quarta-feira, 18 de agosto de 2010

HABILIDADES DE PRÉ- ESCRITA

HABILIDADES DE PRÉ-ESCRITA

Segurar os instrumentos de escrita. Muitas crianças com disgrafia não sabem como segurar um lápis. Elas vêem o que devem fazer e tentam manipular adequadamente os seus dedos, mas não conseguem imitar o que vêem. Algumas seguram o lápis com as duas mãos e tentam escrever; outras recusam-se a tocar nos instrumentos de escrita pois já experimentaram fracassos sucessivos. As crianças com problemas menos severos seguram o lápis muito perto da ponta ou da borracha; outras seguram o lápis com muita força ou muito levemente. Se houver problemas de manipulação dos crayons ou lápis, deverão ser tomadas medidas no sentido de se ensinar a corrigir o modo de segurar os instrumentos de escrita. Algumas sugestões são oferecidas a seguir.
(1) As crianças pequenas devem trabalhar com lápis de tamanho normal e crayons grandes. Embora não tenham um envolvimento muscular impedindo-as de segurar um lápis fino, elas conseguem manipular melhor os lápis grandes. Os crayons hexagonais são úteis pois são mais fáceis de segurar nos lados planos. Canetas hidrográficas também são úteis.
(2) Lápis curtos não devem ser usados. Eles forçam as crianças a segurarem com muita força e sua escrita torna-se desajeitada ou pequena. Os lápis pequenos também fazem com que as crianças exerçam pressão desnecessária, o que por sua vez provoca cansaço e frustração.
(3) O lápis deve ser segurado acima da parte apontada, entre os dedos polegar e médio, com o indicador guiando o lápis. Se as crianças tiverem dificuldade para se lembrar da posição correta, poderá ser colocado um pedaço de fita adesiva, fazer-se um pequeno corte na madeira ou aplicar tinta na área específica em que os dedos devem ficar.
(4) Se as crianças tiverem boa facilidade verbal e parecerem aprender usando o canal auditivo, poderão ser dadas instruções detalhadas do que deve ser feito, como, por exemplo: "Coloque o lápis na sua mão direita; coloque o seu dedo indicador na parte de cima do lápis; coloque o seu polegar no lado esquerdo do lápis; coloque o seu dedo médio no lado direito do lápis; feche ligeiramente os outros dedos e deixe-os repousar sobre a mesa". Essas instruções proporcionam um padrão que é reorganizado auditivamente, a fim de que se possa automaticamente executar o ato; a criança deve verbalizar cada posição e movimento. Cobb (...) afirma que nenhum movimento se torna automático sem um plano. Esse plano precisa ser organizado auditivamente para algumas crianças com disgrafia.
(5) Se as crianças não tiverem habilidades auditivas adequadas e se a cinestesia parecer ser a melhor modalidade para a aprendizagem, pedir-se-á que feche-os olhos, e enquanto os seus dedos são ajeitados no lugar, suas mãos são guiadas. Pode-se apertar o lápis com firmeza, mas recomenda-se relaxamento, sendo inicialmente usados movimentos largos, como os de varrer.
Posição do papel. Observe o modo pelo qual a criança coloca o papel na carteira. Uma inclinação incorreta fará com que a criança escreva de um modo desajeitado. Praticamente todas as pessoas já puderam observar canhoto escrevendo desajeitadamente, com a mão torta, porque não aprendeu a inclinar o seu papel para a direita ao invés de para a esquerda. Há também pessoas com escrita inferior que colocam o papel com as linhas em posição perpendicular em relação ao corpo, de modo que escrevem com suas mãos movendo-se verticalmente, ao invés de horizontalmente.
O papel para a escrita à mão deve ser colocado paralelamente à borda inferior da mesa. Ensine às crianças como mover o seu papel para cima e para longe do corpo à medida que trabalham em direção ao final da folha. O papel para a escrita cursiva deve ser inclinado, formando um ângulo de cerca de sessenta graus à esquerda, para os que escrevem com a mão direita, e à direita, no caso dos canhotos.
Postura. As crianças com distúrbios de aprendizagem freqüentemente têm má postura para a escrita. Algumas aproximam muito as suas cabeças do papel; outras movimentam-se constantemente, em conseqüência mexem o papel ou cobrem o trabalho com os braços, de modo que não conseguem ver o que estão fazendo. Encoraje uma boa postura, em que a criança deve se sentar com as costas retas. Selecione cadeiras, mesas e carteiras adequadas para cada criança e certifique-se de que ambos os pés estão firmemente colocados no chão e que elas podem ver todo o seu trabalho na sua carteira. Os papéis devem ser assentados ou firmados às mesas no caso das crianças hiperativas. Para isso é eficaz o tipo de fita adesiva que pode ser facilmente removida da carteira, bem como do papel. Os quadros-negros devem ser grandes e colocados em uma posição que não force a criança a esticar o braço acima da cabeça e tampouco inclinar-se para escrever.
Se uma criança tem postura incomum, como uma acentuada inclinação da cabeça, é prudente sugerir um exame visual. Pode haver defeitos na área visual além de outros distúrbios.
JOHNSON, Doris J. e MYKLEBUST, Helmer R. Distúrbios de aprendizagem; princípios e práticas educacionais. São Paulo, Pioneira / Edusp, 1983. p.239-241.

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