Dificuldades encontradas em crianças com Dislexia:
• Dificuldade para ler orações e palavras simples.
• A pronúncia ou a soletração de palavras monossilábicas é uma dificuldade evidente nos disléxicos.
• As crianças ou adultos disléxicos invertem as palavras de maneira total ou parcial, por exemplo, “casa” é lida “saca”. Uma coisa é uma brincadeira ou um jogo de palavras, observando a produtividade morfológica ou sintagmática dos léxicos de uma língua, outra coisa é, sem intencionalidade, a criança ou adulto trocar a seqüência de grafemas.
• Invertem as letras ou números, por exemplo: /p/ por /b/, /d/ por/ b /3/ por /5/ ou /8/, /6/ por /9/ especialmente quando na escrita minúscula ou em textos manuscritos escolares. Assim, é patente a confusão de letras de simetria oposta.
• A ortografia é alterada, podendo estar ligada a chamada CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA (alterações no processamento auditivo).
• Copiam de forma errada as palavras, mesmo observando na lousa ou no livro como são escritas. Em geral, as professoras ficam desesperadas: “como podem - pensam e reclamam - ela está vendo a forma correta e escreve exatamente o contrário?". Ora, o processamento da informação léxica, que é de ordem cerebral, está invertida ou simplesmente deficiente.
• As crianças disléxicas conhecem o texto ou a escrita, mas usam outras palavras, de maneira involuntária. Trocam as palavras quando lêem ou escrevem, por exemplo: “gato” por “casa”.
• Têm as crianças disléxicas dificuldades em distinguir a esquerda e a direita.
• Alteração na seqüência das letras que formam as sílabas e as palavras.
• Confusão de palavras parecidas ou opostas em seu significado. Os homônimos, isto é, palavras semelhantes (seção, cessão e seção) são uma dificuldade nas crianças disléxicas.
• Os erros na separação das palavras.
• Os disléxicos sofrem com a falta de rapidez ao ler. A leitura é sem modulação e sem ritmo. Os disléxicos, às vezes, com muito sacrifício, decodificam as palavras, mas não conseguem ter compreensão.
• Os disléxicos têm falha na construção gramatical, especialmente na elaboração de orações complexas (coordenadas e subordinadas) na hora da redação espontânea.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
A NATUREZA Desenvolvimental da DISLEXIA
A NATUREZA DESENVOLVIMENTAL DA DISLEXIA
Sem dúvida, o quadro mais abrangente que possuímos da dislexia está localizado na criança em idade escolar. A maior parte das crianças disléxicas são encaminhadas quando não conseguiram aprender a ler, e a maior parte da pesquisa tem sido feita com essas crianças. Entretanto, é importante lembrar que a dislexia é uma dificuldade vitalícia e os sintomas que estão presentes em um ponto do desenvolvimento não estão necessariamente evidentes em outro. Também é importante lembrar que não é raro determinados déficits serem compensados com o passar do tempo. Os problemas de leitura tendem a ser a principal dificuldade nos primeiros anos da escola, mas muitos adultos disléxicos transformam-se em leitores fluentes, embora com uma ortografia deficiente. Alguns disléxicos adultos têm uma dificuldade particular em decodificar palavras que não encontraram antes, e, em geral, têm dificuldades persistentes com a consciência fonológica, nomeação rápida e tarefas verbais de memória de curto prazo (Bruck, 1990; 1992; Pennington et al., 1990)
A
Sem dúvida, o quadro mais abrangente que possuímos da dislexia está localizado na criança em idade escolar. A maior parte das crianças disléxicas são encaminhadas quando não conseguiram aprender a ler, e a maior parte da pesquisa tem sido feita com essas crianças. Entretanto, é importante lembrar que a dislexia é uma dificuldade vitalícia e os sintomas que estão presentes em um ponto do desenvolvimento não estão necessariamente evidentes em outro. Também é importante lembrar que não é raro determinados déficits serem compensados com o passar do tempo. Os problemas de leitura tendem a ser a principal dificuldade nos primeiros anos da escola, mas muitos adultos disléxicos transformam-se em leitores fluentes, embora com uma ortografia deficiente. Alguns disléxicos adultos têm uma dificuldade particular em decodificar palavras que não encontraram antes, e, em geral, têm dificuldades persistentes com a consciência fonológica, nomeação rápida e tarefas verbais de memória de curto prazo (Bruck, 1990; 1992; Pennington et al., 1990)
A
ALFABETIZAÇÃO do DISLÉXICO
Alfabetização do Disléxico
O disléxico precisa olhar atentamente, ouvir atentamente, atentar aos movimentos da mão quando escreve e prestar atenção aos movimentos da boca quando fala. Assim sendo, a criança disléxica associará a forma escrita de uma letra tanto com seu som como com os movimentos FALAR-OUVIR-LER-ESCREVER, são atividades da linguagem. FALAR E OUVIR são atividades com fundamentos biológicos.
O método mais adequado tem sido o fonético e montagem de ”manuais” de alfabetização apropriada à criança disléxica.
A criança aprende a usar a linguagem falada, mas isto depende do:
• Meio ambiente compreensivo, estimulador e paciente.
• Trato vocal.
• Organização do cérebro.
• Sensibilidade perceptual para falar os sons.
O sucesso na reeducação de um disléxico está baseado numa terapia multisensorial (aprender pelo uso de todos os sentidos), combinando sempre a visão, a audição e o tato para ajudá-lo a ler e soletrar corretamente as palavras.
