenhavam-se como crianças em um estágio inicial de desenvolvimento, um achado similar àquele de Godfrey e colaboradores (1981) Reed (1989) descobriu que as crianças disléxicas tinham mais dificuldade para determinar a ordem em que duas consoantes ou dois sons breves eram apresentados do que leitores normais da mesma idade. Em contraste, os julgamentos de ordem temporal que envolviam vogais em situação fixa não causaram dificuldade. As crianças disléxicas também tiveram mais dificuldade com uma tarefa de identificação de palavras em que a palavra apresentada por meio auditivo tinha de ser relacionada com uma de duas figuras, diferindo por um único fonema (por exemplo, goal-bowl'). Elas também eram menos . consistentes em suas categorizações fonêmicas dos estímulos.
Consideradas juntas, essas descobertas sugerem que as crianças disléxicas têm dificuldade com a percepção de sugestões auditivas breves, uma dificuldade que poderia plausivelmente ser responsável por seu desempenho prejudicado em várias tarefas de processamento fonológico. Essa dificuldade tem sido há muitos anos considerada por Tallal e seus colegas (Tallal e Piercy, 1973; Tallal et aI., 1980) como fundamental para a causa de desordens específicas da linguagem.
As crianças disléxicas também têm relatado ter dificuldades com a produção da fala (Snowling, 1981, Brady, Shankweiler e Mann, 1983). Snowling, Goulandris, Bowlby e colaboradores (1986) estenderam essas descobertas e mostraram que as crianças disléxicas têm dificuldades específicas com a repetição de não-palavras. Essa dificuldade foi interpretada como um problema dos processos de segmentação que medeiam entre a percepção da fala e a produção da fala. É discutível se os déficits de linguagem observados nestas experiências estão relacionados a dificuldades, primeiro em estabelecer, depois em acessar, representações fonológicas adequadas. Tais dificuldades podem, enfim, explicar déficits cognitivos mais abrangentes nas crianças disléxicas.

A Hereditariedade da Dislexia

A Hereditariedade da dislexia

Há muitos anos se sabe que a leitura deficiente tende a ocorrer em famílias e, hoje em dia, há evidências conclusivas de que a dislexia é hereditária (De Fries, 1991, para uma revisão). Os geneticistas do comportamento têm mostrado que há até 50% de probabilidade de um menino se tornar disléxico se seu pai for disléxico (cerca de 40% se sua mãe for afetada); a probabilidade de uma menina desenvolver dislexia é um pouco menor. O que é herdado não é a deficiência de leitura per se, mas aspectos do processamento da linguagem. Os resultados de estudos em grande escala realizados com gêmeos sugerem que há uma hereditariedade maior de aspectos fonológicos (fônicos) do que aspectos visuais da leitura. Além disso, as habilidades fonológicas de leitura compartilham uma variação hereditária com a consciência fonológica: a capacidade de refletir sobre a estrutura sonora das palavras faladas (Olson et al., 1989).
Com os estudos genéticos como pano de fundo, a menor idade em que as crianças disléxicas têm sido estudadas é a de 2 anos (Scarborough, 1990). Scarborough cercou o problema do diagnóstico precoce realizando um estudo longitudinal de crianças que estavam "em risco" de dislexia em virtude de terem pai ou mãe disléxicos. Ela comparou o desenvolvimento dessas crianças com aquele de crianças de famílias nâo-disléxicas dos 2 aos 7 anos de idade. Quando as crianças estavam com 7 anos e suas habilidades de leitura puderam ser avaliadas, foi possível observar, retrospectivamente, os dados da pré-escola e comparar as crianças que vieram a se tornar disléxicas com crianças que não desenvolveram dificuldades de leitura. Uma importante diferença entre os grupos estava na produção da fala. Embora as crianças disléxicas usassem uma variedade tão grande de vocabulário nas conversas com suas mães quanto suas contra partes não-disléxicas, elas cometiam mais erros de fala e seu uso da sintaxe era mais limitado. Aos 5 anos, as crianças disléxicas tinham mais dificuldade com a nomeação dos objetos e com as tarefas de consciência fonológica. Suas habilidades de alfabetização emergentes também eram mais deficientes; estavam menos familiarizadas com as letras do alfabeto e tinham um desempenho pior na correspondência das imagens com a palavra impressa.
Um estudo recente, por nós realizado, vai em direção à ratificação dos resultados encontrados por Scarborough. Gallagher, Frith e Snowling recrutaram 73 crianças de famílias em que havia um parente de primeiro grau com dislexia e as avaliaram em uma série de tarefas de linguagem pouco antes de completarem 4 anos. Embora não diferissem na sua habilidade não-verbal, as crianças em risco de dislexia tiveram um desempenho em geral mais fraco nos testes de fala e processamento da linguagem do que as crianças das famílias controle, sem história de dislexia. Elas exibiram, particularmente, déficits em sua compreensão do vocabulário e em sua habilidade de nomeação, assim como na repetição de palavras novas (não-palavras de duas sílabas). Em termos de habilidades anteriores à alfabetização, as crianças em risco apresentaram um conhecimento mais fraco das letras e das rimas infantis.
Esses dois estudos das deficiências nas crianças em risco de dislexia realizados bem antes da época tradicional do diagnóstico, na idade escolar, sugerem que as crianças disléxicas exibem déficits de linguagem precoces. Os dados são consistentes com a teoria de que a dislexia é um déficit do processamento fonológico; deficiências no sistema de produção da fala foram reveladas em ambos os estudos, assim como problemas de consciência fonológica emergentes. Entretanto, esses estudos também nos alertam para a possibilidade de dificuldades de linguagem mais diversificadas nas histórias dessas crianças. Os atrasos ou dificuldades revelados no desenvolvimento de sintaxe produtiva e de vocabulário raramente são discutidos com referência à criança disléxica em idade escolar. Pode ser que eles sejam compensados com o desenvolvimento ou, pelo menos, fiquem fora do alcance da vista (cf Stackhouse e Wells, 1991).
As evidências dos estudos de dislexia realizados durante o tempo de vida dos pacientes são bastante consistentes com aqueles das comparações de grupos de crianças disléxicas e normais. Passaremos, agora, a examinar a pesquisa que contribui para a visão geralmente aceita de que os déficits de processamento fonológico são déficits básicos na dislexia. Assim fazendo, continuamos cientes do fato de que a manifestação comportamental dos déficits subjacentes à dislexia dependerá da idade da criança e da extensão em que eles têm sido remediados, quer através do ensino ou através de outras formas de intervenção, incluindo a fonoaudiologia (Frith, 1995; Morton e Frith, 1995).

DISLEXIA- Perguntas e Respostas

Dislexia - Perguntas e Respostas

O que é a Dislexia?

A Dislexia caracteriza-se por problemas na leitura. Quando a pessoa lê, ela pode não entender bem os códigos da escrita. A leitura pode ser lenta, silabada e a pessoa pode ter dificuldades em reconhecer até mesmo as palavras mais familiares. A Dislexia é inesperada pois não tem uma causa evidente. A pessoa tem inteligência normal e condições adequadas no seu meio assim como no ensino, não apresenta doenças neurológicas ou psiquiátricas e não tem alterações significativas auditivas e visuais.

A dislexia é uma doença?

A dislexia não é considerada uma doença. As pessoas com dislexia apresentam um funcionamento peculiar do cérebro para os processamentos lingüísticos relacionados com leitura. O disléxico tem dificuldade em associar o símbolo gráfico, as letras, com o som que elas representam, e organizá-los, mentalmente, numa seqüência temporal. É uma dificuldade de linguagem inesperada, pois não está relacionada com problemas visuais, auditivos, lesões neurológicas, atraso, problemas psicológicos e sócio culturais.

Toda a pessoa disléxica tem sempre problemas na leitura?

O que caracteriza a dislexia é a dificuldade para descodificar os símbolos escritos e reconhecer imediatamente as palavras, tendo como conseqüência dificuldades na compreensão dos textos.

Com que idade pode ser feito um diagnóstico de dislexia? Quais os profissionais que fazem esse diagnóstico?

Podemos suspeitar a presença da dislexia desde cedo, principalmente na época da alfabetização, quando a leitura e escrita são formalmente apresentadas à criança. Um diagnóstico mais precisa é feito a partir do 2° ano, após dois anos de aprendizagem da leitura. Mas havendo sinais de dificuldades nas áreas de linguagem, um atendimento adequado deve ser iniciado antes mesmo da alfabetização.
Os profissionais que podem realizar este diagnóstico são os Terapeutas da Fala trabalhando conjuntamente com os psicólogos especializados no assunto. Quando necessário, podem ser solicitados exames complementares (neurológico, neuropsicológico, processamento auditivo central, neuroftalmológico).

Existem sintomas antes da idade escolar?

Alguns sintomas podem ser observados desde cedo, como dificuldades para se expressar oralmente, dificuldades em identificar rimas e sons nas palavras, compreender o que é falado, dificuldades na orientação de espaço e tempo.

Quais são os direitos de um aluno disléxico perante a lei?

Todas as crianças têm o direito fundamental à educação. O Decreto-Lei n.º 3/2008 vem enquadrar as respostas educativas a desenvolver no âmbito da adequação do processo educativo às necessidades educativas especiais dos alunos com limitações significativas ao nível da atividade e participação, num ou vários domínios da vida, decorrentes de alterações funcionais e estruturais de permanente e das quais resultam dificuldades continuadas ao nível da comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e da participação social.

A dislexia pode ser encontrada também no adulto?

A dislexia é um transtorno de linguagem que perdura ao longo da vida, nasce-se disléxico. Mediante um grande esforço, os adultos podem ter aprendido a conviver com suas dificuldades, e se tiverem feito um tratamento adequado, terão desenvolvido estratégias que compensarão estas dificuldades, facilitando-lhes a vida acadêmica.

Como pode uma pessoa com dislexia enfrentar a vida acadêmica?

A intervenção terapêutica adequada para o desenvolvimento de estratégias de leitura, realizadas com a ajuda do Terapeuta da Fala especializado, são essenciais para o êxito da aprendizagem. A família tem um papel de grande importância, assim como a escola. Ambos devem conhecer as características do disléxico, respeitando os seus limites e valorizando muito seu potencial.

A criança disléxica pode freqüentar uma escola normal? E uma escola bilíngüe?

A criança disléxica deve freqüentar a escola regular. É importante que a equipa escolar conheça os aspectos característicos da dislexia, o funcionamento leitor do disléxico e esteja pronta e disponível para atender estas necessidades especiais. A escola bilíngüe não é indicada para uma criança com dificuldades de linguagem, pois ela deverá lidar com vários idiomas simultaneamente, com diferentes estruturas fonéticas e gramaticais, o que tomará mais complexa a aprendizagem da língua escrita.

Como identificar a diferença entre uma criança má alfabetizada ou com dificuldades na aprendizagem e uma criança disléxica?

A criança má alfabetizada consegue vencer suas dificuldades, até ficarem totalmente superadas. A criança disléxica tem sinais que a acompanharão por toda a vida. Há possibilidade de realizar este diagnóstico diferencial utilizando-se avaliações específicas.

A dislexia é hereditária?

A dislexia de desenvolvimento, aquela que nasce conosco, com freqüência aparece em outros casos familiares. As causas genéticas e distúrbios neuroquímicos estão a ser estudadas pelas ciências neurocognitivas.

A dislexia pode ser adquirida?

