domingo, 22 de fevereiro de 2009

CLASSIFICAÇÃO DAS DISLEXIAS
As dislexias classificam-se em dois tipos: a dislexia de desenvolvimento e a dislexia adquirida. A primeira refere-se a alterações no aprendizado da leitura e escrita com origem institucional, ou seja, ambiental, referente a forma de aprendizado escolar. Nesses casos, ocorre diminuição da capacidade de leitura associada a disfunção cerebral, havendo uma alteração específica na aquisição das habilidades de leitura e conseqüente dificuldade no aprendizado da leitura. Existem autores que consideram fatores genéticos como uma das causas de dislexia de desenvolvimento. Já na dislexia adquirida, o aprendizado da leitura e da escrita, que foi adquirido normalmente, é perdido como resultado de uma lesão cerebral.
Vários são os fatores ainda em estudo que descrevem as causas da dislexia de desenvolvimento - entre eles, déficits cognitivos, fatores neurológicos (neuroanatómicos e neurofisioIógicos), prematuridade e baixo peso ao nascimento, influências genéticas e ambientais. Sabe-se, porém, que fatores externos (ambientais) não podem ser separados de problemas neurológicos, visto que aspectos tais como: instrução inadequada, distúrbios emocionais e pobreza de estímulos na infância podem causar diferenças no desenvolvimento neurológico e cognitivo que precedem dificuldades severas de leitura.
As dislexias podem ser divididas em dois tipos: central e periférica, conforme a tabela abaixo:
CLASSIFICAÇÃO DAS DISLEXIAS CENTRAIS E PERIFÉRICAS
Dislexia Características Clínicas Características neuroatômicas
DislexiaFonológica Incapacidade de decodificação fonológicaDanos na via de conversão grafema-fonema.Dificuldades em tarefas de memória fonológica. Desempenho muito ruim na leitura de estímulos não-familiares e pseudopalavras (palavras não-reais). Sabe-se muito pouco sobre as áreas neuroanatômicas essenciais para o funcionamento adequado do processamento perilexical, não havendo evidências de disfunções neuroanatômicas específicas.
Dislexia Superficial Comprometimento da via lexical. Os estímulos são lidos através do processo fonológico (“ex.: tóxico é lido tóchico”), havendo uma incapacidade no tratamento ortográfico da informação. Evidências de disfunção na região temporal média e póstero-superior do hemisfério esquerdo.
Dislexia Profunda Bloqueio na via não-Iexical.Ausência de leitura de não-palavras.Maior facilidade para leitura de palavras concretas e freqüentes. Alguns autores relatam à ocorrência de lesões múltiplas no hemisfério esquerdo, e outros sugerem que existam habilidades de leitura residuais no hemisfério direito devido à extensa lesão em hemisfério dominante.
Dislexiade Atenção Preservação da leitura de palavras isoladas. Dificuldades na leitura de vários itens quando apresentados simultaneamente. Lesões no lobo parietal esquerdo.
Dislexia de Negligência Dificuldades na leitura no campo visual do lado contra lateral ao da lesão cerebral. Lesão na região da artéria cerebral media do hemisfério direito envolvendo lobos frontal, temporal e parietal.
DislexiaLiteral(pura) Leitura letra por letra preservada Lesões occipitais inferiores extensas à esquerda