O disléxico precisa olhar atentamente, ouvir atentamente, atentar aos movimentos da mão quando escreve e prestar atenção aos movimentos da boca quando fala. Assim sendo, a criança disléxica associará a forma escrita de uma letra tanto com seu som como com os movimentos FALAR-OUVIR-LER-ESCREVER, são atividades da linguagem. FALAR E OUVIR são atividades com fundamentos biológicos.
O método mais adequado tem sido o fonético e montagem de ”manuais” de alfabetização apropriada à criança disléxica.
A criança aprende a usar a linguagem falada, mas isto depende do:
• Meio ambiente compreensivo, estimulador e paciente.
• Trato vocal.
• Organização do cérebro.
• Sensibilidade perceptual para falar os sons.
O sucesso na reeducação de um disléxico está baseado numa terapia multisensorial (aprender pelo uso de todos os sentidos), combinando sempre a visão, a audição e o tato para ajudá-lo a ler e soletrar corretamente as palavras.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
DISLEXIA
Dislexia
Marina da Silveira Rodrigues Almeida
DIS – distúrbio
LEXIA - (do latim) leitura; (do grego) linguagem
DISLEXIA - dificuldades na leitura e escrita
A definição mais usada na atualidade é a do Comitê de Abril de 1994, da International Dyslexia Association - IDA, que diz:
"Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no processo fonológico. Estas dificuldades de decodificar palavras simples não são esperadas em relação a idade. Apesar de submetida a instrução convencional, adequada inteligência, oportunidade sócio-cultural e não possuir distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança falha no processo de aquisição da linguagem. A dislexia é apresentada em várias formas de dificuldade com as diferentes formas de linguagem, freqüentemente incluídas problemas de leitura, em aquisição e capacidade de escrever e soletrar."
A dislexia não é uma doença, portanto não podemos falar em cura. Ela é congênita e hereditária, e seus sintomas podem ser identificados logo na pré-escola.
Os sintomas, ainda, podem ser aliviados, contornados, com acompanhamento adequado, direcionado às condições de cada caso. Não podemos considerar como "comprometimento" sua origem constitucional (neurológica), mas sim como uma diferença, que é mais notada em relação à dominância cerebral.
"A DISLEXIA é uma dificuldade de aprendizagem na qual a capacidade de uma criança para ler ou escrever está abaixo de seu nível de inteligência."
"A DISLEXIA é uma função, um problema, um transtorno, uma deficiência, um distúrbio. Refere a uma dificuldade de aprendizagem relacionada à linguagem."
"A DISLEXIA é um transtorno, uma perturbação, uma dificuldade estável, isto é duradoura ou parcial e, portanto, temporária, do processo de leitura que se manifesta na insuficiência para assimilar os símbolos gráficos da linguagem.”
"A DISLEXIA não é uma doença, é um distúrbio de aprendizagem congênito que interfere de forma significativa na integração dos símbolos lingüísticos e perceptivos. Acomete mais o sexo masculino que o feminino, numa proporção de 3 para 1."
"A DISLEXIA é caracterizada por dificuldades na leitura, escrita (ortografia e semântica), matemática (geometria, cálculo), atraso na aquisição da linguagem, comprometimento da discriminação visual e auditiva e da memória seqüencial.”
Marina da Silveira Rodrigues Almeida
DIS – distúrbio
LEXIA - (do latim) leitura; (do grego) linguagem
DISLEXIA - dificuldades na leitura e escrita
A definição mais usada na atualidade é a do Comitê de Abril de 1994, da International Dyslexia Association - IDA, que diz:
"Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no processo fonológico. Estas dificuldades de decodificar palavras simples não são esperadas em relação a idade. Apesar de submetida a instrução convencional, adequada inteligência, oportunidade sócio-cultural e não possuir distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança falha no processo de aquisição da linguagem. A dislexia é apresentada em várias formas de dificuldade com as diferentes formas de linguagem, freqüentemente incluídas problemas de leitura, em aquisição e capacidade de escrever e soletrar."
A dislexia não é uma doença, portanto não podemos falar em cura. Ela é congênita e hereditária, e seus sintomas podem ser identificados logo na pré-escola.
Os sintomas, ainda, podem ser aliviados, contornados, com acompanhamento adequado, direcionado às condições de cada caso. Não podemos considerar como "comprometimento" sua origem constitucional (neurológica), mas sim como uma diferença, que é mais notada em relação à dominância cerebral.
"A DISLEXIA é uma dificuldade de aprendizagem na qual a capacidade de uma criança para ler ou escrever está abaixo de seu nível de inteligência."
"A DISLEXIA é uma função, um problema, um transtorno, uma deficiência, um distúrbio. Refere a uma dificuldade de aprendizagem relacionada à linguagem."
"A DISLEXIA é um transtorno, uma perturbação, uma dificuldade estável, isto é duradoura ou parcial e, portanto, temporária, do processo de leitura que se manifesta na insuficiência para assimilar os símbolos gráficos da linguagem.”
"A DISLEXIA não é uma doença, é um distúrbio de aprendizagem congênito que interfere de forma significativa na integração dos símbolos lingüísticos e perceptivos. Acomete mais o sexo masculino que o feminino, numa proporção de 3 para 1."