Se uma pessoa tiver um traumatismo craniano, doenças neurológicas graves ou problemas emocionais severos, ela poderá apresentar um grande transtorno na sua aprendizagem e conseqüentemente na leitura, mas com causa evidente.

sábado, 5 de novembro de 2011

DEFICIÊNCIA ( Mário Quintana )

DEFICIÊNCIA

Mário Quintana


Deficiente é aquele que não consegue modificar a vida, aceitando as imposições de outras pessoas
ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
Louco é quem não procura ser feliz com o que possui.
Cego é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus
míseros problemas e pequenas dores.
Surdo é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou apelo de um irmão.
Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
Mudo é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
Paralítico é quem não consegue andar na direção daquelas que precisam de sua ajuda.
Diabético é quem não consegue ser doce.
Anão é quem não sabe deixar o amor crescer.
E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
Miseráveis são todos que não conseguem falar com Deus.

domingo, 25 de setembro de 2011

DISLEXIA

Dislexia

A criança disléxica demonstra sérias dificuldades com a identificação dos símbolos gráficos no inicio da sua alfabetização, o que acarreta fracasso em outras áreas que dependem da leitura e da escrita.
Agora, com mais detalhes vamos enfocar a dislexia como um distúrbio específico do indivíduo em lidar com os símbolos (letras e/ou números), para que esse indivíduo possa ser ajudado pelos professores na sala de aula.
As principais dificuldades apresentadas pela criança disléxica, de acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), são:
• Demora a aprender a falar, a fazer laço nos sapatos, a reconhecer as horas, a pegar e chutar bola, a pular corda.
• Tem dificuldade para:
- escrever números e letras corretamente;
- ordenar as letras do alfabeto, meses do ano e sílabas de palavras compridas;
- distinguir esquerda e direita.
• Necessita usar blocos, dedos ou anotações para fazer cálculos.
• Apresenta dificuldade incomum para lembrar a tabuada.
• Sua compreensão da leitura é mais lenta do que o esperado para a idade.
• O tempo que leva para fazer as quatro operações aritméticas parece ser mais lento do que se espera para sua idade.
• Demonstra insegurança e baixa apreciação sobre si mesma.
• Confunde-se às vezes com instruções, números de telefones, lugares, horários e datas.
• Atrapalha-se ao pronunciar palavras longas.
• Tem dificuldade em planejar e fazer redações.

O esforço de lutar contra as dificuldades, a censura e a decepção às vezes leva a criança disléxica a manifestar sintomas como dores abdominais, de cabeça ou transtornos de comportamento.
Em geral, ela é considerada relapsa, desatenta, preguiçosa, sem vontade de aprender, o que cria uma situação emocional que tende a se agravar, especialmente em função da injustiça que possa vir a sofrer.
Muitos conflitos e frustrações acompanham o disléxico e sua família, pois, sendo ele normal intelectualmente, as expectativas da família são sempre muito altas.
Reprovações e abandono escolar são ocorrências comuns na vida escolar do disléxico. Existem também conseqüências mais profundas, no nível emocional, como diminuição do autoconceito, reações rebeldes e delinqüenciais, ou de natureza depressiva.
A motivação é muito importante para a criança disléxica, pois, ao se sentir limitada, inferiorizada, ela pode se revoltar e assumir uma atitude de negativismo. Por outro lado, quando se vê compreendida e amparada ganha segurança e vontade de colaborar.
Os disléxicos precisam de tratamento especializado tanto quanto outros deficientes na área de linguagem, mas precisam, e muito, do auxilio do professor.
O professor que deseja ajudar seus alunos, solucionando ou minimizando os problemas de linguagem, sabe que é necessário encaminhá-los para tratamento e colaborar nesse tratamento. Mas ele sabe também que o atendimento gratuito é sujeito a grande espera e que o nível econômico da maioria dos escolares não permite tratamento particular. Reconhece então que só através de um trabalho paciente e constante poderá prestar à criança a ajuda que ela tanto necessita.




Sugestões para ajudar a criança disléxica

Entre as sugestões apresentadas pela Associação Brasileira de Dislexia (ABD), em texto de Marion Welchmann, destacamos:

• Estabelecer horários para refeições, sono, deveres de casa e recreações.

• As roupas do disléxico devem ser arrumadas na seqüência que ele vai vestir para evitar confusões e preocupações à criança (simplificar usando zíper em vez de botões, sapatos e tênis sem cordão e camisetas).

• Quando for ensinar a amarrar os sapatos, não fique de frente para a criança; coloque-se a seu lado, com os braços sobre os ombros dela.

• Como a criança disléxica tem muita dificuldade para saber as horas, marque no relógio, com palavras, as horas das obrigações. Isso evita a preocupação da criança.

• Para as que têm dificuldade com direita e esquerda, uma marca é necessária, Isso pode ser feito com um relógio de pulso, um bracelete ou um botão pregado no bolso do lado favorecido:

• Reforçar a ordem das letras do alfabeto, cantando e dividindo-as em pequenos grupos.

• Ensinar a criança a "sentir" as letras através de diferentes texturas de materiais, como areia, papel, veludo, sabão etc.

• Ler histórias que se encontrem no nível de entendimento da criança.

• Instruir as crianças canhotas precocemente, para evitar que assumam posturas pouco confortáveis e mesmo prejudiciais, como encobrir o papel com a mão ao escrever.

• Providenciar para que a criança use lápis ou caneta grossas, com película de borracha ao redor e que sejam de forma triangular.

• A criança disléxica confunde-se com o volume de palavras e números com que tem de se defrontar. Para evitar isso, arranjar um cartão de aproximadamente 8 cm de comprimento por 2 cm de largura, com uma janela no meio, da largura de uma linha escrita e comprimento de 4 cm. Deslizando o cartão na folha à medida que a criança lê, ele bloqueia o acesso visual para as linhas de baixo e de cima e dirige a atenção da criança da esquerda para a direita.

Fonte: Antônio Manual Morais, Distú

Escolas c/ bom convívio têm muito a ensinar

Escolas com bom convívio têm muito a ensinar

Valorizar as relações humanas é fundamental para transformar instituições de ensino em verdadeiras comunidades de aprender.



A Educação Básica é um direito de cada criança e jovem. Quando pensada como só mais um serviço, é frequentemente avaliada pelo seu desempenho, da forma como se julgam ofertas de mercado. Por mais comum que isso seja, é preciso questionar se essa avaliação está levando em conta aspectos essenciais da Educação que, se forem desvalorizados, podem ser também esquecidos. Ao destacar um desses aspectos, a boa convivência entre todos na escola, convido todos os meus colegas a lançar um novo olhar sobre seus espaços de trabalho, para além dos exames convencionais.
Cooperando com unidades de ensino pelo Brasil, tenho encontrado algumas que são referência de vida e de trabalho para seus alunos, ex-alunos e professores e que, sem precisar alardear liderança em classificações - mesmo que as tenham-, são disputadas pelas famílias que as conhecem. Diferentes umas das outras, essas instituições estão em bairros carentes ou de elite, são grandes ou pequenas, públicas ou privadas, mas têm em comum uma característica difícil de mensurar: a qualidade das relações na realização de sua função social, que é ensinar.
O bom convívio é desejável em qualquer atividade, sendo essencial em família, no trabalho, nos esportes ou no trânsito e, portanto, deveria ser valorizado especialmente na Educação. Por isso, procurei identificar nas escolas que me chamam a atenção as condições que contribuem para o melhor relacionamento entre estudantes, educadores, funcionários, famílias e comunidade. Posso mostrar que são relativamente simples, mas nem sempre tão presentes.
Antes de tudo, para um bom convívio, é preciso que haja convívio - o que, por mais óbvio que pareça, nem sempre ocorre. Quando o ensino se resume a treinamento e transferência de informação, as interações entre estudantes chegam a ser evitadas a pretexto de prejudicarem a concentração. O que resta é uma relação de competição entre alunos e de recíproca cobrança entre eles e seus professores. Já se o convívio participativo é promovido nas salas de aula e em atividades de sentido social, artístico, técnico ou científico, o aprendizado se dá em um processo cooperativo, no qual relações de confiança e amizade se estabelecem naturalmente. Isso pode ocorrer por iniciativa de um professor, mas só se generaliza quando há um projeto educativo que promove a convivência de toda a equipe escolar e dos jovens.
Quando são discutidas as responsabilidades de cada um na formação, as regras de convívio não são ignoradas, as relações não se limitam a queixas de comportamento e o exercício de autoridade, quando necessário, é compreendido. Melhor ainda: se os novos alunos, pais e professores forem apresentados pelos que os antecederam à forma com que a escola cumpre suas metas, eles farão parte de um compromisso para enfrentar problemas, e não para reclamar deles.
Para que essa participação prossiga ao longo do ano letivo, é preciso fazer consultas, mediar conflitos e rever percursos, o que se realiza com corresponsabilidade, especialmente nos conselhos de classe e de escola. Neles, professores, coordenadores e representantes das famílias - e, dependendo da etapa escolar, também de alunos - acompanham resultados e discutem problemas. Podem fazer isso ainda melhor quando apoiados por grupos de trabalho dedicados, por exemplo, ao reforço na aprendizagem e à orientação educacional ou a atividades sociais, culturais e de relacionamento com o bairro. Com isso, toda a coletividade escolar se desenvolve continuamente em instituições que não são fábricas de ensinar, mas comunidades de aprender. Nelas se estudam línguas, humanidades, matemática, Arte, Ciências e, não menos importante, se exercita o bom convívio.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

ESPAÇOS ALTERNATIVOS

Espaços alternativos capazes de contribuir para que a pessoa com necessidades especiais se realize como ser humano


Os seus objetivos principais é oferecer às pessoas com necessidades especiais um espaço alternativo para a exploração do prazer de brincar, cantar, conhecer, enfim, de pesquisar o mundo em suas diferentes possibilidades e, também, promover educação que favoreça o desenvolvimento integral da pessoa humana, independentemente dos limites apresentados por diferentes fatores, bem como proporcionar um espaço alternativo capaz de contribuir para que a pessoa com necessidades especiais se realize como ser humano.
Os espaços alternativos estão organizados para desenvolver conteúdos específicos. No espaço de artes plásticas, trabalha-se a leitura dos objetivos e da realidade, caracterizando formas e espaços (posição, proporção e movimento), além da valorização do saber estético quanto aos elementos visuais (forma, cor, linha, textura).

Objetivo desse espaço:

“Levar a criança a conhecer, compreender e expressar o mundo humanizado, pelo domínio de diferentes linguagens artísticas; desenvolver a sensibilidade, a imaginação e a capacidade de auto-expressão; identificar as diferentes formas de expressão artísticas como resultado da ação conjunta do fazer, do pensar e do olhar”. (UEM, 1995, p.28-29).
Os conteúdos do espaço de música e teatro voltaram-se para o relaxamento, desenvolvimento do senso estético e musicalização por meio de jogos, canto, parlendas, grupos de percussão, ritmo corporal, improvisação e bandinha rítmica.
Eles têm por objetivo: ”Contribuir para o desenvolvimento da criança com necessidade especiais”.





Fonte: Revista Escola.

DIFICULDADES na LEITURA ORAL

Dificuldades na leitura oral (Disléxico)

A leitura oral abrange tanto a visão quanto a audição da criança, pois ela precisa perceber as informações que seu cérebro processará. Se um desses dois canais estiver recebendo a informação de maneira distorcida, a criança apresentará distúrbios na leitura, devido a dificuldades de percepção visual ou auditiva,

Dificuldades de discriminação visual

Existem dois tipos de problemas ligados à discriminação visual: a criança pode apresentar um defeito de visão (corrigível com o uso de lentes apropriadas) ou uma incapacidade para diferenciar, interpretar ou recordar palavras, devido a uma disfunção do sistema nervoso central. Caso ela não se enquadre nos dois casos acima citados, poderá ainda apresentar dificuldades de discriminação visual no início da alfabetização, por falta de estímulo dessa habilidade na época pré-escolar.