Na primeira, ocorre o comprometimento do processamento lingüístico dos estímulos, ou seja, alterações no processo de conversão da ortografia para fonologia. Na segunda, ocorre o comprometimento do sistema de análise vísuo-perceptiva para leitura, havendo prejuízos na compreensão do material lido.
Entre as dislexias centrais, ressaltam-se a fonológica, a de superfície e a profunda; já as dislexias periféricas incluem a dislexia atencional, a por negligência e a literal (pura).
Em relação às dislexias de desenvolvimento, as mais comuns são a dislexia fonológica e a de superfície, já mencionadas anteriormente, e a dislexia semântica. Esta se caracteriza pela preservação da leitura em voz alta, sem erros de decodificação (fonema-grafema), porém com pobreza na compreensão da escrita.
Várias pesquisas vêm fornecendo evidencias de déficits fonológicos em dislexias de desenvolvimento. No entanto, recentes estudos demonstraram a existência de múltiplos déficits de processamento temporal nas dislexias. De fato, disléxicos mostram anormalidades visuais e auditivas que podem resultar de problemas generalizados na percepção e na seleção de estímulos.
A dislexia, atualmente é compreendida como uma síndrome que não se apresenta de modo único, definido, em todos os sujeitos que são portadores desse transtorno. Entende-se que existem graus de dislexia, assim como, estabelecem-se classificações, entre elas à referida por Coll (1995) relativas às pesquisas de Boder e presentes em vários estudos:
· Dislexia disfonética: Relaciona-se aos aspectos auditivos. Dificuldades para estabelecer diferenciação na análise, síntese e discriminação de sons; dificuldades temporais referentes a percepção da sucessão e duração de sons. Trocas de fonemas e grafemas, alterações na ordem das letras e sílabas, omissões ou acréscimos, apresentando maior dificuldade com a escrita do que com a leitura. Observa-se também a substituição de palavras por sinônimos. Como esses sujeitos percebem as palavras de forma global podem efetuar trocas de palavras por outras semelhantes. (IAK, 2004, p. 41 )
· Dislexia deseidética: Caracterizada por dificuldades visuais. Disfunção na percepção gestáltica, na análise e síntese e dificuldades espaciais relacionadas à percepção das direções, da localização espacial e das relações de distância. Essas condições teriam como conseqüência uma leitura silabada, dificuldade em estabelecer sínteses, aglutinação ou fragmentação de sílabas e/ou palavras, troca por equivalentes fonéticos, apresentando uma dificuldade maior para a leitura do que para a escrita. (idem)
· Dislexia mista: Reunião dos sintomas anteriores. (ibidem)
Vale ressaltar que para vários autores, entre eles Ellis (1995), é mais freqüente em um quadro de dislexia que as alterações descritas se apresentem de modo combinado, sendo mais comum a dislexia aqui denominada como mista.
Crianças com dislexia apresentam alterações auditivas e visuais referentes à orientação espacial. Esses achados sugerem que déficits na atenção da seleção espacial podem desorganizar o desenvolvimento de representações fonológicas e ortográficas que são essenciais para o aprendizado da leitura.

