O Papel dos Fatores Visuais na Dislexia
Assim como uma consideração das deficiências sutis de linguagem nas crianças disléxicas é importante para se entender a natureza precisa de suas dificuldades de leitura e ortografia, também devem ser levadas em conta suas habilidades de processamento visual. Entretanto, não há evidência conclusiva de que as deficiências de processamento visual em si causem dislexia. Mas isso não exclui a possibilidade de que essas dificuldades possam aumentar o problema da leitura. Acredita-se que as habilidades visuais contribuem para o desenvolvimento da leitura; na verdade, elas podem ser particularmente importantes nas crianças que têm dificuldades de linguagem na provisão de um; conjunto alternativo de estratégias compensatórias para elas.
Há duas linhas principais a serem seguidas na pesquisa atual sobre o fatores visuais na dislexia. Stein e seus colegas (Stein, 1991) têm sugerido que as crianças disléxicas têm controle motor ocular deficiente. Grande parte da sua pesquisa usou o Dunlop Test como parte de uma avaliação ortóptica e mostrou que menos crianças disléxicas do que leitores normais têm um olho de referência estabelecido. Eles recomendam a oclusão monocular como um meio de se estimular o controle binocular e facilitar a aprendizagem da leitura (ver Bishop, 1989, para uma crítica).
Lovegrove e seus colegas buscaram outra possibilidade, qual seja, de que as crianças disléxicas tenham deficiências de nível baixo do sistema visual transitório (Lovegrove e Williams, 1993). Essas dificuldades levariam as crianças a experimentar embaçamento do texto impresso e,por isso, afetariam suas leituras. Os dados que o grupo de Lovegrove apresentam são convincentes, mas, ao contrário dos dados sobre déficits fonológicos, não há evidências sugerindo que tais deficiências visuais estejam causalmente relacionadas a problemas de leitura. O que está faltando é um estudo longitudinal que examine o papel dos fatores visuais na aprendizagem da leitura. Acreditamos que, até que essa evidência esteja disponível, é importante que os profissionais estejam alertas para a possibilidade de que deficiências no processamento perceptual e déficits da meritória visual exacerbem as dificuldades dos disléxicos. Onde existem problemas perceptuais pode-se prever também problemas de controle mental. Algumas crianças disléxicas têm dificuldades com as habilidades motoras finas, as quais impedem o desenvolvimento da caligrafia e das habilidades a ela relacionadas (ver Taylor, neste volume). Em uma veia similar, muitas crianças disléxicas têm problemas de concentração, particularmente nas salas de aula. Talvez a explicação mais simples seja que as crianças não conseguem enfrentar os materiais escritos apresentados e, por isso, suas mentes se desviam. Entretanto, algumas crianças disléxicas têm. dificuldades mais profundas com o controle da atenção. Estas requerem uma investigação à parte, porquanto, caso não sejam tratadas, exacerbarão a condição disléxica.
O PAPEL
domingo, 26 de fevereiro de 2012
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