Entre as dificuldades de discriminação visual destacamos:

• Confusão de letras ou palavras semelhantes: a criança não nota detalhes, não consegue ver configurações gerais. Exemplo: bola e bolo; folha e falha.
• Dificuldade no ritmo da leitura: a criança percebe a palavra quando ela é mostrada lentamente, mas não consegue ler as palavras mostradas com rapidez.
• Reversão: troca o b pelo d; o p pelo q. Exemplo: bebo, a criança lê "dedo".
• Inversão: lê o u em lugar do n; o p em lugar do b. Exemplo: pouco/ponco; pala/bala.
• Dificuldade em seguir seqüências visuais: a criança lê a palavra, mas quando é pedido para organizá-la em sílabas ou letras, erra a ordem e a soletração. Exemplo: ave - "vea".
• Dificuldade em ler da esquerda para a direita: a criança não respeita o sentido correto da leitura, o que resulta na escrita especular ou em espelho. Exemplo: tatu - "utat".
• Adição: a criança lê frases adicionando palavras que não estavam no texto. Exemplo:
O menino é grande.
O menino é bem grande.
• Omissão: lê omitindo palavras ou frases inteiras. Exemplo:
O vestido vermelho da menina é bonito.
O vestido é bonito.
• Repetição: repete palavras, linhas e parágrafos. Exemplo:
Eu vi um lindo cachorro no parque.
Eu vi um lindo lindo cachorro no parque.
• Substituição:. troca as palavras, mantendo ou alterando ,o significado da frase. Exemplos:
A menina vestiu a blusa.
A menina colocou a blusa.
O gato subiu no muro.
O gato fugiu no muro.
• Agregação: lê acrescentando letras às palavras. Exemplo: caderneta - "carderneta".I

Dificuldades de discriminação auditiva

Envolvem os problemas auditivos relacionados com as dificuldades em discriminar os sons, sobretudo aqueles que estão acusticamente muito próximos uns dos outros e que, por terem os pontos de articulação quase iguais, levam a criança a confundir os fonemas, como em vaca e faca.
Na leitura, as dificuldades de discriminação auditiva constatadas mais freqüentemente são:
• Troca de consoante surda por sonora: f/v; p/b; ch/j; t/d; s/z; c/g. Exemplo: cama - gama.
• Troca de vogal oral por nasal: an/a; en/e; in/i; on/o; um/u. Exemplo: acendeu --: acedeu.
• Pontuação ausente ou inadequada.
• Elocução hesitante ou inexpressiva.
• Incapacidade para ouvir sons iniciais ou finais das palavras. Exemplo: a palavra é dia e a criança ouve "deu".
• Análise e síntese auditiva deficientes: a criança não é capaz de separar uma palavra em sílabas ou em sons individuais e juntá-los na formação de outras palavras.

Dificuldades na leitura silenciosa / dislexia

Leitura silenciosa é o ato de ler frente à uma estimulação escrita, mantendo o corpo na mesma posição, sem movimentar os lábios, usando apenas os olhos como elementos indicadores.
As dificuldades mais comuns nesse tipo de leitura são:
• Lentidão no ler, acompanhada de dispersão.
• Leitura subvocal (cochichada), através da emissão ou não dos sons.
• Necessidade de apontar as palavras com lápis, régua ou dedo.
• Perda da linha durante a leitura, chegando a ocorrer salto de linhas.
• Repetição da mesma frase ou palavra várias vezes.

Dificuldades na compreensão da leitura/ dislexia

Compreender o que se lê quer dizer perceber integralmente o significado do que está escrito ou do que está sendo falado (ouvido).
A compreensão da leitura pode acontecer em três níveis, como afirma Morais:
Literal - engloba a compreensão das idéias propostas no texto.
Inferencial - pressupõe a análise das idéias que não estão contidas no texto, baseada na experiência do leitor.
Critico - comparação das idéias do autor com os referenciais internos do leitor.

As dificuldades de compreensão da leitura são ocasionadas por:

• Problemas relacionados à velocidade, pois a leitura silabada impede a retenção do texto, mais que a leitura fluente.
• Deficiência de vocabulário oral e visual, o que impede uma perfeita compreensão, visto que o leitor não consegue ter uma visão global do texto lido.
• Utilização inadequada dos sinais de pontuação, que reduz a velocidade da leitura e pode provocar uma interferência no significado do que está sendo lido.
• Incapacidade para seguir instruções, tirar conclusões e reter idéias, aplicando-as e integrando-as à própria vivência anterior


Fonte: Antonio Manuel Pamplona Morais, Distúrbios da aprendizagem; uma abordagem psicopedagógica

quinta-feira, 30 de junho de 2011

PROPOSTAS DE TRABALHOS p/ os DISLÉXICOS

DISLEXIA

A dislexia é um distúrbio de origem neurológica, congênito e hereditário, comum apresentar em parentes próximos. A dislexia mostra-se evidente na época da alfabetização, pois aparecem as dificuldades no processo de leitura, escrita, soletração e ortografia. Mas, outros sintomas ocorrem em fases anteriores à alfabetização, freqüentemente os pais percebem seu filho “diferente”; a criança pode apresentar um atraso na aquisição e uso da linguagem falada, mas freqüentemente, a família não valoriza esse sinal e conseqüentemente essa conduta atrasa o processo terapêutico adequado.
A dislexia independe de causas intelectuais, emocionais e culturais, a criança disléxica falha no processo de aquisição de linguagem, ocorre uma discrepância inesperada entre o seu potencial para aprender e seu desempenho escolar.
O diagnóstico de dislexia é feito por equipe multidisciplinar uma vez que, o mesmo é realizado por exclusão, pois na maioria das vezes os exames clínicos convencionais apresentam resultados dentro da normalidade.
O disléxico tratado adequadamente controla a dispersão, desenvolve a atenção e a disciplina, que são fatores fundamentais para o seu sucesso e êxito nas habilidades de linguagem e escolares. Os pontos positivos do disléxico devem ser exaltados, alguns exemplos: ótimo nível intelectual, criatividade acima do esperado, bom humor, fácil socialização, facilidade em quebrar paradigmas, genialidade, inventividade, aptidões intuitivas e artísticas, habilidade em lidar com múltiplas situações ao mesmo tempo, em alguns casos o disléxico apresenta facilidade em cálculos ou muita dificuldade resultando em Discalculia (que pode vir acompanhada da Dislexia).
Como todos transtornos de aprendizagem na leitura e escrita, requer um bom diagnóstico, para um tratamento adequado e um prognóstico satisfatório para família e criança, é preciso conhecer as terminologias e adequar-se a elas.

Dislexia, refere-se ao distúrbio específico no aprendizado de leitura e escrita;
Disgrafia, a ocorrência de trocas, omissões, aglutinações, transtornos sintáticos-semânticos da língua;
Disortografia, refere-se a incapacidade motora fina e habilidades de lidar com espaços (linhas), e todas distorções léxicas de linguagem;
Discalculia, a incapacidade e dificuldade com raciocínio lógico matemático, em fazer cálculos simples até a compreensão complexa das propostas matemáticas.

Quando realizado diagnóstico multidisciplinar; priorizar tratamento e focar as dificuldades, utilizando suas habilidades para o alcance de êxito nas terapias propostas.
A família, escola, e o próprio individuo deve ter conhecimento do seu diagnóstico e tratamento, pois em equipe com a mesma linguagem, o resultado será satisfatório.

Sugestões e Conduta para Escola:

- Orientar professor a utilizar um combinado multisenssorial: visão, audição e tato, e estratégias como:
- Relógio digital;
- Calculadora;
- Gravador;
- Confecção do próprio material de alfabetização;
- Usar gravuras e fotografias, pois a imagem é essencial para a sua aprendizagem;
- Folhas quadriculadas para a matemática;
- Máscara para leitura de texto;
- Letras com várias texturas;

Algumas Atitudes Éticas Elevam a Auto-Estima dos Educandos que Apresentam Dislexia e Disgrafia:

- Evitar menospreza-los diante dos amigos não os forçando a ler em voz alta nem dizendo seus erros ou suas notas baixas para que todos escutem;
- Rever falas e mensagens constantemente;
- Ser paciente quando estiverem copiando do quadro ou fazendo alguma avaliação, dando-lhe mais tempo do que aos outros e estimulando-os;
- Ao ler palavras longas, ensine-os a separa-la com a ponta do lápis;
- Usar sempre uma linguagem clara e, em línguas estrangeiras, utilizar trabalhos e pesquisa, pois eles têm ainda mais dificuldade;

Propostas Terapêuticas para Equipe Multidisciplinar:

Intencionado em colaborar no tratamento desses distúrbios, Valett propôs algumas atividades relevantes a serem realizadas em sala de aula, tais como:

- Imitar ações: sentar, levantar, tocar o nariz, orelhas, boca, bater os pés, bater palmas, etc;
- Imitar ações e sons: bater palmas e dizer e dizer BANG, tocar tambor e falar BUM;
- Imitar sons: de animais, iniciando por sons simples como os do gato, cachorro, vaca, cabra, indo gradativamente para sons mais complexos como os do cavalo, leão, tigre, etc;
- Ditado mudo: apresentar gravuras do dia a dia e pedir que a criança escreva as palavras correspondentes às gravuras;
- Jogos ativos e marchas rítmicas: incluir sons;
- Analisar palavras foneticamente: identificar palavras através de sons vocálicos ou consonantais;
- Trabalhar com rimas: cantigas infantis, recitar rimas e poesias, trva-língua, charadas, etc;
- Histórias em rodízio: o professor inicia uma história e os demais alunos vão continuando um a um;
- Envolver os alunos em atividades complexas: confecção de murais artísticos, encenação de peças teatrais, descrição de envolvimentos em situações ou eventos globais;
- Trabalhar com histórias em quadrinhos: através de recortes de revistas ou desenhos próprios os alunos poderão elaborar histórias orais e escritas seqüencialmente;
- Jogos de quebra-cabeça em seqüência;
- Copiar e escrever palavras soletradas de memória através de palavras cruzadas;
- Desenhos e pinturas livres ou sugestionados;

Algumas Dicas de como os Pais Podem Ajudar seus Filhos:

- Descobrir sua habilidade e investir com dedicação;
- Diminuir a ansiedade. Procurar mais informações sobre dislexia;
- Manter a auto-estima da criança;
- Escolher um objetivo e uma alternativa de tratamento;
- Auxiliar a criança nos tratamentos necessários: fonoaudiológico, psicopedagógico, e atividades escolares;
- Traçar prioridades e objetivos a curto prazo;
- Falar abertamente com a criança sobre suas dificuldades e a necessidade de empenho;
- Respeitar o tempo de aprendizagem da criança;
- Colocar limites e disciplina nos estudos e na vida.
- Não comparar a criança com outras;

Quanto aos pais, cabe o apoio em procurar ajuda profissional de Fonoaudiólogos, Psicólogos, Neurologistas e Psicopedagogos. Devem ainda encoraja-los a possuir outras atividades fora do colégio como a prática de esportes, cursos de música, fotografia, desenho, etc. Um alerta aos pais é não permitir que suas dificuldades impliquem em um mal comportamento e na falta de limites.


Autoras:
Simony Gomes de Almeida Rezende Fonoaudióloga
Lana Cristina de Paula Bianchi Fonoaudióloga

DISLEXIA NO ADULTO

A DISLEXIA NO ADULTO, SUA EVOLUÇÃO E CONSEQUÊNCIAS

Fala-se muito mais sobre dislexia hoje que há alguns poucos anos. O conhecimento atual evoluiu, sobretudo com as descobertas das neurociências sobre como se dá a aquisição da leitura e escrita e sobre as funções cerebrais durante a leitura. Através das neuroimagens, hoje sabemos como se processam as rotas neurais do disléxico
durante a leitura e no que se diferenciam do leitor comum. Os dados clínicos que dispomos sobre o disléxico, acompanhados da infância até a idade adulta, demonstram um quadro de evolução dos sinais da dislexia ao longo da vida do portador. Essa evolução ocorre porque embora alguns déficits fonológicos e visuais permaneçam, o disléxico é dotado de inteligência normal ou superior - e freqüentemente desenvolve estratégias compensatórias em seu processo de aprendizagem, ainda que lide com algumas limitações.