"A DISLEXIA é caracterizada por dificuldades na leitura, escrita (ortografia e semântica), matemática (geometria, cálculo), atraso na aquisição da linguagem, comprometimento da discriminação visual e auditiva e da memória seqüencial.”
A Hipótese do Déficit Fonológico da DISLEXIA
A HIPÓTESE DO DÉFICIT FONOLÓGICO DA DISLEXIA
É possível supor que, durante todo o desenvolvimento da linguagem, as crianças liguem a fala que ouvem às expressões que produzem. Falando de maneira ampla, esse é um aspecto fundamental do desenvolvimento fonológico. À medida que o sistema fonológico da criança se desenvolve, tais vínculos ou "representações" tornam-se pouco a pouco aperfeiçoados (Nittrouer e Studdert-Kennedy, 1987). É provável que os aperfeiçoamentos tragam com eles melhorias em algumas habilidades cognitivas subjacentes ao desenvolvimento da leitura, como, por exemplo, melhorias no acesso às formas faladas das palavras, como é requerido nas tarefas de consciência fonológica, e aumentos na capacidade da memória verbal de curto prazo, porque esta se baseia em códigos fonológicos (baseados na fala) (Snowling e Hulme, 1994).
Para a maioria das crianças, o sistema fonológico é totalmente formado na 'época em que elas iniciam o aprendizado da leitura. Pode, por isso, proporcionar uma base para o sistema de leitura, que pode ser considerado como parasítico daquele. Na verdade, várias teorias recentes do desenvolvimento da leitura propõem que as crianças estabelecem conexões diretas entre as representações de palavras impressas e as representações de palavras faladas no seu sistema de linguagem (Ehri, 1992; Goswami, 1994; Rack et al., 1994). Em um estágio posterior, (( conhecimento incorporado nestas representações se generaliza para f permitir que novas palavras sejam "decodificadas" (cf. Seidenberg e McClelland, l, 1989). Neste ponto, terá sido criado um sistema de leitura mais flexível.
Portanto, a partir dessas teorias de desenvolvimento da leitura, a situação das representações fonológicas básicas das crianças determina a facilidade com que elas conseguem aprender a ler (Hulme e Snowling, 1992b). O desempenho em uma série de tarefas de processamento fonológico, incluindo testes de consciência fonológica, memória verbal de curto prazo ou nomeação verbal, também requer acesso a representações fonológicas. Provavelmente, seja por essa razão que o desempenho nessas tarefas tenda a ser extremamente relacionado com o desempenho na leitura.
Desde 1980, surgiu na literatura um grande número de estudos apontando para as dificuldades de linguagem em crianças disléxicas, especificamente no nível da fonologia (Shankweiler e Crain, 1986). 'Talvez a dificuldade relatada de forma mais consistente seja os problemas com a consciência fonológica (Bradley e Bryant, 1978; Manis, Custodio e Szeszulski, 1993) e com a memória verbal de curto prazo (Siegel e Linder, 1984; Johnston, Rugg e Scott, 1987; Torgeson et al., 1988). Há também evidências de que as crianças disléxicas têm problemas com a aprendizagem verbal de longo prazo, como, por exemplo, a memorização dos meses do ano ou as tabelas de multiplicação.
Outra tarefa que requer a recuperação de informações fonológicas da memória de curto prazo é a nomeação. As dificuldades para encontrar palavras são freqüentemente relatadas em crianças disléxicas, e os estudos experimentais que usam tarefas de nomeação rápida relatam deficiências nos disléxicos (Denk1a e Rudel, 1976). Estendendo esse trabalho à nomeação de objetos, Katz (1986) descobriu que as crianças disléxicas eram menos capazes do que as crianças-controle de rotular os objetos do Boston Naming Test e tinham uma dificuldade particular com palavras de baixa freqüência e com polissílabas. Da mesma maneira, Snowling, van Wagtendonk e Stafford (1988) descobriram que os disléxicos cometeram mais erros de nomeação do que as crianças da mesma idade e de vocabulário similar quando foi solicitado que nomeassem objetos após a apresentação de figuras ou após definição falada. No geral, esses achados são consistentes com a visão de que as crianças disléxicas experimentam problemas específicos na recuperação de informações fonológicas da memória de longo prazo e são compatíveis com os estudos das crianças em risco que apontam para dificuldades similares precoces no desenvolvimento.
Vários estudos têm usado testes de percepção da fala e produção da fala para explorar as possíveis bases das dificuldades que as crianças disléxicas encontram com o processamento da linguagem. Brandt e Rosen (1980) investigaram a percepção das consoantes explosivas, como, por exemplo, [d] e [p], por parte de leitores disléxicos e leitores normais. Descobriram que os leitores disléxicos desempenhavam-se como crianças em um estágio inicial de desenvolvimento, um achado similar àquele de Godfrey e colaboradores (1981) Reed (1989) descobriu que as crianças disléxicas tinham mais dificuldade para determinar a ordem em que duas consoantes ou dois sons breves eram apresentados do que leitores normais da mesma idade. Em contraste, os julgamentos de ordem temporal que envolviam vogais em situação fixa não causaram dificuldade. As crianças disléxicas também tiveram mais dificuldade com uma tarefa de identificação de palavras em que a palavra apresentada por meio auditivo tinha de ser relacionada com uma de duas figuras, diferindo por um único fonema (por exemplo, goal-bowl'). Elas também eram menos . consistentes em suas categorizações fonêmicas dos estímulos.