COMO OBTER UM PRÉ-DIAGNÓSTICO DA DISLEXIA
O diagnóstico diferencial em Dislexia tem sido orientado pelos sintomas e sinais relatados anteriormente. Nos casos menos severos, os problemas só passam a ser percebidos como dificuldades significativas de aprendizado, em geral, pelo professor, tornando-se mais evidentes a partir do segundo ano do curso primário. Porém quando os níveis são muito tênues, correm a risco de não serem diagnosticados, embora, como adverte um especialista italiano, a falta do diagnóstico e da adequada assistência psicopedagógica a esse disléxico pode vir a agravar as suas dificuldades sociais e de aprendizado. E quanto mais graves ou severas se apresentem essas dificuldades, elas podem ser percebidas, como tendência ou risco, já a partir dos primeiros anos da vida escolar dessa criança, por seus pais, especialmente por sua mãe, e por seu professor.
A advertência de especialistas com base em estudos conclusivos mais recentes é de que, algumas crianças apresentam sinais característicos e passam a receber efetivo treinamento fonológico, já a partir do jardim de infância e no primeiro ano primário. Elas apresentarão significativamente menos problemas no aprendizado da leitura comparado as outras crianças disléxicas que não sejam identificadas nem devidamente assistidas ate o terceiro ano primário.
Por isso, a dislexia não se caracteriza por dificuldades específicas de grupo, mas em combinações e níveis individuais de facilidades e dificuldades de aprendizado; e porque em Dislexia estão envolvidos fatores que requerem a leitura de profissionais de diferentes áreas da Educação e da Saúde com especialização efetiva, esse diagnóstico diferencial requer a avaliação de equipe multidisciplinar para ser equacionado.
Especialistas também esclarecem que o diagnóstico diferencial e o treinamento remediativo para o disléxico adulto devem seguir orientação idêntica àquela que é adequada a criança e ao jovem disléxico.
O professor com formação ou informação efetiva em dificuldades de aprendizado pode tornar-se canalizador do encaminhamento de providências junto ao aluno disléxico, poderá tomar providências aos pais dessa criança e de atuar como mediador entre as familiares e as diferentes profissionais que participem dessa avaliação diagnóstica.
A dislexia persiste apesar da boa escolaridade. É necessário que pais, professores e educadores estejam cientes de que um alto número de crianças sofre de dislexia. Caso contrário, eles confundirão dislexia com preguiça ou má disciplina. É normal que crianças disléxicas expressem sua frustração por meio de mal-comportamento dentro e fora da sala de aula. Portanto, pais e educadores devem saber identificar os sinais que indicam que uma criança é disléxica - e não preguiçosa pouco inteligente ou de comportamento inadequado.
A dislexia não deve ser motivo de vergonha para crianças que sofrem dela ou para seus pais. Dislexia não significa falta de inteligência e não é um indicativo de futuras dificuldades acadêmicas e profissionais. A dislexia, principalmente quando tratada, não implica em falta de sucesso no futuro.
Nunca é tarde demais para ensinar disléxico a ler e a processar informações com mais eficiência. Entretanto, diferente da fala, que qualquer criança acaba adquirindo, a leitura precisa ser ensinada. Utilizando métodos adequados de tratamento e com muita atenção e carinho, a dislexia pode ser derrotada. Crianças disléxicas que receberam tratamento desde cedo apresentam uma menor dificuldade ao aprender a ler. Isso evita com que a criança se atrase na escola ou passe a desgostar de estudar.
A Dislexia não se trata de um problema que é superado com o tempo; ela não pode passar despercebida. Pais e professores devem se esforçar para identificar a possibilidade de seus filhos ou alunos sofrerem de dislexia. Crianças disléxicas que foram tratadas desde cedo superam o problema e passam a se assemelhar àquelas que nunca tiveram qualquer dificuldade de aprendizado.
Foram desenvolvidos diversos programas para tratar a dislexia. Contudo, a maioria dos tratamentos enfatiza a assimilação de fonemas, o desenvolvimento do vocabulário, a melhoria da compreensão e fluência na leitura. Esses tratamentos ajudam o disléxico a reconhecer sons, sílabas, palavras e, por fim, frases. É aconselhável que a criança disléxica leia em voz alta com um adulto para que ele possa corrigi-Ia. É importante saber que ajudar disléxicos a melhorar sua leitura e muito trabalhoso e exige muita atenção e repetição. Mas um bom tratamento certamente rende bons resultados. Alguns estudos sugerem que um tratamento adequado, tendo seu início cedo na vida escolar de uma criança, pode corrigir as falhas nas conexões cerebrais ao ponto que elas desapareçam por completo.
Apesar das salas de aula estar lotadas e apesar da falta de recursos para pesquisas, a dislexia precisa ser combatida. Muitos casos de dislexia passam despercebidos em nossas escolas. Muitas vezes, crianças inteligentíssimas, mas que sofrem de dislexia, aparentam ser péssimos alunos; muitas dessas crianças se envergonham de suas dificuldades acadêmicas, abandonam a escola e se isolam de amigos e familiares. Muitos pais, por falta de conhecimento, se envergonham de ter um filho disléxico e evitam tratar do problema. Isso é lamentável, pois crianças disléxicas que recebem um tratamento apropriado podem não apenas superar essa dificuldade, mas até utilizá-la como benefício para se sobressair pessoal e profissionalmente.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Áreas das Dificuldades:Escrita e Matemática