Um adulto inteligente com dificuldades de leitura convive com uma discrepância bastante significativa entre sua potencialidade e esforço, em detrimento dos resultados escolares obtidos ao longo de sua vida acadêmica, além de prejuízos em sua formação como um todo, decorrendo em sérios comprometimentos em sua vida pessoal, emociona e profissional.

Um quadro de dislexia no adulto costuma ser identificado através da anamnese. Sua história denota sinais indicadores do transtorno desde a fase pré- escolar, tais como atraso na aquisição da fala, trocas orais e/ou migrações de letras não esperadas pela faixa etária. Também são comuns dificuldades para nomear objetos, vocabulário pobre, dificuldade para aprender brincadeiras e cantigas infantis, principalmente quando evolvem rimas e aliterações.

É comum entre as crianças disléxicas o uso que fazem de palavras substitutas ou imprecisas, bem como confusão no uso de palavras que indicam direcionamento (dentro, fora, etc.). Apresentam-se, por outro lado, extremamente inteligentes, criativos e com aptidão para desmontar e construir brinquedos. Outro dado fundamental a ser rastreado é se os antecedentes familiares deflagraram dificuldades escolares ao longo de suas vidas acadêmicas, uma vez que já está comprovada a influência genética do distúrbio.

Na fase escolar, da primeira à quinta série, observam-se sinais mais claros e sugestivos da dislexia, como lentidão para aprender a ler ou mesmo dificuldades para acompanhar o início da escrita. Eles denotam dificuldades para memorizar o traçado das letras, não conseguem relacioná-las a contento com suas representações sonoras, decorrendo em trocas visuais (a/e/o, m/n/w, d/b, q/g) e auditivas (f/v, d/t, ch/j, b/p), em migrações de letras ou sílabas (“secada”/escada) não esperadas pela idade e série.

Apresentam dificuldades para soletrar as palavras e demonstram dificuldade acentuada para perceber a sílaba tônica das mesmas. Nota-se o esforço para a leitura da palavra isolada e principalmente de pseudopalavras (palavras inventadas), a pronúncia dificultosa de partes das palavras, bem como dificuldade para decorar as pronúncias e os significados de palavras novas ou não frequentes, o que os obriga à exaustiva repetição para decodificar e acessar o som e o significado das palavras.

Como se vê, há um padrão de evidências básicas que denotam deficiências no défict fonológico, além de questões de ineficiências relativas aos aspectos do processamento visual, que são fundamentais para a aquisição das habilidades da leitura e escrita. Esse padrão pontuado pelo portador da dislexia no decorrer de sua vida acaba se evidenciando ao longo das avaliações fonoaudiológica, psicopedagógica e neuropsicológica. Devemos ter em mente, entretanto que todo indivíduo possui suas especificidades, o que também se aplica aos seus processos individuais de aprendizagem.

Os sinais se modificam a partir da sexta série, na medida em que o aluno tendo a automatizar a decodificação da leitura e a codificação da escrita, mas sempre de forma mais custosa e lenta que seus colegas. A ineficiência na leitura neste período é mais evidente no quesito compreensão: o disléxico se queixa de não entender o que lê, apresentando dificuldades para acompanhar sua classe, por lhe faltarem as ferramentas básicas para edificar sua educação formal, para desenvolver suas competências cognitivas.

A partir daí, o processo tende a se agravar continuamente, em um círculo vicioso. Como não possui o hábito de ler, sobretudo pela dificuldade de compreensão, seu vocabulário tende a ser escasso, seu arquivo pessoal de conhecimentos pobre e o portador de dislexia se limita cada vez mais à produção de textos, em uma esforço natural para evitar o confronto com suas dificuldades e as críticas de pais, colegas e professores.

O adulto disléxico, do ensino médio até os bancos universitários, continuará desempenhando uma leitura mais lenta como sintoma principal, denotando uma automatização sim, mas não suficiente para a demanda da sua faixa etária e acadêmica. Apresentará real dificuldade para compreender o conteúdo lido, necessitando de várias leituras do mesmo texto ou que leiam para ele para entendê-lo.

A leitura oral tende a adquirir mais fluência, embora com entonação deficitária, sobretudo na prosódia e nas modulações. Apresenta pausas pela decodificação de palavras menos usuais, muito embora, exceto casos mais graves, já não se evidenciem as trocas severas da infância e adolescência. Hoje se sabe que o adulto disléxico não adquire a estratégia do “bom leitor”: a leitura interativa, que se apóia no significado do conteúdo expresso que o possibilitaria ler fazendo antecipações e verificações de hipóteses, dispondo de autorregulação mediada.

A lentidão decorre do fato de não ter o processo automatizado e por utilizar rotas neurais diferentes do leitor comum, que demandam tempo e esforço maior para atingir o mesmo objetivo. A compreensão normalmente ocorre pela ineficiência da leitura oral ou pelos problemas secundários adquiridos pela própria falta do hábito de leitura: a pobreza de vocabulário, pouco arquivo pessoal e pela ineficiente evolução do raciocínio crítico e interpretativo.

Na escrita, o disléxico adulto demonstra aquisição do código, mas possui dificuldades para se expressar adequadamente através desse código. Redigir é uma tarefa árdua, em que se sobressaem deficiência na utilização da linguagem formal que a vida adulta exige, tais como textos exíguos e muitas vezes pueris. O manejo formal é insatisfatório, não há alinhamento de margens, paragrafação e pontuação adequada. A ortografia é deficiente ao grafar palavras menos frequentes e que requerem múltiplas associações, apresentando trocas pedagógicas como s/c/ ss; c/ç; s/sc; ch/x; j/g etc.

Este é o panorama do quadro do disléxico adulto. Ele contará sobre um histórico de leitura e escrita sempre árduo e deficiente, sobre dificuldades escolares que vão se acumulando ao longo de sua vida, sobre aulas particulares que não supriram suas deficiências. Contará sobre resultados insatisfatórios em relação ao seu potencial e esforço, sobre recuperações, mudanças de escola, repetições de ano e até mesmo a evasão escolar.

É cotidiano, o relato dos adultos sobre suas frustrações nos bancos escolares. Sobre quantas vezes o disléxico se escondeu para o professor não chamá-lo a ler em voz alta na classe. Sensibilizamo-nos ao saber das experiências traumatizantes pelas quais passaram e ainda passam, não apenas na escola, mas também família e sociedade. O “bullying” e a identidade frágil que constrói a partir do olhar do outro.

Renato, 29 anos, portador de dislexia severa, conta que passou por diversos profissionais, pois manifestava desde o início de seu processo escolar dificuldades para ser alfabetizado, mas nunca foi aventada a hipótese de dislexia. Somente aos 27 anos veio saber o nome do seu problema. Descreve que sofreu muito e que conseguiu com muita ajuda e dificuldade, depois de várias recuperações e reprovações, concluir o ensino fundamental. A seguir, depois de muitas tentativas frustradas, tratamentos inadequados e mudanças de escola, abandonou os estudos no início do ensino médio – muito embora fosse plenamente capacitado para graduação e para dar continuidade a sua vida acadêmica.

Assim, os disléxicos adultos acabam por desenvolver problemas secundários muito mais graves que a própria dislexia. São privados de ampliarem seu potencial, de obterem formação acadêmica, caso fossem tratados através de intervenção psicopedagógica e beneficiados com métodos adequados na escola. Esta situação ainda ocorre em nossa sociedade, apesar de todo o conhecimento de que dispomos.

Ainda hoje, os testes de linguagem, de leitura e de escrita, utilizados para a avaliação da dislexia nem sempre respeitam a evolução dos sinais indicativos e, consequentemente, podem falhar no diagnóstico do adulto. A maioria das avaliações é realizada através de testes para crianças, que não dispõe de recursos para a perfeita identificação das dificuldades que os jovens e adultos apresentam.

Além disto, os profissionais nem sempre identificam as habilidades manifestas dos adultos disléxicos, tais como sua capacidade criativa e sua possibilidade em áreas que utilizam raciocínio lógico, tais como ciências exatas, desenho, fotografia, propaganda e marketing, informática, paisagismo, dentre tantas outras aptidões.

Não identificar as habilidades dos jovens disléxicos decorrerá em limitações e impedimentos em sua orientação vocacional, em seu preparo acadêmico e na busca de seu caminho para atuar no mercado de trabalho e na sociedade, sem dizer dos prejuízos emocionais que farão parte de toda a sua existência.

Fonte :Tânia Freitas

Como Descobrir uma Criança Disléxica

Como Descobrir uma Criança Disléxica


"Como educadores, pela primeira vez, temos a real chance de plantar alguma coisa, em uma criança..."


Autor: Professor Vicente Martins.[1]
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Saber tratar as carências psicológicas, isso é conhecimento.
Eis a seguir as observações de um Educador e Pesquisador, Professor Vicente Martins, sobre a Dislexia.
São importantes aspectos coletados com a prática didática e que vão ajudar você a aprender e entender mais sobre esse distúrbio tão comum atualmente.



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Nos últimos sete anos, venho desenvolvendo estudos sobre a contribuição da lingüística para o diagnóstico da dislexia. A dislexia é uma síndrome pouco conhecida e pouco diagnosticada por pais e educadores, especialmente os pedagogos e médicos, que se voltam ao desenvolvimento cognitivo das crianças na educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio)

A dislexia é uma perturbação ou transtorno ao nível de leitura. A criança disléxica é um mau leitor: é capaz de ler, mas não é capaz de entender eficientemente o que lê.

O que nos chama atenção, à primeira vista, é que uma criança disléxica é inteligente, habilidosa em tarefas manuais, mas persiste um quadro de dificuldade de leitura da educação infantil à educação superior.

Minha estimativa, por baixo, é a de que, no Brasil, pelo menos, 15 milhões crianças e jovens sofram com distúrbios de letras. Creio que a dislexia é a maior causa do baixo rendimento escolar.

A linguagem é fundamental para o sucesso escolar. Ela está presente em todas as disciplinas e todos os professores são potencialmente professores de linguagem, porque utilizam a língua materna como instrumento de transmissão de informações.

Muitas vezes uma dificuldade no ensino da matemática está relacionada à compreensão do enunciado do que ao processo operatório da solução do problema.

Os disléxicos, em geral, sofrem com a discalculia (dificuldade de calcular) porque encontram dificuldade de compreender os enunciados das questões.

É necessário que diagnóstico da dislexia seja precoce, isto é, os pais e educadores se preocupem em encontrar indícios de dislexia em crianças aparentemente normais, já nos primeiros anos de educação infantil, envolvendo as crianças de 4 a 5 anos de idade.

Quando não se diagnostica a dislexia, ainda na educação infantil, os distúrbios de letras podem levar crianças de 8 a 9, no ensino fundamental, a apresentar perturbações de ordem emocional, efetiva e lingüística.

Uma criança disléxica encontra dificuldade de lê e as frustrações acumuladas podem conduzir a comportamentos anti-sociais, à agressividade e a uma situação de marginalização progressiva.

Os pais, professores e educadores devem estar atentar a dois importantes indicadores para o diagnóstico precoce da dislexia: a história pessoal do aluno e as suas manifestações lingüísticas nas aulas de leitura eescrita.
Quando os professores se depararem com crianças inteligentes, saudáveis, mas com dificuldade de ler e entender o que lê, devem investigar imediatamente se há existência de casos de dislexia na família. A história pessoal de um disléxico, geralmente, traz traços comuns como o atraso na aquisição da linguagem, atrasos na locomoção e problemas de dominância lateral.