Consideradas juntas, essas descobertas sugerem que as crianças disléxicas têm dificuldade com a percepção de sugestões auditivas breves, uma dificuldade que poderia plausivelmente ser responsável por seu desempenho prejudicado em várias tarefas de processamento fonológico. Essa dificuldade tem sido há muitos anos considerada por Tallal e seus colegas (Tallal e Piercy, 1973; Tallal et aI., 1980) como fundamental para a causa de desordens específicas da linguagem.
As crianças disléxicas também têm relatado ter dificuldades com a produção da fala (Snowling, 1981, Brady, Shankweiler e Mann, 1983). Snowling, Goulandris, Bowlby e colaboradores (1986) estenderam essas descobertas e mostraram que as crianças disléxicas têm dificuldades específicas com a repetição de não-palavras. Essa dificuldade foi interpretada como um problema dos processos de segmentação que medeiam entre a percepção da fala e a produção da fala. É discutível se os déficits de linguagem observados nestas experiências estão relacionados a dificuldades, primeiro em estabelecer, depois em acessar, representações fonológicas adequadas. Tais dificuldades podem, enfim, explicar déficits cognitivos mais abrangentes nas crianças disléxicas.
É possível supor que, durante todo o desenvolvimento da linguagem, as crianças liguem a fala que ouvem às expressões que produzem. Falando de maneira ampla, esse é um aspecto fundamental do desenvolvimento fonológico. À medida que o sistema fonológico da criança se desenvolve, tais vínculos ou "representações" tornam-se pouco a pouco aperfeiçoados (Nittrouer e Studdert-Kennedy, 1987). É provável que os aperfeiçoamentos tragam com eles melhorias em algumas habilidades cognitivas subjacentes ao desenvolvimento da leitura, como, por exemplo, melhorias no acesso às formas faladas das palavras, como é requerido nas tarefas de consciência fonológica, e aumentos na capacidade da memória verbal de curto prazo, porque esta se baseia em códigos fonológicos (baseados na fala) (Snowling e Hulme, 1994).
Para a maioria das crianças, o sistema fonológico é totalmente formado na 'época em que elas iniciam o aprendizado da leitura. Pode, por isso, proporcionar uma base para o sistema de leitura, que pode ser considerado como parasítico daquele. Na verdade, várias teorias recentes do desenvolvimento da leitura propõem que as crianças estabelecem conexões diretas entre as representações de palavras impressas e as representações de palavras faladas no seu sistema de linguagem (Ehri, 1992; Goswami, 1994; Rack et al., 1994). Em um estágio posterior, (( conhecimento incorporado nestas representações se generaliza para f permitir que novas palavras sejam "decodificadas" (cf. Seidenberg e McClelland, l, 1989). Neste ponto, terá sido criado um sistema de leitura mais flexível.
Portanto, a partir dessas teorias de desenvolvimento da leitura, a situação das representações fonológicas básicas das crianças determina a facilidade com que elas conseguem aprender a ler (Hulme e Snowling, 1992b). O desempenho em uma série de tarefas de processamento fonológico, incluindo testes de consciência fonológica, memória verbal de curto prazo ou nomeação verbal, também requer acesso a representações fonológicas. Provavelmente, seja por essa razão que o desempenho nessas tarefas tenda a ser extremamente relacionado com o desempenho na leitura.
Desde 1980, surgiu na literatura um grande número de estudos apontando para as dificuldades de linguagem em crianças disléxicas, especificamente no nível da fonologia (Shankweiler e Crain, 1986). 'Talvez a dificuldade relatada de forma mais consistente seja os problemas com a consciência fonológica (Bradley e Bryant, 1978; Manis, Custodio e Szeszulski, 1993) e com a memória verbal de curto prazo (Siegel e Linder, 1984; Johnston, Rugg e Scott, 1987; Torgeson et al., 1988). Há também evidências de que as crianças disléxicas têm problemas com a aprendizagem verbal de longo prazo, como, por exemplo, a memorização dos meses do ano ou as tabelas de multiplicação.
Outra tarefa que requer a recuperação de informações fonológicas da memória de curto prazo é a nomeação. As dificuldades para encontrar palavras são freqüentemente relatadas em crianças disléxicas, e os estudos experimentais que usam tarefas de nomeação rápida relatam deficiências nos disléxicos (Denk1a e Rudel, 1976). Estendendo esse trabalho à nomeação de objetos, Katz (1986) descobriu que as crianças disléxicas eram menos capazes do que as crianças-controle de rotular os objetos do Boston Naming Test e tinham uma dificuldade particular com palavras de baixa freqüência e com polissílabas. Da mesma maneira, Snowling, van Wagtendonk e Stafford (1988) descobriram que os disléxicos cometeram mais erros de nomeação do que as crianças da mesma idade e de vocabulário similar quando foi solicitado que nomeassem objetos após a apresentação de figuras ou após definição falada. No geral, esses achados são consistentes com a visão de que as crianças disléxicas experimentam problemas específicos na recuperação de informações fonológicas da memória de longo prazo e são compatíveis com os estudos das crianças em risco que apontam para dificuldades similares precoces no desenvolvimento.