ÁREAS DAS DIFICULDADES: ESCRITA E MATEMÁTICA

Ler e escrever, portanto, são conhecimentos que não podem ser reduzidos a alguns de seus aspectos, como dominar letras, decodificá-las, traçá-las, etc. Seu aprendizado implica também conhecer as várias funções que a linguagem escrita pode ter em termos sociais, as muitas e variadas formas como pode ser usada. A escrita pode ser interpretada de muitas formas ou em diferentes graus.
A escrita é uma das áreas complexas e abrangentes no que diz respeito a aprendizagem.Tanto a leitura quanto a escrita estão diretamente vinculadas a alfabetização, adquirindo deste modo caráter de aprendizagem formal, onde o objetivo é compreender melhor as dificuldades de aprendizagem na escrita, visando intervenções adequadas que propiciarão o melhor desenvolvimento dos alunos portadores de D.A.
Para conceituar a escrita, foram utilizados os estudiosos: FERREIRO (1992) e CAGLIARI (1995). Para conceituar D.A. no processo de aquisição da Escrita.
Definir a escrita não consiste em tarefa fácil, pois ao contrário do que possa parecer, estas são áreas complexas e abrangentes. São vários os sentidos que podem ser atribuídos às idéias de escrita, podendo estes, serem restritos ou amplos. Em termos escolares, tanto a leitura quanto a escrita estão diretamente vinculadas a alfabetização, adquirindo deste modo caráter de aprendizagem formal.
No sentido restrito, são encontradas definições simplistas tais como:
Escrita – ato de representar através de sinais gráficos (letras) palavras e idéias, ou domínio da função simbólica convencional.
No entanto, pesquisadores de renome tais como Emilia Ferreiro, Ana Teberoski, Luiz Carlos Cagliari, entre outros, já provaram através de pesquisas e estudos a complexidade que envolve ambos os processos.