Os dados históricos de dificuldades na família e na escola poderão ser de grande utilidade para profissionais como psicólogos, psicopedagogos e neuropsicólogos que atuam no processo de reeducação lingüística das crianças disléxicas.

No plano da linguagem, os disléxicos fazem confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia como "a-o", "e-d", "h-n" e "e-d", por exemplo.

As crianças disléxicas apresentam uma caligrafia muito defeituosa, verificando-se irregularidade do desenho das letras, denotando, assim, perda de concentração e de fluidez de raciocínio.

As crianças disléxicas apresentam confusão com letras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço como " b-d". "d-p", "b-q", "d-b", "d-p", "d-q", "n-u" e "a-e". A dificuldade pode ser ainda para letras que possuem um ponto de articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos: "d-t" e "c-q", por exemplo.

Na lista de dificuldades dos disléxicos, para o diagnóstico precoce dos distúrbios de letras, educadores, professores e pais devem ter atenção para as inversões de sílabas ou palavras como "sol-los", "som-mos" bem como a adição ou omissão de sons como "casa-casaco", repetição de sílabas, salto de linhas e soletração defeituosa de palavras.

Por fim, com os novos recursos da sociedade informática, pais e educadores devem redobrar os cuidados. O mau uso do computador, por exemplo, pode levar a criança a ter algum distúrbio de letras. Até agora, não há estudos científicos sobre o assunto, mas, pelo relato de pais e professores, dirigidos ao meu site (http://sites.uol.com.br/vicente.martins) , na Internet, revelam que posições pouco ergonômicas perante a um computador, pode comprometer o sistema perceptivo da criança, levando à dificuldade de leitura e escrita.

Acredito também que o transporte inadequado de mochilas pode também comprometer o sistema perceptivo da crianças, de modo a embaraçar sua visão na hora de ler ou escrever

Este artigo resulta dos trabalhos de investigação do professor Vicente Martins sobre as Dificuldades de Aprendizagem relacionadas à Linguagem.

Para referência webliográfica:

MARTINS, Vicente. (2001). " Como descobrir um disléxico". Disponível em Internet: http:// www.x.y.z Capturado em xx/yy/zz.

A informação aqui apresentada não substitui a consulta de um médico ou profissional especializado. Para obter informações mais precisas e indicadas para o seu caso específico, consulte o seu médico de família ou um especialista na área de Distúrbios de Linguagem.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Como intervir nos casos de DISLEXIA ESCOLAR

Para uma eficaz intervenção psicopedagógica nos casos de dislexia, disgrafia e disortografia, há necessidade de o profissional descrever a situação para poder explicar perante aos pais e à escola o que ocorre no cérebro das crianças com necessidades educacionais específicas. Isto significa dizer que terá a missão de representar fielmente o caso do disléxico em seu plano de trabalho, por escrito ou oralmente, no seu todo ou em detalhes. É através da descrição que o Profissional fará relato circunstanciado das dificuldades lectoescritoras, de modo a explicar, em seguida, as dificuldades lectoescritoras caracterizadas na anamnse.

Uma descrição rica de detalhes historiais dos educandos com necessidades educacionais permitirá uma melhor elucidação das dificuldades de aprendizagem lectoescritoras e, também, justificará medidas mais seguras e eficientes no momento da avaliação e da intervenção psicopedagógica.

Outro verbo a ser conjugado pelo psicopedagogo é o de avaliar para intervir e a partir solucionar ou compensar a dificuldade do educando. Assim, descrito e explicado o caso psicopedagógico, o profissional que atua com as crianças, jovens ou adultos com dislexia, disgrafia ou disortografia poderá verificar, objetivamente, os dados das dificuldades levantados junto aos professores, pais dos alunos e os próprios alunos. A pauta, protocolo ou ficha de observação quanto mais ampla mais eficaz. As avaliações escolares tradicionais também não podem ser descartas ou negligenciadas uma vez que são verificações que objetivam determinar a competência do educando.

A intervenção psicopedagógica deve ocorrer quando o profissional se sente seguro teoricamente para praticar atividades que atuem diretamente nas dificuldades dos educandos disléxicos, disgráficos e disortográficos. A intervenção psicopedagógica é uma capacidade, advinda da experiência, de fazer algo com eficiência. Em geral, é um período em que alunos deixam, em algumas horas do seu tempo regular de estudo escolar, na própria instituição de ensino, a sala de aula e passam a receber treinamento específico para a superação de suas dificuldades.

Para ilustrar no artigo com exemplos reais de casos de dislexia, vamos expor, de forma sintética, relatos de pais, profissionais de educação da fala e educadores sobre dificuldades específicas na linguagem escrita de seus filhos e educandos:

1º caso
“ Fui chamada na escola de meu filho porque ele tem problemas com a escrita, faz trocas de letras como v/f, d/t, ele tem 9 anos está na terceira serie, pediram para que o leve para fazer uma avaliação com uma fono, queria saber se este caminho que devo seguir, ou o que devo fazer grata “

2º caso
“Tenho uma paciente de 27 anos que apresenta algumas dificuldades na escrita e na fala. Em uma das atividades que realizei com ela, a mesma apresentou-se nervosa ao ler,trocando algumas letras. Ao pedir para ela falasse qual o número que estava no dado, a mesma teve dificuldades; tendo dificuldade também em distinguir letras aleatórias, trocando principalmente as letras F e V. A paciente relata ser muito agressiva querendo bater nas pessoas e não gosta de "conviver" com elas. Sente ódio de todos.Gostaria de saber como faço para verificar se ela pode ter Dislexia?.”

3º caso
“ Tenho uma filha de 8 anos e meio diagnosticada com dislexia, além de ter disgrafia e disortografia. A Fono disse que a dislexia dele é bem leve. Ela lê razoavelmente bem, apesar de soletrar muitas vezes, principalmente as palavras pouco freqüentes, mas eu acredito que a disgrafia e a disortografia nela sejam um pouco mais severas que a dificuldade de leitura propriamente dita. Ela não consegue escrever uma frase sem cometer vários erros, em palavras que já escreveu várias vezes (sempre escreve valar ao invés de falar, xegou ao invés de chegou, soldade ao invés de saudade entre outras coisas) e a aparência gráfica de sua letra é muito franca, parece de criança ensaiando as primeiras letras. No entanto ela gosta muito de escrever, tem um diário, escreve historinhas, só que é uma luta conseguirmos decifrar o que ela quis dizer.Gostaria de saber, se poderia indicar alguma literatura, que contivesse exercícios especificamente para disgrafia e disortografia .”

Tomando, para a rápida análise e sistematização dos relatos de casos de dislexia acima, muito comuns nas queixas de crianças, pais e docentes, observaremos que, em geral, são estes indícios típicos de dificuldades em leitura, escrita e disortografia:

(1) progresso muito lento na aquisição das habilidades de leitura;
(2) problemas ao ler palavras desconhecidas (novas, não-familiares), que devem ser pronunciadas em voz alta;
(3) tropeços ao ler palavras polissilábicas, ou deficiências o ter de pronunciar a palavra inteira;
(4) A leitura em voz alta é contaminada por substituições, omissões e palavras malpronunciadas;
(5) Leitura muito lenta e cansativa;
(6) Dificuldades para lembrar nomes de pessoas e de lugares e confusão quando os nomes se parecem;
(7) Falta de vontade de ler por prazer;
(8) Ortografia que permanece problemática e preferência por palavras menos complexas ao escrever;
(9) Substituição de palavras que não consegue ler por palavras inventadas e (10) Problemas ao ler e pronunciar palavras incomuns, estranhas ou singulares, tais como o nome de pessoas, de ruas e de locais, nomes dos pratos de um menu.

DISLEXIA: PERGUNTAS E RESPOSTAS
1. Qual a origem da dislexia?

É uma palavra de origem grega. Dis, quer dizer, dificuldade. Lexia, palavra, leitura. O primeiro relato de dislexia data de 1896, a partir de uma queixa de um jovem de 14 anos que vai a um médico ofalmologista relatar sua dificuldade específica de ler e escrever, tendo surpreendentemente intactas as habilidades em matemáticas e outras disciplinas escolares.

2. Quais os sinais mais comuns de uma criança disléxica?

Na educação infantil, o atraso da fala é um indício importante. No ensino fundamental, a dificuldade de alfabetizar-se em leitura, soletrar, por exemplo, um texto, em voz alta perante uma sala de aula ou para si mesmo. No ensino fundamental, se a soletração não tiver sido resolvida, o aluno terá implicações no entendimento do texto em todas as disciplinas escolares. A falta de consciência fonológica durante a alfabetização leva à dislexia escolar.

3. Dislexia tem cura?

Se for de origem genética, não. E por isso, será considerada uma síndrome, uma dislexia desenviolvimento, evolutiva ou genética. Se a dislexia é de natureza escolar, a mudança do método de leitura, por exemplo, mudar o método global para o fônico,pode trazer resultados bastante animadores para os disléxicos, docentes e aos pais.

4. Qual o papel da família no processo de tratamento?

Os pais devem ficar atentos sobre o desempenho leitor de seus filhos. As baixas notas em língua portuguesa e a falta de interesse em ler textos podem ser sinais de alerta importante para um pedido de ajuda profissional. Os alunos que são disléxicos tendem a se afastar de atividades que envolvem a leitura ou texto escrito, temendo as dificuldades inerentes ao sistema escrito da língua e caminham para atividades outras como atividades de lazer, esporte, liderança escolar, entre tantas em que possa revelar seu potencial de criação e inteligência.

5. Quais atribuições cabem à escola, enquanto instituição que identifica os primeiros sinais desse distúrbio?

Cabe à escola oferecer aos pais de alunos e aos próprios alunos, metodologias interessantes e eficientes, do ponto de vista pedagógico, para atender os alunos especiais, os que apresentam dificuldades em leitura, escrita e ortografia. É incumbência da escola e, em especial dos professores, oferecer recuperação de estudos para aqueles que têm baixo rendimento escolar.

Vicente Martins
Professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, Estado do Ceará.

TERAPIAS para a DISLEXIA

TERAPIAS CONTROVERSAS
O desconhecimento, até datas recentes, das causas e do tipo de défices subjacente à dislexia contribuiriam para o surgimento de teorias explicativas e consequentes intervenções terapêuticas sem qualquer validação científica.

TERAPIAS BASEADAS EM INTERPRETAÇÕES PSICOLÓGICAS

Em 1895, Sigmund Freud afirmava: “Os mecanismos cognitivos dos fenómenos mentais, normais e anormais, podem ser explicados mediante o estudo rigoroso dos sistemas cerebrais”. Apesar dos seus estudos sobre neuroanatomia não conseguiu obter respostas que lhe permitissem compreender em profundidade os fenómenos psíquicos. Perante a inexistência de meios compreende-se que tenha recorrido a explicações puramente psicológicas, desvinculadas da actividade biológica cerebral. Interrogamo-nos sobre o modo como teria evoluído o seu pensamento se tivesse tido acesso à neuroimagem, à genética molecular e aos actuais conhecimentos sobre neurotransmissores.
A última década, a denominada década do cérebro, trouxe-nos uma imensidade de conhecimentos sobre os fenómenos e transtornos psíquicos de cuja interpretação se tinha apropriado a psicanálise.
Actualmente, perante a esmagadora evidência dos aspectos biológicos da actividade cerebral e dos estudos do genoma humano é impensável dar crédito às interpretações psicodinâmicas sobre as perturbações de leitura e escrita.

TERAPIAS BASEADAS EM DÉFICES PERCEPTIVOS

Durante as décadas de 50 e 60 os estudos sobre as perturbações de aprendizagem procuraram encontrar explicações a partir das perturbações perceptivas, visuais e auditivas. Com base nestes pressupostos surgiram diversos programas educativos. Treino da percepção visual de Frostig; treino da audição dicotómica de Tomátis; treino de desenvolvimento motor de Delacato...