Vários estudos têm usado testes de percepção da fala e produção da fala para explorar as possíveis bases das dificuldades que as crianças disléxicas encontram com o processamento da linguagem. Brandt e Rosen (1980) investigaram a percepção das consoantes explosivas, como, por exemplo, [d] e [p], por parte de leitores disléxicos e leitores normais. Descobriram que os leitores disléxicos desempenhavam-se como crianças em um estágio inicial de desenvolvimento, um achado similar àquele de Godfrey e colaboradores (1981) Reed (1989) descobriu que as crianças disléxicas tinham mais dificuldade para determinar a ordem em que duas consoantes ou dois sons breves eram apresentados do que leitores normais da mesma idade. Em contraste, os julgamentos de ordem temporal que envolviam vogais em situação fixa não causaram dificuldade. As crianças disléxicas também tiveram mais dificuldade com uma tarefa de identificação de palavras em que a palavra apresentada por meio auditivo tinha de ser relacionada com uma de duas figuras, diferindo por um único fonema (por exemplo, goal-bowl'). Elas também eram menos . consistentes em suas categorizações fonêmicas dos estímulos.
Consideradas juntas, essas descobertas sugerem que as crianças disléxicas têm dificuldade com a percepção de sugestões auditivas breves, uma dificuldade que poderia plausivelmente ser responsável por seu desempenho prejudicado em várias tarefas de processamento fonológico. Essa dificuldade tem sido há muitos anos considerada por Tallal e seus colegas (Tallal e Piercy, 1973; Tallal et aI., 1980) como fundamental para a causa de desordens específicas da linguagem.
As crianças disléxicas também têm relatado ter dificuldades com a produção da fala (Snowling, 1981, Brady, Shankweiler e Mann, 1983). Snowling, Goulandris, Bowlby e colaboradores (1986) estenderam essas descobertas e mostraram que as crianças disléxicas têm dificuldades específicas com a repetição de não-palavras. Essa dificuldade foi interpretada como um problema dos processos de segmentação que medeiam entre a percepção da fala e a produção da fala. É discutível se os déficits de linguagem observados nestas experiências estão relacionados a dificuldades, primeiro em estabelecer, depois em acessar, representações fonológicas adequadas. Tais dificuldades podem, enfim, explicar déficits cognitivos mais abrangentes nas crianças disléxicas.
A Hereditariedade da Dislexia
A Hereditariedade da dislexia
Há muitos anos se sabe que a leitura deficiente tende a ocorrer em famílias e, hoje em dia, há evidências conclusivas de que a dislexia é hereditária (De Fries, 1991, para uma revisão). Os geneticistas do comportamento têm mostrado que há até 50% de probabilidade de um menino se tornar disléxico se seu pai for disléxico (cerca de 40% se sua mãe for afetada); a probabilidade de uma menina desenvolver dislexia é um pouco menor. O que é herdado não é a deficiência de leitura per se, mas aspectos do processamento da linguagem. Os resultados de estudos em grande escala realizados com gêmeos sugerem que há uma hereditariedade maior de aspectos fonológicos (fônicos) do que aspectos visuais da leitura. Além disso, as habilidades fonológicas de leitura compartilham uma variação hereditária com a consciência fonológica: a capacidade de refletir sobre a estrutura sonora das palavras faladas (Olson et al., 1989).
Com os estudos genéticos como pano de fundo, a menor idade em que as crianças disléxicas têm sido estudadas é a de 2 anos (Scarborough, 1990). Scarborough cercou o problema do diagnóstico precoce realizando um estudo longitudinal de crianças que estavam "em risco" de dislexia em virtude de terem pai ou mãe disléxicos. Ela comparou o desenvolvimento dessas crianças com aquele de crianças de famílias nâo-disléxicas dos 2 aos 7 anos de idade. Quando as crianças estavam com 7 anos e suas habilidades de leitura puderam ser avaliadas, foi possível observar, retrospectivamente, os dados da pré-escola e comparar as crianças que vieram a se tornar disléxicas com crianças que não desenvolveram dificuldades de leitura. Uma importante diferença entre os grupos estava na produção da fala. Embora as crianças disléxicas usassem uma variedade tão grande de vocabulário nas conversas com suas mães quanto suas contra partes não-disléxicas, elas cometiam mais erros de fala e seu uso da sintaxe era mais limitado. Aos 5 anos, as crianças disléxicas tinham mais dificuldade com a nomeação dos objetos e com as tarefas de consciência fonológica. Suas habilidades de alfabetização emergentes também eram mais deficientes; estavam menos familiarizadas com as letras do alfabeto e tinham um desempenho pior na correspondência das imagens com a palavra impressa.
Um estudo recente, por nós realizado, vai em direção à ratificação dos resultados encontrados por Scarborough. Gallagher, Frith e Snowling recrutaram 73 crianças de famílias em que havia um parente de primeiro grau com dislexia e as avaliaram em uma série de tarefas de linguagem pouco antes de completarem 4 anos. Embora não diferissem na sua habilidade não-verbal, as crianças em risco de dislexia tiveram um desempenho em geral mais fraco nos testes de fala e processamento da linguagem do que as crianças das famílias controle, sem história de dislexia. Elas exibiram, particularmente, déficits em sua compreensão do vocabulário e em sua habilidade de nomeação, assim como na repetição de palavras novas (não-palavras de duas sílabas). Em termos de habilidades anteriores à alfabetização, as crianças em risco apresentaram um conhecimento mais fraco das letras e das rimas infantis.