(...) eu digo escrita entendendo que não falo somente de produção de marcas gráficas por parte das crianças; também falo de interpretação dessas marcas gráficas. (...) algo que também supõe conhecimento acerca deste objeto tão complexo – a língua escrita –, que se apresenta em uma multiplicidade de usos sociais (FERREIRO, 1992, p. 79).
Para a autora, a escrita é um processo de construção e reconstrução de um saber construído, e neste processo a criança elabora hipóteses sobre a escrita, que vão sendo problematizadas, caminhando assim para a alfabetização formal.
Tanto a escrita quanto a leitura, consiste em atividade bastante intricada. "Ler é uma atividade extremamente complexa e envolve problemas não só semânticos, culturais, ideológicos, filosóficos, mas até fonéticos" (CAGLIARI, 1995, p. 149).
A leitura é a realização do objetivo da escrita. Quem escreve, escreve para ser lido. O objetivo da escrita, (...) é a leitura (Ibidem). Sendo assim, é notória a importância tanto da escrita quanta da leitura no desenvolvimento intelectual do ser humano.
Quanto à dificuldade de aprendizagem no processo de aquisição da leitura encontramos a dislexia. A dislexia é a dificuldade com a identificação dos símbolos gráficos desde o inicio da alfabetização, acarretando fracassos futuros na leitura e escrita. Foram desenvolvidos diversos programas para curar a dislexia. Não há um só tratamento que seja adequado a todas as pessoas. Contudo, a maioria dos tratamentos enfatiza a assimilação de fonemas, o desenvolvimento do vocabulário, a melhoria da compreensão e influência na leitura. Esses tratamentos ajudam o disléxico a reconhecer sons, sílabas, palavras e, por fim frases. É aconselhável que a criança disléxica leia em voz alta com um adulto para que ele possa corrigi-la.
Quanto à dificuldade de aprendizagem no processo de aquisição da escrita, encontramos a disgrafia, a disortografia e os erros de formulação e sintaxe. A disgrafia é a falta de habilidade motora para transpor através da escrita o que captou no plano visual ou mental, a criança apresenta lentidão no traçado e letras ilegíveis. É uma desordem resultante de um distúrbio de integração visual-motora. Isso acontece devido a uma incapacidade de recordar a grafia da letra. Também conhecido como letra feia. A criança com esse tipo de dificuldade não possui deficiência visual nem motora, e tão pouco qualquer comprometimento intelectual ou neurológico. No entanto não consegue transmitir informações visuais ao sistema motor.
Alguns estudos atribuem a causa destas dificuldades à fatores sociais, outros a fatores emocionais, e alguns, ainda, a atrasos no desenvolvimento psicomotor.
As principais características são: lentidão na escrita; letra ilegível; escrita desorganizada; traços irregulares (ou muito fortes que chegam a marcar o papel ou muito leves); desorganização geral na folha por não possuir orientação espacial; desorganização do texto, pois não conservam a margem parando muito antes ou ultrapassando, quando este último acontece, tende a amontoar letras na borda da folha; desorganização das letras: letras retocadas, hastes mal feitas, atrofiadas omissão de letras, palavras, números, formas distorcidas, movimentos contrários a escrita (um s ao invés do 5, por exemplo); desorganização das formas: tamanho muito pequeno ou muito grande, escrita alongada ou comprida; liga as letras de forma inadequada e com espaçamento irregular.
O disgráfico não apresenta características isoladas, mas um conjunto de algumas destas citadas.
Podemos encontrar dois tipos de disgrafia: Disgrafia motora (discaligrafia), onde a criança consegue falar e ler, mas encontra dificuldades na coordenação motora fina para escrever as letras, palavras e números, ou seja, vê a figura gráfica, mas não consegue fazer os movimentos pra escrever. Disgrafia perceptiva: não consegue fazer a relação entre o sistema simbólico e as grafias que representam os sons, as palavras e frases. Possui as características da dislexia senda que esta está associada à leitura e a disgrafia à escrita.
O tratamento requer uma estimulação lingüística global e um atendimento individualizado complementar a escola. Os pais e professores devem evitar repreender a criança. Os professores devem reforçar o aluno de forma positiva sempre que conseguir realizar uma conquista, na avaliação escolar dar mais ênfase a expressão oral, evitar o uso de canetas vermelhas na correção dos cadernos e provas, conscientizar o aluno de seu problema e ajudá-lo de forma positiva.
A disortografia é a incapacidade para transcrever corretamente a linguagem oral; caracteriza-se pelas trocas ortográficas e confusões com as letras. Esta dificuldade não implica a diminuição da qualidade do traçado das letras. Essas trocas são normais nas primeiras séries do primeiro grau, porque a relação entre a palavra impressa e os sons ainda não esta totalmente dominada. Porém, após estas séries, se as trocas ortográficas persistirem repentinamente, é importante que o professor esteja atento já que pode se tratar de uma disortografia.
Os principais erros que uma criança com disortografia costuma apresentar são: Confusão de letras (trocas auditivas: consoante surdas por sonoras: f/v , faca/vaca, etc.), vogais nasais por orais: na/a, en/i, on/o, um/u; confusão de sílabas com tonacidade semelhante: cantarão/cantaram; confusão de letras (trocas visuais: simétricas: b/d, p/q, semelhantes: e/a, b/h, f/t, confusão de palavras com configurações semelhantes, exemplo copia pedreiro em lugar de padeiro).
Caracteriza-se de uma maneira geral, por erros na transformação do som no símbolo gráfico, ocasionando:
Substituição das letras: (D/T S/C X/CH etc...)
Omissão: (balea / baleia)
Acréscimos: (ritimo / rítmo)
Transposição: (tocovelo / cotovelo)
Pode-se classificar a distografia em dois tipos:
De origem auditiva: quando as substituições de letras se dão a nível de sons acusticamente próximos, ou seja, fonemas que se opõem pelo traço de sonoridade (sonoro/surdo). Exemplos:P/B= pola/bola T/D= tato/dado F/V= fome/vome X/CH – J/G= juva/chuva.
De origem visual: mais freqüentes que os auditivas, refletem falhas na percepção e na memória visual. Exemplos: S / C / SS / Ç / SC / X M/N J/G L/U X/Z/S
A alta incidência deste tipo de erro parece dever-se em primeiro lugar as peculiaridades da língua portuguesa, onde: um fonema pode ser representado por vários grafemas: o som do S é grafado por S / SS / C / Ç / SC / SÇ / X
Um fonema possui fonemas diversos: o X com som de CH/S/Z/CS
Para se caracterizar uma criança como disortográfica, deve-se observar o nível de escolaridade, freqüência e tipo de erro.
Este diagnóstico pode ser feito através de ditados e na produção de textos.
Orientações:
· Estimular a memória visual através de quadros com letras do alfabeto, números, famílias silábicas.
· Não exigir que a criança escreva vinte vezes a palavra, pois isso de nada irá adiantar.
· Não reprimir a criança e sim auxiliá-la positivamente.