TERAPIAS BASEADAS EM DÉFICES VISUAIS, PSICOMOTORES E PROBLEMAS POSTURAIS.

Diversos estudos referem que as crianças com dislexia têm os mesmos problemas visuais das outras crianças.
As Sociedades Americanas de Pediatria e de Oftalmologia referem a independência entre a dislexia e problemas de visão e alertam para a ineficácia do uso de lentes prismáticas e do treino de visão, como tratamento para dislexia.
A dislexia não tem na sua origem um défice visual, pelo que não existe qualquer indicação para a utilização de lentes prismáticas.
Em complementaridade com a prescrição de lentes prismáticas, e estabelecendo uma relação de causalidade entre dislexia e problemas psicomotores e posturais, são propostos programas de treino psicomotor, prescrita a utilização de leitoris, apoios para os pés, palmilhas, sapatos e colchões ortopédicos.
Estas intervenções, proporcionam tratamentos placebos, extremamente gravosos, não só porque obrigam ao dispêndio de tempo e dinheiro, mas principalmente porque adiam a recuperação e impedem uma intervenção educativa especializada.
Não existe nenhum marcador biológico que, na prática clínica, se possa utilizar para estabelecer, ou confirmar, o diagnóstico de dislexia.
O diagnóstico da dislexia é feito com base na história familiar e clínica, em testes psicométricos, em testes de consciência fonológica, de linguagem, de leitura e da ortografia.
A realização de exames médicos, electroencefalogramas, potenciais auditivos e visuais evocados, não tem qualquer justificação, nem utilidade, para o diagnóstico e consequente intervenção na dislexia. Os exames de fMRI, actualmente, ainda não são utilizados como meio de diagnóstico.






Dra. Paula Teles

Dislexia:Transtorno Genético e Hereditário

A dislexia é um transtorno genético e hereditário presente em aproximadamente 10% da população mundial, podendo também ser causada pela produção exacerbada de testosterona pela mãe, durante a gestação.

Muitas vezes confundida com déficit de atenção, problemas psicológicos, ou mesmo preguiça; esse transtorno se caracteriza pela dificuldade do indivíduo em decodificar símbolos, ler, escrever, soletrar, compreender um texto, reconhecer fonemas, exercer tarefas relacionadas à coordenação motora; e pelo hábito de trocar, inverter, omitir ou acrescentar letras/palavras ao escrever.

Indivíduos disléxicos possuem a área lateral-direita do cérebro mais desenvolvida que a de pessoas que não possuem essa síndrome, tendo geralmente, por tal motivo, mais facilidade em questões relacionadas à criatividade, solução de problemas, mecânica e esportes.

Levando em consideração o despreparo que muitas instituições de ensino têm em relação às particularidades dos alunos - muitas vezes, inclusive, criando e reforçando estigmas – esse comportamento é responsável por uma grande parcela das causas de evasão escolar. Além disso, muitos casos de suicídio e de violência juvenil têm sido associados aos portadores dessa síndrome; comportamentos estes muitas vezes relacionados às alterações emocionais decorrentes das suas dificuldades.

O diagnóstico consiste na análise do paciente, geralmente por equipe multidisciplinar (psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo, etc.), excluindo outras possíveis causas. Tal avaliação permite que o acompanhamento seja feito de forma mais eficaz, já que leva em consideração suas particularidades individuais.

O tratamento embora não tenha cura, auxilia o paciente quanto às suas limitações, permitindo uma melhora progressiva e evitando, assim, que sofra problemas sérios relacionados à autoestima e socialização.



Por Mariana Araguaia

sexta-feira, 24 de junho de 2011

LEGISLAÇÃO

Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência

Decreto nº 3.298, de 20 de Dezembro de 1999

Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências.

O Presidente da República, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, decreta:

Seção II
Educação

Art. 24. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta responsáveis pela educação dispensarão tratamento prioritário e adequado aos assuntos objeto deste Decreto, viabilizando, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas:
I - a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoa portadora de deficiência capazes de se integrar na rede regular de ensino;
II - a inclusão, no sistema educacional, da educação especial como modalidade de educação escolar que permeia transversalmente todos os níveis e as modalidades de ensino;
III - a inserção, no sistema educacional, das escolas ou instituições especializadas públicas e privadas;
IV - a oferta, obrigatória e gratuita, da educação especial em estabelecimentos públicos de ensino;
V - o oferecimento obrigatório dos serviços de educação especial ao educando portador de deficiência em unidades hospitalares e congêneres nas quais esteja internado por prazo igual ou superior a um ano; e
VI - o acesso de aluno portador de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, transporte, merenda escolar e bolsas de estudo.

§ 1o Entende-se por educação especial, para os efeitos deste Decreto, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educando com necessidades educacionais especiais, entre eles o portador de deficiência.

§ 2o A educação especial caracteriza-se por constituir processo flexível, dinâmico e individualizado, oferecido principalmente nos níveis de ensino considerados obrigatórios.

§ 3o A educação do aluno com deficiência deverá iniciar-se na educação infantil, a partir de zero ano.

§ 4o A educação especial contará com equipe multiprofissional, com a adequada especialização, e adotará orientações pedagógicas individualizadas.

§ 5o Quando da construção e reforma de estabelecimentos de ensino deverá ser observado o atendimento as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT relativas à acessibilidade.

Art. 25. Os serviços de educação especial serão ofertados nas instituições de ensino público ou privado do sistema de educação geral, de forma transitória ou permanente, mediante programas de apoio para o aluno que está integrado no sistema regular de ensino, ou em escolas especializadas exclusivamente quando a educação das escolas comuns não puder satisfazer as necessidades educativas ou sociais do aluno ou quando necessário ao bem-estar do educando.

Art. 26. As instituições hospitalares e congêneres deverão assegurar atendimento pedagógico ao educando portador de deficiência internado nessas unidades por prazo igual ou superior a um ano, com o propósito de sua inclusão ou manutenção no processo educacional.

Art. 27. As instituições de ensino superior deverão oferecer adaptações de provas e os apoios necessários, previamente solicitados pelo aluno portador de deficiência, inclusive tempo adicional para realização das provas, conforme as características da deficiência.

§ 1o As disposições deste artigo aplicam-se, também, ao sistema geral do processo seletivo para ingresso em cursos universitários de instituições de ensino superior.

§ 2o O Ministério da Educação, no âmbito da sua competência, expedirá instruções para que os programas de educação superior incluam nos seus currículos conteúdos, itens ou disciplinas relacionados à pessoa portadora> de deficiência.

Art. 28. O aluno portador de deficiência matriculado ou egresso do ensino fundamental ou médio, de instituições públicas ou privadas, terá acesso à educação profissional, a fim de obter habilitação profissional que lhe proporcione oportunidades de acesso ao mercado de trabalho.

§ 1o A educação profissional para a pessoa portadora de deficiência será oferecida nos níveis básico, técnico e tecnológico, em escola regular, em instituições especializadas e nos ambientes de trabalho.

§ 2o As instituições públicas e privadas que ministram educação profissional deverão, obrigatoriamente, oferecer cursos profissionais de nível básico à pessoa portadora de deficiência, condicionando a matrícula à sua capacidade de aproveitamento e não a seu nível de escolaridade.

§ 3o Entende-se por habilitação profissional o processo destinado a propiciar à pessoa portadora de deficiência, em nível formal e sistematizado, aquisição de conhecimentos e habilidades especificamente associados a determinada profissão ou ocupação.

§ 4o Os diplomas e certificados de cursos de educação profissional expedidos por instituição credenciada pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente terão validade em todo o território nacional.

Art. 29. As escolas e instituições de educação profissional oferecerão, se necessário, serviços de apoio especializado para atender às peculiaridades da pessoa portadora de deficiência, tais como:

I - adaptação dos recursos instrucionais: material pedagógico, equipamento e currículo;
II - capacitação dos recursos humanos: professores, instrutores e profissionais especializados; e
III - adequação dos recursos físicos: eliminação de barreiras arquitetônicas, ambientais e de comunicação.


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Conheça os SINTOMAS e evite os PRECONCEITOS

A dislexia é uma dificuldade na leitura, escrita e soletração de palavras, frases e textos que pode comprometer seriamente a evolução escolar de crianças acometidas pelo distúrbio. Normalmente, o disléxico tem atraso na aquisição da linguagem, é propenso a trocar letras na hora de falar, apresenta dificuldades em assimilar as cores, números em sequência e memorização de músicas. A aversão a livros e a tudo relacionado à escrita é inevitável, pois, para os disléxicos, essa representação da linguagem nada mais é do que uma grande sopa de letrinhas. É uma dificuldade duradoura que manifesta-se já na primeira infância em crianças inteligentes e sem quaisquer perturbações sensoriais ou psíquicas. Contudo, o diagnóstico só pode ser conclusivo quando a criança inicia a alfabetização.

É preciso uma investigação criteriosa realizada por uma equipe multidisciplinar composta por psicólogo, psicopedagogo e fonoaudiólogo. O diagnóstico é fechado depois da exclusão de outros fatores, como deficit intelectual, disfunções ou deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais congênitas ou adquiridas e desordens afetivas anteriores ao processo de fracasso escolar. Apesar de atingir grande parte da população mundial - em torno de 15% – a doença ainda é pouco divulgada e grande parte das crianças disléxicas sofrem com o preconceito. Muitas acabam abandonando a escola após serem taxadas de “burras” ou “preguiçosas”. Frases como “ela não aprende porque não quer” “tem preguiça de ler e escrever” “não gosta de estudar” são comuns e representam um grande desestimulo para o aprendizado.

“É tudo muito confuso para a vítima desse transtorno. Os disléxicos têm baixa autoestima, julgam que são incapazes e fogem de tudo relacionado à escrita. Ao mesmo tempo, eles desenvolvem outras habilidades muito bem e entram em conflito por conta disso”, explica a psicóloga infantil Vânia Jughartha Bonna


Não existe um padrão, mas as vítimas desse distúrbio geralmente são excelentes em artes plásticas, música e matemática. O nível de inteligência é, no mínimo, na mesma média apresentada pela população em geral. “Albert Einstein, físico alemão que propôs a teoria da relatividade e conquistou o Prêmio Nobel de Física em 1921, era disléxico. Em anos de experiência, nunca avaliei um disléxico que não tivesse uma inteligência superior”, afirma a fonoaudióloga e psicóloga Alice Sumihara.

A dislexia pode variar de leve à severa. “Em casos raros, a pessoa jamais conseguirá ser alfabetizada. Já nas situações em que ela se apresenta de forma moderada ou leve, desde que acompanhados e tratados, os disléxicos conseguem desenvolver mecanismos para driblar as dificuldades e levar uma vida acadêmica normal. Muitos se formam e são profissionais extremamente bem-sucedidos”, garante Alice. O tratamento depende do grau de intensidade da dislexia.O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento e diagnóstico.

Em 2008 foram realizados, em todo o país, 3.482.600 atendimentos relacionados ao problema, segundo o Ministério da Saúde.ós diagnósticado do problema, é importante deixar claro para a criança que a dislexia não significa falta de inteligência, má alfabetização, preguiça ou desatenção. É essencial que os pais e professores acompanhem e motivem a criança dentro das suas limitações.

FONTE DISLEXICOS SAIBA SEUS DIREITOS, AGÊNCIA BRASIL E PORTAL DA DILEXIA

DISLEXIA: UM APRENDER DIFERENTE

Conhecida como um distúrbio de aprendizagem, a patologia tem alta incidência nas salas de aula; pesquisas mostram que 17% da população mundial é disléxica.