Esses dois estudos das deficiências nas crianças em risco de dislexia realizados bem antes da época tradicional do diagnóstico, na idade escolar, sugerem que as crianças disléxicas exibem déficits de linguagem precoces. Os dados são consistentes com a teoria de que a dislexia é um déficit do processamento fonológico; deficiências no sistema de produção da fala foram reveladas em ambos os estudos, assim como problemas de consciência fonológica emergentes. Entretanto, esses estudos também nos alertam para a possibilidade de dificuldades de linguagem mais diversificadas nas histórias dessas crianças. Os atrasos ou dificuldades revelados no desenvolvimento de sintaxe produtiva e de vocabulário raramente são discutidos com referência à criança disléxica em idade escolar. Pode ser que eles sejam compensados com o desenvolvimento ou, pelo menos, fiquem fora do alcance da vista (cf Stackhouse e Wells, 1991).
As evidências dos estudos de dislexia realizados durante o tempo de vida dos pacientes são bastante consistentes com aqueles das comparações de grupos de crianças disléxicas e normais. Passaremos, agora, a examinar a pesquisa que contribui para a visão geralmente aceita de que os déficits de processamento fonológico são déficits básicos na dislexia. Assim fazendo, continuamos cientes do fato de que a manifestação comportamental dos déficits subjacentes à dislexia dependerá da idade da criança e da extensão em que eles têm sido remediados, quer através do ensino ou através de outras formas de intervenção, incluindo a fonoaudiologia (Frith, 1995; Morton e Frith, 1995).
Há muitos anos se sabe que a leitura deficiente tende a ocorrer em famílias e, hoje em dia, há evidências conclusivas de que a dislexia é hereditária (De Fries, 1991, para uma revisão). Os geneticistas do comportamento têm mostrado que há até 50% de probabilidade de um menino se tornar disléxico se seu pai for disléxico (cerca de 40% se sua mãe for afetada); a probabilidade de uma menina desenvolver dislexia é um pouco menor. O que é herdado não é a deficiência de leitura per se, mas aspectos do processamento da linguagem. Os resultados de estudos em grande escala realizados com gêmeos sugerem que há uma hereditariedade maior de aspectos fonológicos (fônicos) do que aspectos visuais da leitura. Além disso, as habilidades fonológicas de leitura compartilham uma variação hereditária com a consciência fonológica: a capacidade de refletir sobre a estrutura sonora das palavras faladas (Olson et al., 1989).
Com os estudos genéticos como pano de fundo, a menor idade em que as crianças disléxicas têm sido estudadas é a de 2 anos (Scarborough, 1990). Scarborough cercou o problema do diagnóstico precoce realizando um estudo longitudinal de crianças que estavam "em risco" de dislexia em virtude de terem pai ou mãe disléxicos. Ela comparou o desenvolvimento dessas crianças com aquele de crianças de famílias nâo-disléxicas dos 2 aos 7 anos de idade. Quando as crianças estavam com 7 anos e suas habilidades de leitura puderam ser avaliadas, foi possível observar, retrospectivamente, os dados da pré-escola e comparar as crianças que vieram a se tornar disléxicas com crianças que não desenvolveram dificuldades de leitura. Uma importante diferença entre os grupos estava na produção da fala. Embora as crianças disléxicas usassem uma variedade tão grande de vocabulário nas conversas com suas mães quanto suas contra partes não-disléxicas, elas cometiam mais erros de fala e seu uso da sintaxe era mais limitado. Aos 5 anos, as crianças disléxicas tinham mais dificuldade com a nomeação dos objetos e com as tarefas de consciência fonológica. Suas habilidades de alfabetização emergentes também eram mais deficientes; estavam menos familiarizadas com as letras do alfabeto e tinham um desempenho pior na correspondência das imagens com a palavra impressa.
Um estudo recente, por nós realizado, vai em direção à ratificação dos resultados encontrados por Scarborough. Gallagher, Frith e Snowling recrutaram 73 crianças de famílias em que havia um parente de primeiro grau com dislexia e as avaliaram em uma série de tarefas de linguagem pouco antes de completarem 4 anos. Embora não diferissem na sua habilidade não-verbal, as crianças em risco de dislexia tiveram um desempenho em geral mais fraco nos testes de fala e processamento da linguagem do que as crianças das famílias controle, sem história de dislexia. Elas exibiram, particularmente, déficits em sua compreensão do vocabulário e em sua habilidade de nomeação, assim como na repetição de palavras novas (não-palavras de duas sílabas). Em termos de habilidades anteriores à alfabetização, as crianças em risco apresentaram um conhecimento mais fraco das letras e das rimas infantis.
Esses dois estudos das deficiências nas crianças em risco de dislexia realizados bem antes da época tradicional do diagnóstico, na idade escolar, sugerem que as crianças disléxicas exibem déficits de linguagem precoces. Os dados são consistentes com a teoria de que a dislexia é um déficit do processamento fonológico; deficiências no sistema de produção da fala foram reveladas em ambos os estudos, assim como problemas de consciência fonológica emergentes. Entretanto, esses estudos também nos alertam para a possibilidade de dificuldades de linguagem mais diversificadas nas histórias dessas crianças. Os atrasos ou dificuldades revelados no desenvolvimento de sintaxe produtiva e de vocabulário raramente são discutidos com referência à criança disléxica em idade escolar. Pode ser que eles sejam compensados com o desenvolvimento ou, pelo menos, fiquem fora do alcance da vista (cf Stackhouse e Wells, 1991).