Erros de formulação e sintaxe
Esse tipo de distúrbio da escrita está bem detalhado nos trabalhos desenvolvidos por Johnson e Myklebust8. Trata-se de casos em que a criança consegue ler com fluência e apresenta uma linguagem oral perfeita, compreendendo e copiando palavras, mas não consegue escrever cartas, histórias e nem dar respostas a perguntas escritas em provas. Na forma escrita, comete erros que não apresenta na forma falada. Além disso, não consegue transmitir para a escrita conhecimentos adquiridos na linguagem oral.
A criança que apresenta desordem na formulação escrita tem dificuldade em colocar seu pensamento em símbolos gráficos (letras), numa folha de papel. Apesar de sua linguagem oral ser superior e de ter boa compreensão do que lê, ela fica parada, sem condições de produzir um texto próprio.
Nos distúrbios de sintaxe, que podem aparecer independentemente dos de formulação, ocorrem erros como omissão de palavras, ordem errada das palavras, uso incorreto dos verbos e dos pronomes, terminações incorretas das palavras e falta de pontuação.
Os distúrbios de formulação e sintaxe escrita são muito frustrantes. A criança sente que é capaz de competir com os outros em atividades escolares até o momento em que é solicitada a transferir seu conhecimento oral para a escrita. Apesar da complexidade do problema, é possível atingir algum progresso, caso a criança seja encaminhada para um tratamento adequado.
O papel do professor no processo de aprendizagem é indiscutívelmente decisivo, suas atitudes, concepções e intervenções, serão fatores determinantes no sucesso ou fracasso escolar de seus alunos.
Cabe ao professor duas tarefas: o diagnóstico ou detecção seguida de intervenção adequada.
No contato diário com os alunos, muito rapidamente o professor começa a perceber entre eles aqueles que apresentam dificuldades, a partir desta detecção a atitude correta deve ser o encaminhamento do aluno em questão a um psicopedagogo, que deverá avaliar as habilidades perceptivas, motoras, lingüísticas e cognitivas do mesmo e ainda os fatores emocionais e os próprios atos de ler e escrever.
Quanto à dificuldade de aprendizagem em matemática encontramos a DISCALCULIA, que impede a criança de compreender os processo matemáticos.
Em geral, a dificuldade em aprender matemática pode ter várias causas. De acordo com Johnson e Myklebust (1987), terapeutas de crianças com desordens e fracassos em aritmética, existem alguns distúrbios que poderiam interferir nesta aprendizagem:
· Distúrbios de memória auditiva:
- A criança não consegue ouvir os enunciados que lhes são passados oralmente, sendo assim, não conseguem guardar os fatos, isto lhe incapacitaria para resolver os problemas matemáticos.
- Problemas de reorganização auditiva: a criança reconhece o número quando ouve, mas tem dificuldade de lembrar do número com rapidez.
· Distúrbios de leitura:
- Os disléxicos e outras crianças com distúrbios de leitura apresentam dificuldade em ler o enunciado do problema, mas podem fazer cálculos quando o problema é lido em voz alta. É bom lembrar que os disléxicos podem ser excelentes matemáticos, tendo habilidade de visualização em três dimensões, que as ajudam a assimilar conceitos, podendo resolver cálculos mentalmente mesmo sem decompor o cálculo. Podem apresentar dificuldade na leitura do problema, mas não na interpretação.
- Distúrbios de percepção visual: a criança pode trocar 6 por 9, ou 3 por 8 ou 2 por 5 por exemplo. Por não conseguirem se lembrar da aparência elas tem dificuldade em realizar cálculos.
· Distúrbios de escrita:
- Crianças com disgrafia têm dificuldade de escrever letras e números.
Estes problemas dificultam a aprendizagem da matemática, mas a discalculia impede a criança de compreender os processos matemáticos.
A discalculia é um dos transtornos de aprendizagem que causa a dificuldade na matemática. Este transtorno não é causado por deficiência mental, nem por déficits visuais ou auditivas, nem por má escolarização, por isso é importante não confundir a discalculia com os fatores citados acima.
O portador de discalculia comete erros diversos na solução de problemas verbais, nas habilidades de contagem, nas habilidades computacionais, na compreensão dos números.
Kocs (apud García, 1998) classificou a discalculia em seis subtipos, podendo ocorrer em combinações diferentes e com outros transtornos:
1. Discalculia Verbal – dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações.
2. Discalculia Practognóstica – dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens matematicamente.
3. Discalculia Léxica – dificuldades na leitura de símbolos matemáticos.
4. Discalculia Gráfica – dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.
5. Discalculia Ideognóstica – dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos.
6. Discalculia Operacional – dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos.