Pessoas que marcaram a história da humanidade, como Albert Einstein, Charles Darwin, Leonardo DaVinci e Michaelangelo também foram um dia crianças e, como toda criança, viveram pequenas dificuldades ao aprender os primeiros ensinamentos escolares. Além da genialidade de cada um, todos contavam com uma característica em comum: a dislexia, distúrbio que acomete outros 17% da população mundial.

Conhecida por ser um problema de aprendizagem com origem neurológica, a dislexia é marcada pela dificuldade da fluência da leitura, da soletração e da decodificação de palavras. Quanto mais cedo pais e familiares identificarem o problema, mais rápido a criança conseguirá vencer a dificuldade no aprender.

De acordo com a fonoaudióloga e psicopedagoga da Clínica Interação, Thayssa Brasil, além de não conseguir compreender facilmente a leitura, o disléxico também não adquire vocabulário com facilidade, o que resulta em diversos comprometimentos na alfabetização e aprendizagem escolar. ´´O adulto sofre mais na hora de tratar da dislexia porque chegou num ponto que conseguiu conviver com os problemas do distúrbio. No caso das crianças, quanto antes for diagnosticado e feito uma intervenção, melhor´´, diz.

O diagnóstico da dislexia é clínico e só pode ser confirmado depois que o paciente passa por exames realizados por uma equipe multidisciplinar, que envolve fonoaudiólogo, psicopedagogo, psicólogo e neurologista. Além disso, somente crianças a partir dos 8 anos de idade podem ser consideradas disléxicas.

Antes disso, trata-se de uma fase normal de aprendizagem. Segundo a fonoaudióloga, o sucesso da intervenção vai depender do desempenho do paciente, mas ela afirma que, em média, com dois meses de tratamento a criança já apresenta melhoras significativas no desempenho de aprendizagem.

Assim que passa a conhecer as dificuldade, o potencial e as individualidades do indivíduo, o profissional pode utilizar a linha que achar mais conveniente para tratá-lo. São diversas as formas de intervenção que se intercalam entre técnicas e exercícios que trabalham com a fala, além da produção de palavras e textos.

´´Ao contrário do que muitos pensam, o disléxico sempre contorna suas dificuldades, encontrando seu caminho. Ele responde bem a situações que possam ser associadas a vivências concretas e aos múltiplos sentidos. São muito bons na área exata, também se destacando em atividades ligadas aos números´´, comenta a profissional.

Ainda segundo Thayssa, existem crianças encaminhadas por escolas que chegam à clínica conseguindo escrever apenas algumas palavras e com dificuldades até mesmo na pronúncia. ´´Muitos desses casos são considerados críticos, mas ainda assim é possível reverter porque o disléxico consegue aprender normalmente, a diferença é que o aprender dele se difere dos demais. Outra coisa que muitos não sabem é que o Q.I. do disléxico é completamente normal ao de outras pessoas e em alguns casos até maior´´, finaliza.

domingo, 15 de maio de 2011

A QUEM RECORRER ?

Muitos pais recorrem à escola para avaliar se seus filhos sofrem de dislexia. Se você suspeita que seu filho é disléxico, mas a escola na qual ele estuda não faz testes de dislexia e não tem especialistas que ajudam crianças disléxicas, procure um outro profissional qualificado. Um bom programa educacional para crianças disléxicas precisa estabelecer objetivos específicos de progresso para o ano letivo. É necessário dedicar muita atenção para que a dislexia seja superada; sendo assim, seja paciente com um aluno ou filho disléxico, e não deixe que ele sofra de baixa auto-estima. Incentive-o a buscar novas atividades e interesses, tais como esportes ou música, e sempre o recompense quando ele progredir em seus estudos.

Entre 7 e 12 anos ..... O que observar ?

Entre 7 e 12 anos.

1. Comete erros ao pronunciar palavras longas ou complicadas?

2. Confunde palavras de sonoridade semelhante, como “tomate” e “tapete”, “loção” e “canção”?

3. Utiliza excessivamente palavras vagas como “coisa”?

4. Tem dificuldade para memorizar datas, nomes ou números de telefone?

5. Pula partes de palavras quando estas têm muitas sílabas?

6. Costuma substituir palavras difíceis por outras mais simples quando lê em voz alta; por exemplo, lê “carro” invés de “automóvel”?

7. Comete muitos erros de ortografia?

8. Escreve de forma confusa?

9. Não consegue terminar as provas de sala-de-aula?

10. Sente muito medo de ler em voz alta?

A partir dos 12 anos



1. Comete erros na pronúncia de palavras longas ou complicadas?

2. Seu nível de leitura está abaixo de seus colegas de sala-de-aula?

3. Inverte a ordem das letras – “bolo” por “lobo”, “lago” por “logo”?

4. Tem dificuldades em soletrar palavras? Soletra a mesma palavra de formas diferentes numa mesma página?

5. Lê muito devagar?

6. Evita ler e escrever ?

7. Tem dificuldade em resolver problemas de matemática que requeiram leitura?

8. Tem muita dificuldade em aprender uma língua estrangeira?

Será que seu filho é DISLÉXICO ?

Será que seu filho é disléxico?

Entre 3 a 6 anos
Na pré-escola

1. Ele persiste em falar como um bebê?

2. Freqüentemente pronuncia palavras de forma errada?

3. Não consegue reconhecer as letras que soletram seu nome?

4. Tem dificuldade em lembrar o nome de letras, números e dias da semana?

5. Leva muito tempo para aprender novas palavras?

6. Tem dificuldade em aprender rimas infantis?

Entre 6 ou 7 anos
Primeira-série

1. Tem dificuldade em dividir palavras em sílabas?

2. Não consegue ler palavras simples e monossilábicas, tais como “rei” ou “bom”?

3. Comete erros de leitura que demonstram uma dificuldade em relacionar letras a seus respectivos sons?

4. Tem dificuldade em reconhecer fonemas?

5. Reclama que ler é muito difícil?

6. Freqüentemente comete erros quando escreve e soletra palavras?

7. Memoriza textos sem compreendê-los?

domingo, 1 de maio de 2011

A INFORMÁTICA AUXILIANDO OS DISLÉXICOS

A INFORMÁTICA AUXILIANDO OS DISLEXICOS NO ENSINO E APRENDIZAGEM

1 - INTRODUÇÃO

Os psicopedagogos necessitam hoje de estratégias mais especificas de intervenção para os casos de dislexia, estatísticas da Associação Brasileira de Dislexia indicam que cerca de 15% das crianças em idade escolar são disléxicas. Dessas, 76% são homens e 24% mulheres. Através da utilização da informática pode-se a chegar a excelentes resultados, pois, permite além de um melhor atendimento às dificuldades do disléxico, o desenvolvimento do seu potencial cognitivo e emocional como um todo, desenvolvendo condições melhores de aprendizagem.

2 - DISLEXIA

A dislexia é uma perturbação ou transtorno ao nível de leitura. O individuo portador de dislexia é um mau leitor: é capaz de ler, mas não é capaz de entender eficientemente o que lê. O que nos chama atenção, à primeira vista, é que o individuo disléxico é inteligente, habilidoso em tarefas manuais, mas persiste um quadro de dificuldade de leitura da educação infantil à educação superior.

Quando não se diagnostica a dislexia, ainda na educação infantil, os distúrbios de letras podem levar crianças de 8 a 9, no ensino fundamental, a apresentar perturbações de ordem emocional, efetiva e lingüística. Uma criança disléxica encontra dificuldade de lê e as frustrações acumuladas podem conduzir a comportamentos anti-sociais, à agressividade e a uma situação de marginalização progressiva.

A dislexia representaria um tipo especial de imaturidade cerebral, na qual se atrasaria a função de reconhecimento visual e auditivo dos símbolos verbais.

Sua natureza consiste em uma base neurológica. Parece haver no mapeamento uma área específica relacionada às dislexias, mas não existe sinal de dano cerebral em testes (disfunção).

Por alguma razão parece ocorrer uma leve desorganização no processamento de informações.

Segundo o DSM-IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (APA,1994) – a dislexia está classificada sob o código 315.00 - Transtorno da Leitura - na seção sobre transtornos da Aprendizagem (anteriormente habilidades escolares), na categoria Transtornos Geralmente Diagnosticados pela Primeira vez na Infância ou Adolescência.

Para Pain (1992, p.30): A noção de dislexiacomo entidade específica merece uma consideração especial dentro dos problemas de aprendizagem. Na realidade, neste caso pode considerar-se um só tipo de dislexia, que rara vez ocorre, pois se trata de um problema dentro das agnosias, que não impede à criança ou ao adulto afetado por um processo traumático reconhecer os fonemas através da sua grafia.

Alguns dos critérios para o diagnóstico diferencial são:

•rendimento da leitura ( teste padronizado ) muito abaixo do nível esperado para a idade, tendo em vista a escolaridade e a capacidade intelectual do indivíduo ( teste de Q.I.);
•essas perturbações estejam interferindo significativamente no sucesso escolar ou nas atividades diárias que requerem capacidade em leitura;
•em presença de um déficit sensorial, as dificuldades de leitura excedem aquelas geralmente a este associadas.
Foi apresentado o conceito de dislexia segundo o DSM-IV por ser um dos mais referendados mundialmente. Porém, é necessário ressaltar as inúmeras controvérsias a respeito da definição do termo dislexia e suas implicações. Uma análise mais cuidadosa mostra que esta definição tem sua origem na corrente organicista - final do séc. XIX, evoluindo através de uma trajetória de exclusão.

Nesse sentido é importante acrescentar que os estudos sobre a Dislexia vêm ganhando amplitude e profundidade, principalmente se considerarmos os avanços médico-tecnológicos e contribuições clínicas, ou seja, de neuropsicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos e médicos.

Segundo Grégoire & Piérart (1997): Em interação com a corrente instrumental psicólogos, a corrente pedagógica (professores e pedagogos) desenvolveu baterias de avaliação dos desempenhos em leitura, na verdade, baterias prognosticas da aprendizagem, em plena consciência da complexidade deste comportamento que é o saber ler. As tentativas de avaliação dos distúrbios de leitura fundamentam-se na sua descrição sintomática. São seus principais sintomas:

•Distorções, substituições ou omissões de letras, sílabas e palavras;
•Lentidão na leitura;
•Compreensão reduzida;
•Dificuldades também na escrita.
Segundo Critchley (in CONDEMARIN, 1989, pág. 21): existem algumas premissas para se diferenciar a dislexia específica das demais causas de dificuldades na leitura. São elas:

•dificuldade para ler persistente até a idade adulta;
•erros na leitura e na escrita de natureza peculiar e específica;
• incidência familiar da síndrome;
•dificuldade associada à interpretação de outros símbolos.
Desta forma, o conceito de dislexia está associado às diversas competências necessárias à leitura:

•competência léxica, isto é, o conhecimento que a criança tem de um certo número de palavras e sua aptidão para ter acesso rapidamente ao vocabulário mental assim constituído;
•consciência fonológica, a capacidade de segmentar uma palavra em unidades menores como as sílabas e de decompô-las em seus componentes fonológicos;
•memória operacional.
Considerando a parcial transparência da Língua Portuguesa, a memorização da ortografia também envolve um grande esforço por parte do sujeito. Os modelos cognitivos indicam a existência de um local de armazenagem lexical da ortografia de palavras familiares, semelhante ao que existe para a fala, o qual também é usado no momento da leitura. Ele contém todas as palavras cuja ortografia foi armazenada na memória. Ele é alimentado pelo sistema semântico - significado das palavras e pelo sistema de produção da fala - pronúncia de palavras familiares, que, por sua vez, são construídos através da análise visual - identificação e posição das letras e do sistema de reconhecimento visual de palavras, que é uma espécie de depósito mental de palavras, que contém representações das formas escritas de todas as palavras familiares. Para estimular o processo léxico - semântico, precisa-se trabalhar a percepção e memória visual, além de atividades cognitivas para enriquecimento da linguagem como um todo.