As evidências dos estudos de dislexia realizados durante o tempo de vida dos pacientes são bastante consistentes com aqueles das comparações de grupos de crianças disléxicas e normais. Passaremos, agora, a examinar a pesquisa que contribui para a visão geralmente aceita de que os déficits de processamento fonológico são déficits básicos na dislexia. Assim fazendo, continuamos cientes do fato de que a manifestação comportamental dos déficits subjacentes à dislexia dependerá da idade da criança e da extensão em que eles têm sido remediados, quer através do ensino ou através de outras formas de intervenção, incluindo a fonoaudiologia (Frith, 1995; Morton e Frith, 1995).
DISLEXIA- Perguntas e Respostas
Dislexia - Perguntas e Respostas
O que é a Dislexia?
A Dislexia caracteriza-se por problemas na leitura. Quando a pessoa lê, ela pode não entender bem os códigos da escrita. A leitura pode ser lenta, silabada e a pessoa pode ter dificuldades em reconhecer até mesmo as palavras mais familiares. A Dislexia é inesperada pois não tem uma causa evidente. A pessoa tem inteligência normal e condições adequadas no seu meio assim como no ensino, não apresenta doenças neurológicas ou psiquiátricas e não tem alterações significativas auditivas e visuais.
A dislexia é uma doença?
A dislexia não é considerada uma doença. As pessoas com dislexia apresentam um funcionamento peculiar do cérebro para os processamentos lingüísticos relacionados com leitura. O disléxico tem dificuldade em associar o símbolo gráfico, as letras, com o som que elas representam, e organizá-los, mentalmente, numa seqüência temporal. É uma dificuldade de linguagem inesperada, pois não está relacionada com problemas visuais, auditivos, lesões neurológicas, atraso, problemas psicológicos e sócio culturais.
Toda a pessoa disléxica tem sempre problemas na leitura?
O que caracteriza a dislexia é a dificuldade para descodificar os símbolos escritos e reconhecer imediatamente as palavras, tendo como conseqüência dificuldades na compreensão dos textos.
Com que idade pode ser feito um diagnóstico de dislexia? Quais os profissionais que fazem esse diagnóstico?
Podemos suspeitar a presença da dislexia desde cedo, principalmente na época da alfabetização, quando a leitura e escrita são formalmente apresentadas à criança. Um diagnóstico mais precisa é feito a partir do 2° ano, após dois anos de aprendizagem da leitura. Mas havendo sinais de dificuldades nas áreas de linguagem, um atendimento adequado deve ser iniciado antes mesmo da alfabetização.
Os profissionais que podem realizar este diagnóstico são os Terapeutas da Fala trabalhando conjuntamente com os psicólogos especializados no assunto. Quando necessário, podem ser solicitados exames complementares (neurológico, neuropsicológico, processamento auditivo central, neuroftalmológico).
Existem sintomas antes da idade escolar?
Alguns sintomas podem ser observados desde cedo, como dificuldades para se expressar oralmente, dificuldades em identificar rimas e sons nas palavras, compreender o que é falado, dificuldades na orientação de espaço e tempo.
Quais são os direitos de um aluno disléxico perante a lei?
Todas as crianças têm o direito fundamental à educação. O Decreto-Lei n.º 3/2008 vem enquadrar as respostas educativas a desenvolver no âmbito da adequação do processo educativo às necessidades educativas especiais dos alunos com limitações significativas ao nível da atividade e participação, num ou vários domínios da vida, decorrentes de alterações funcionais e estruturais de permanente e das quais resultam dificuldades continuadas ao nível da comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e da participação social.
A dislexia pode ser encontrada também no adulto?
A dislexia é um transtorno de linguagem que perdura ao longo da vida, nasce-se disléxico. Mediante um grande esforço, os adultos podem ter aprendido a conviver com suas dificuldades, e se tiverem feito um tratamento adequado, terão desenvolvido estratégias que compensarão estas dificuldades, facilitando-lhes a vida acadêmica.
Como pode uma pessoa com dislexia enfrentar a vida acadêmica?
A intervenção terapêutica adequada para o desenvolvimento de estratégias de leitura, realizadas com a ajuda do Terapeuta da Fala especializado, são essenciais para o êxito da aprendizagem. A família tem um papel de grande importância, assim como a escola. Ambos devem conhecer as características do disléxico, respeitando os seus limites e valorizando muito seu potencial.
A criança disléxica pode freqüentar uma escola normal? E uma escola bilíngüe?
A criança disléxica deve freqüentar a escola regular. É importante que a equipa escolar conheça os aspectos característicos da dislexia, o funcionamento leitor do disléxico e esteja pronta e disponível para atender estas necessidades especiais. A escola bilíngüe não é indicada para uma criança com dificuldades de linguagem, pois ela deverá lidar com vários idiomas simultaneamente, com diferentes estruturas fonéticas e gramaticais, o que tomará mais complexa a aprendizagem da língua escrita.
Como identificar a diferença entre uma criança má alfabetizada ou com dificuldades na aprendizagem e uma criança disléxica?
A criança má alfabetizada consegue vencer suas dificuldades, até ficarem totalmente superadas. A criança disléxica tem sinais que a acompanharão por toda a vida. Há possibilidade de realizar este diagnóstico diferencial utilizando-se avaliações específicas.
A dislexia é hereditária?
A dislexia de desenvolvimento, aquela que nasce conosco, com freqüência aparece em outros casos familiares. As causas genéticas e distúrbios neuroquímicos estão a ser estudadas pelas ciências neurocognitivas.
