DISLEXIA NA SALA DE AULA
Segundo definição atual: “Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem de origem neurobiológica. É caracterizada pela dificuldade com a fluência correta na leitura e por dificuldade na habilidade de decodificação e soletração. Essas dificuldades resultam tipicamente do déficit no componente fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades cognitivas consideradas na faixa etária”. (Nico, Souza)
Definida como um distúrbio ou transtorno na área de leitura, escrita e soletração, a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula.
Segundo a ABD (Associação Brasileira de Dislexia), pesquisas realizadas em vários países mostram que entre 5 e 17% da população mundial é disléxica, “[...] 10 milhões apenas nos Estados Unidos”. (Shaywitz, 2006).
Ainda segundo a ABD, ao contrário do que muitos pensam, a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.
“Tão nocivo quanto qualquer vírus que ameaça tecidos e órgãos, a dislexia pode infiltrar-se em todos os aspectos da vida de uma pessoa [...]” (Shaywitz, 2006)
E sendo um distúrbio genético e hereditário, de acordo com a ADB, se a criança possuir pais ou outros parentes disléxicos, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico melhor para os pais, à escola e à própria criança;
“Os geneticistas do comportamento têm mostrado que há até 50% de probabilidade de um menino se tornar disléxico se seu pai for disléxico (cerca de 40% se sua mãe for afetada); a probabilidade de uma menina se tornar disléxica é um pouco menor”.(Snowling, Stackhouse, 2007)
“Embora tenha base biológica, a dislexia se expressa no contexto da sala de aula, o que faz com que sua identificação dependa de procedimentos escolares”.(Shaywitz, 2006)
Procedimentos, que se não tomados corretamente, podem, causar ainda mais discriminação ou exclusão. A tomada correta porém, um trabalho de observação básica de alguns sintomas, característicos da dislexia, feito pelos professores e pais desses alunos, mesmo que não possa confirmar a dislexia, evita que o aluno continue sendo classificado como “doente” (Revista Nova Escola, 2008), “[...] burro, desatento ou preguiçoso” (Gonçalves) e possibilita a busca de uma avaliação adequada, multidisciplinar.
A equipe multidisciplinar, segundo a ABD, que fará uma minuciosa investigação identificando as causas das dificuldades apresentadas e confirmando se a criança é mesmo disléxica ou não, deverá ser formada por Psicólogo, Fonoaudiólogo e Psicopedagogo Clínico, especializados nesse assunto.
Essa avaliação, de acordo com a ABD, não só identifica as causas das dificuldades apresentadas, assim como permite um encaminhamento adequado a cada caso, por meio de um relatório por escrito.
Depois de diagnosticado a dislexia, o encaminhamento orienta o acompanhamento consoante às particularidades de cada caso, o que permite que este seja o mais eficaz e proveitoso, afinal, o profissional que assumir o caso não precisará de um tempo, para identificação do problema, bem como terá ainda acesso a pareceres importantes.
Sem que procedimentos escolares de observação sejam tomados e esses alunos avaliados corretamente, seus professores ficam a se perguntar “[...] o que eles ou as crianças podem estar fazendo de errado e, freqüentemente, diagnosticam erradamente ou recebem maus conselhos. Os pais questionam sentindo-se culpados, ou irritados” (Sánchez 2007), e o disléxico continua sem ser atendido adequadamente.
Feito o trabalho inicial de observação, encaminhado para avaliação e diagnosticado corretamente, o próximo passo é trabalhar para encontrar o método certo e a medida certa no trato com o disléxico, levando-se em conta a individualidade de cada um.
Não é um trabalho fácil, porém, “[...] quando o professor consegue acolher esse estudante e respeitá-lo em suas diferenças, sem cair da armadilha do sentimento de pena, proporciona a ele um grande benefício. Mais do que isso, oferece também a toda a classe, uma rica experiência de convivência com a diversidade. (Revista Nova Escola, 2005)
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
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