Desta forma, para ler, escrever e processar as informações, em geral, o sujeito faz uso de três grandes funções - a percepção, a cognição e a emoção - que se encontram intimamente relacionadas.

Várias pesquisas têm sido feitas para investigar os processos que o leitor usa para a decodificação da informação léxica.

No processamento bottom-up, o leitor decodifica a informação a partir da percepção seqüencial dos caracteres de cada letra ou sílaba até sua associação em palavras e frases, seguindo um trajeto do particular para o geral, das partes para o todo. No processamento denominado top-down, o significado da frase ou texto facilita a percepção das letras. Desta forma, neste modelo, são usados procedimentos mais gerais e de nível cognitivo mais alto, ressaltando a importância do significado no ato léxico e do todo na identificação das partes.

As pesquisas indicam, também, que esses dois processamentos interagem e, no caso de déficit de um deles, o leitor buscaria apoio nos procedimentos mais intactos.

Escrita e leitura têm sido alvo de muitas pesquisas da neuropsicológica cognitiva, mas encontramos uma maior quantidade na área da leitura, principalmente com relação ao seu processamento.

Na escrita, os trabalhos estão mais ligados à ortografia de palavras do que à produção de textos e suas implicações. No entanto, para escrever, gastamos muito mais energia no planejamento daquilo que queremos dizer e como dizer.

Esta fase de planejamento, que alguns autores chamam de pré – escrita, envolve toda a preparação para escrever: ruminação de idéias e decisão do que escrever.

O estágio seguinte seria o da escrita propriamente dita e uma última etapa envolveria a reescrita, através de uma avaliação e revisão do texto elaborado.

Segundo Ellis (1995, p.71): Escrever é pensar. O ato de tentar expressar-se por escrito pode ajudar a esclarecer os próprios pensamentos e fazer aflorar novas idéias.

Para Ajuriaguerra (1952): A nossa experiência nos demonstra que não é possível encontrar explicações unicausais aplicáveis a todos os disléxicos em geral.

São diversas as teorias, muitas as conclusões obtidas e outras tantas a serem ainda investigadas. Mais importante do que definir dislexia e sua etiologia, no sentido de uma rotulação, é diagnosticá-la e tratá-la de modo adequado, a partir de seus sintomas, direcionando a intervenção de forma particular e procurando investigar o seu significado em cada caso.

A informática é um instrumento valioso na construção das funções cognitivas, perceptivas e emocionais dos disléxicos, como veremos a seguir.



3. INFORMÁTICA

A informática é a "ciência que visa ao tratamento da informação através do uso de equipamentos e procedimentos da área de processamento de dados" - FERREIRA, (1986).

A informática possibilita o desenvolvimento do sujeito, unindo corpo – mente – emoção. Estimula a percepção, uma das funções neuropsicomotoras de base, condicionadora da função simbólica, envolvendo diferentes aspectos: discriminação e memória auditiva e visual; memória seqüencial; coordenação viso-motora; ativação dos dois hemisférios cerebrais - imagens e textos de forma combinada; orientação espaço/temporal; controle de movimentos - força, intensidade, agilidade no uso do teclado e mouse.

A cognição, por sua vez, pode ser trabalhada, com o uso do computador através da capacidade de representação, passando do virtual para o real; simbolismo exemplo ícones; resolução de problemas - antecipação, hipótese, escolha da estratégia, execução, avaliação, conclusão; imaginação e criatividade; leitura e escrita: habilidades fonológicas, habilidades semânticas e lexicais, habilidades sintáticas e habilidades pragmáticas; formação de conceitos - abstração, generalização e integração.

Na área da emoção, o computador também vai favorecer o desenvolvimento de atitudes, hábitos e habilidades tais como: autonomia e independência, através da liberdade de exploração; trabalho com o erro de maneira construtiva, elevando a auto-estima; dá limites, levando ao controle da ansiedade; motivação; conscientização: de sua própria cognição, atenção e memória. Desta forma, assim como a Informática, o sujeito vai tratar as informações, usando os seus "equipamentos" e procedimentos.

Ao utilizar a Informática, o sujeito tem a possibilidade de entender o seu próprio processo de pensamento através do que acontece com o computador, quando recebe as informações para serem processadas. Ele vai tomar consciência dos processos e estratégias que utiliza: na esfera cognitiva - metacognição, na captação de estímulos - metatenção e no conteúdo da memória - metamemória.

Os softwares de simulação são ótimas opções para trabalharmos com o processamento de informações, neles os sujeitos vão criar situações, fazer planejamento, tomar decisões e fazer opções, enfim, resolver problemas.

Quando o trabalho é realizado em pequenos grupos, aprende-se também a trabalhar em equipe e a se relacionar melhor com os colegas.

Se bem orientados pelo mediador, os sujeitos tornam-se parte integrante de seu próprio processo educativo, aprendem a se auto-avaliar, a rever seus erros e a acreditar em suas próprias possibilidades, desenvolvendo sua auto-estima.

Alguns softwares proporcionam a oportunidade de treinar a percepção e a discriminação auditiva, sons associados a figuras e criação de melodias.

Utilizando o mouse, são desenvolvidos alguns aspectos da coordenação motora.

Através de pesquisas feitas pela Unifesp em 2003, foi desenvolvido um software especifico para disléxicos, com determinação da rota de leitura. A rota é um método baseado na segmentação das palavras em seus componentes, como sílabas e fonemas, com o objetivo de permitir a discriminação dos sons correspondentes a cada uma das letras. Segundo Clara Brandão de Avila, fonoaudióloga e professora de Estudos da Comunicação Humana da Unifesp, um dos méritos do programa é seu uso para o diagnóstico e também para a terapia. "O software avalia o melhor tempo de exposição do estímulo, tanto para a criança decodificar, quanto para ler a palavra inteira. E também auxilia no processamento ortográfico, porque obriga a criança a pensar e a resgatar o valor sonoro da letra".

Para uma aprendizagem significativa é importante estarmos atentos aos conhecimentos adquiridos anteriormente, ao interesse e a necessidade dos indivíduos, pois são estes os fatores que atribuem significado aos objetos e situações.

Segundo Ausubel (MOREIRA, 1982): A aprendizagem significativa dar-se-á quando uma nova informação ancorar-se em conceitos relevantes pré-existentes na estrutura cognitiva de quem aprende.

A habilidade de quem ensina é necessária para despertar e incrementar a motivação de quem aprende, fazendo com que este indivíduo consiga realizar múltiplas relações do "novo" - o que o indivíduo irá aprender, com o "antigo" - o que o indivíduo já sabe. Além dos aspectos motivacionais, precisamos levar em consideração o desenvolvimento bio-psico-social do indivíduo, que foi estudado por Jean Piaget (1974).

Diz Piaget (1977): "Cada vez que ensinamos prematuramente a uma criança alguma coisa que poderia ter descoberto por si mesma, esta criança foi impedida de inventar e, conseqüentemente, de entender completamente". Desta forma, ele prioriza a autonomia e independência da criança na aprendizagem.

Seguindo os preceitos de L. S. Vygotsky (1989) - que propõe um outro tipo de interacionismo, que valoriza mais a interação social - o mediador faria a sua intervenção junto ao sujeito, proporcionando um ambiente de trocas recíprocas, onde a aprendizagem possa ocorrer, trazendo como conquista, o desenvolvimento global do indivíduo.

Algumas questões precisam ser consideradas não somente pelos profissionais, individualmente, mas pelas escolas, como um todo, ao organizarem seu plano de implantação da informática. Não basta dar aulas de informática, ensinando aos alunos os sistemas operacionais e as diferentes linguagens. É preciso montar um projeto em que os alunos possam fazer uso de diferentes softwares educacionais com professores mediadores, capacitados a estimular o desenvolvimento das habilidades mentais e pessoais, orientando a utilização dos programas.

A grande maioria dos softwares educacionais é elaborada com objetivos definidos, não só de trabalho com conteúdos programáticos, mas também de atender às necessidades do próprio sujeito de interação, criação e modificação do próprio conteúdo. É preciso sempre analisar se a informática será, naquela ocasião, para aquele indivíduo ou grupo, o melhor recurso para se atingir os objetivos. Deve ser usada concomitantemente a outras estratégias, para que possamos superar seus limites e trabalhar as habilidades e os conceitos de forma concreta e significativa.



4. CONCLUSÃO

A Psicologia Cognitiva ou Ciência Cognitiva pesquisa e estuda o processamento de informações, buscando descrever refinados detalhes das etapas de uma determinada execução. A leitura e a escrita são funções cognitivas que envolvem o processamento de informações, de um determinado sistema simbólico. Ao adquiri-las, o indivíduo vai assimilar as regras que governam e organizam o próprio sistema; vai perceber o significado ou denotação dos símbolos e a relação entre eles; bem como os usos e funções dos significados.

Ao ler e escrever, a criança faz uso da sua capacidade de simbolizar, a partir da necessidade que ela tem de lidar receptivamente ou expressivamente com a representação da realidade e sua simbolização – a nomeação do mundo. Desta forma, trabalhar as possibilidades de um sujeito, seja ele disléxico ou não, é dar a ele a oportunidade de perceber este mundo através de seus melhores canais receptivos e expressivos; é favorecer o desenvolvimento das suas aptidões e do conhecimento de si mesmo e dos outros, ampliando sua capacidade simbólica.

Segundo pesquisas realizadas por Howard Gardner e sua equipe, no "Catalyst Projects", (1990), da Harvard Graduate School of Education, o aluno aprende a lidar melhor e mais rápido com o computador, se tiver propostas interessantes e um orientador eficiente.

Ao trabalhar com a informática, o sujeito faz uso de diferentes atividades e softwares, com o auxílio de um mediador capacitado a estimular o desenvolvimento das habilidades cognitivas e emocionais, orientando o desenrolar das atividades e a utilização dos programas. A escolha da Informática tem que ser consciente. Não pode ser movida por modismos, nem pelo marketing ou só pelo fascínio que exerce sobre o sujeito. A informática surge no trabalho escolar - psicopedagógico, como um instrumento facilitador da construção do conhecimento pelo disléxico e do seu desenvolvimento como pessoa, consciente das suas dificuldades, mas, principalmente, reconhecendo suas possibilidades e fazendo pleno uso delas, para exercer o seu direito de ser feliz.



5. BIBLIOGRAFIA

PIAGET, J.. A Construção do Real na Criança. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1974.

VIGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora LTDA, 1989.

ELLIS, Andrew W. (1995). Leitura, escrita e dislexia: uma análise cognitiva. 2 ed. Tradução de Dayse Batista. Porto Alegre: Artes Médicas.

Dislexia: Manual de Leitura Corretiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.

GRÉGOIRE, J. & PIÉRART, B. Avaliação dos problemas de leitura: os novos modelos teóricos e suas implicações diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

CONDEMARÍN, Mabel, BLOMQUIST, Marlys. (1989). Dislexia; manual de leitura corretiva. 3ª ed. Tradução de Ana Maria Netto Machado. Porto Alegre: Artes Médicas.

MARTINS, PROF. VICENTE. Como descobrir uma criança disléxica, Ceará, 2001. Disponível em . Acesso em: 24 abril de 2005.

VIANA, ESTELA. Informática contra a dislexia, São Paulo, 2002. Disponível em < http://saci.org.br/?modulo=akemi¶metro=3961>. Acesso em 08 julho de 2009.

Perfil do autor

FABÍOLA MAGDA ANDRADE VENTAVOLI

Bacharel em Ciências da Computação, Licenciada em Matemática e Computação. Pós-graduada em Psicopedagogia. Docente da Etec Francisco Garcia e da Rede Municipal de Ensino de Mococa.