A dislexia pode ser adquirida?
Se uma pessoa tiver um traumatismo craniano, doenças neurológicas graves ou problemas emocionais severos, ela poderá apresentar um grande transtorno na sua aprendizagem e conseqüentemente na leitura, mas com causa evidente.
O que é a Dislexia?
A Dislexia caracteriza-se por problemas na leitura. Quando a pessoa lê, ela pode não entender bem os códigos da escrita. A leitura pode ser lenta, silabada e a pessoa pode ter dificuldades em reconhecer até mesmo as palavras mais familiares. A Dislexia é inesperada pois não tem uma causa evidente. A pessoa tem inteligência normal e condições adequadas no seu meio assim como no ensino, não apresenta doenças neurológicas ou psiquiátricas e não tem alterações significativas auditivas e visuais.
A dislexia é uma doença?
A dislexia não é considerada uma doença. As pessoas com dislexia apresentam um funcionamento peculiar do cérebro para os processamentos lingüísticos relacionados com leitura. O disléxico tem dificuldade em associar o símbolo gráfico, as letras, com o som que elas representam, e organizá-los, mentalmente, numa seqüência temporal. É uma dificuldade de linguagem inesperada, pois não está relacionada com problemas visuais, auditivos, lesões neurológicas, atraso, problemas psicológicos e sócio culturais.
Toda a pessoa disléxica tem sempre problemas na leitura?
O que caracteriza a dislexia é a dificuldade para descodificar os símbolos escritos e reconhecer imediatamente as palavras, tendo como conseqüência dificuldades na compreensão dos textos.
Com que idade pode ser feito um diagnóstico de dislexia? Quais os profissionais que fazem esse diagnóstico?
Podemos suspeitar a presença da dislexia desde cedo, principalmente na época da alfabetização, quando a leitura e escrita são formalmente apresentadas à criança. Um diagnóstico mais precisa é feito a partir do 2° ano, após dois anos de aprendizagem da leitura. Mas havendo sinais de dificuldades nas áreas de linguagem, um atendimento adequado deve ser iniciado antes mesmo da alfabetização.
Os profissionais que podem realizar este diagnóstico são os Terapeutas da Fala trabalhando conjuntamente com os psicólogos especializados no assunto. Quando necessário, podem ser solicitados exames complementares (neurológico, neuropsicológico, processamento auditivo central, neuroftalmológico).
Existem sintomas antes da idade escolar?
Alguns sintomas podem ser observados desde cedo, como dificuldades para se expressar oralmente, dificuldades em identificar rimas e sons nas palavras, compreender o que é falado, dificuldades na orientação de espaço e tempo.
Quais são os direitos de um aluno disléxico perante a lei?
Todas as crianças têm o direito fundamental à educação. O Decreto-Lei n.º 3/2008 vem enquadrar as respostas educativas a desenvolver no âmbito da adequação do processo educativo às necessidades educativas especiais dos alunos com limitações significativas ao nível da atividade e participação, num ou vários domínios da vida, decorrentes de alterações funcionais e estruturais de permanente e das quais resultam dificuldades continuadas ao nível da comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e da participação social.
A dislexia pode ser encontrada também no adulto?
A dislexia é um transtorno de linguagem que perdura ao longo da vida, nasce-se disléxico. Mediante um grande esforço, os adultos podem ter aprendido a conviver com suas dificuldades, e se tiverem feito um tratamento adequado, terão desenvolvido estratégias que compensarão estas dificuldades, facilitando-lhes a vida acadêmica.
Como pode uma pessoa com dislexia enfrentar a vida acadêmica?
A intervenção terapêutica adequada para o desenvolvimento de estratégias de leitura, realizadas com a ajuda do Terapeuta da Fala especializado, são essenciais para o êxito da aprendizagem. A família tem um papel de grande importância, assim como a escola. Ambos devem conhecer as características do disléxico, respeitando os seus limites e valorizando muito seu potencial.
A criança disléxica pode freqüentar uma escola normal? E uma escola bilíngüe?
A criança disléxica deve freqüentar a escola regular. É importante que a equipa escolar conheça os aspectos característicos da dislexia, o funcionamento leitor do disléxico e esteja pronta e disponível para atender estas necessidades especiais. A escola bilíngüe não é indicada para uma criança com dificuldades de linguagem, pois ela deverá lidar com vários idiomas simultaneamente, com diferentes estruturas fonéticas e gramaticais, o que tomará mais complexa a aprendizagem da língua escrita.
Como identificar a diferença entre uma criança má alfabetizada ou com dificuldades na aprendizagem e uma criança disléxica?
A criança má alfabetizada consegue vencer suas dificuldades, até ficarem totalmente superadas. A criança disléxica tem sinais que a acompanharão por toda a vida. Há possibilidade de realizar este diagnóstico diferencial utilizando-se avaliações específicas.
A dislexia é hereditária?
A dislexia de desenvolvimento, aquela que nasce conosco, com freqüência aparece em outros casos familiares. As causas genéticas e distúrbios neuroquímicos estão a ser estudadas pelas ciências neurocognitivas.
A dislexia pode ser adquirida?
Se uma pessoa tiver um traumatismo craniano, doenças neurológicas graves ou problemas emocionais severos, ela poderá apresentar um grande transtorno na sua aprendizagem e conseqüentemente na leitura, mas com causa evidente.
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