Na área da neuropsicologia as áreas afetadas são:
· Áreas terciárias do hemisfério esquerdo que dificulta a leitura e compreensão dos problemas verbais, compreensão de conceitos matemáticos;
· Lobos frontais dificultando a realização de cálculos mentais rápidos, habilidade de solução de problemas e conceitualização abstrata.
· Áreas secundárias occípito-parietais esquerdos dificultando a discriminação visual de símbolos matemáticos escritos.
· Lobo temporal esquerdo dificultando memória de séries, realizações matemáticas básicas.

De acordo com Johnson e Myklebust (1987) a criança com discalculia é incapaz de:
· Visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior;
· Conservar a quantidade: não compreendem que 1 quilo é igual a quatro pacotes de 250 gramas.
· Seqüenciar números: o que vem antes do 11 e depois do 15 - antecessor e sucessor.
· Classificar números.
· Compreender os sinais +, − , ÷, x.
· Montar operações.
· Entender os princípios de medida.
· Lembrar as seqüências dos passos para realizar as operações matemáticas.
· Estabelecer correspondência um a um: não relaciona o número de alunos de uma sala à quantidade de carteiras.
· Contar através dos cardinais e ordinais.

Os processos cognitivos envolvidos na discalculia são:
1. Dificuldade na memória de trabalho;
2. Dificuldade de memória em tarefas não-verbais;
3, Dificuldade na soletração de não-palavras (tarefas de escrita);
4. Não há problemas fonológicos;
5. Dificuldade na memória de trabalho que implica contagem;
6. Dificuldade nas habilidades visuo-espaciais;
7. Dificuldade nas habilidades psicomotoras e perceptivo-táteis.

De acordo com o DSM-IV, o Transtorno da Matemática caracteriza-se da seguinte forma:
· A capacidade matemática para a realização de operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático, encontra-se substancialmente inferior à média esperada para a idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade do indivíduo.
· As dificuldades da capacidade matemática apresentadas pelo individuo trazem prejuízos significativos em tarefas da vida diária que exigem tal habilidade.
· Em caso de presença de algum déficit sensorial, as dificuldades matemáticas excedem aquelas geralmente a este associadas.
· Diversas habilidades podem estar prejudicadas nesse Transtorno, como as habilidades lingüísticas (compreensão e nomeação de termos, operações ou conceitos matemáticos, e transposição de problemas escritos em símbolos matemáticos), perceptuais (reconhecimento de símbolos númericos ou aritméticos, ou agrupamento de objetos em conjuntos), de atenção (copiar números ou cifras, observar sinais de operação), e matemáticas (dar seqüência a etapas matemáticas, contar objetos e aprender tabuadas de multiplicação).

Quais os comprometimentos?
· Organização espacial;
· Auto-estima;
· Orientação temporal;
· Memória;
· Habilidades sociais;
· Habilidades grafomotoras;
· Linguagem / leitura;
· Impulsividade;
· Inconsistência (memorização).

Ajuda do professor:
O aluno deve ter um atendimento individualizado por parte do professor que deve evitar:
· Ressaltar as dificuldades do aluno, diferenciando-o dos demais;
· Mostrar impaciência com a dificuldade expressada pela criança ou interrompê-la várias vezes ou mesmo tentar adivinhar o que ela quer dizer completando sua fala;
· Corrigir o aluno freqüentemente diante da turma, para não o expor;
· Ignorar a criança em sua dificuldade.

Dicas para o professor:

- Não force o aluno a fazer as lições quando estiver nervoso por não ter conseguido;
- Explique a ele suas dificuldades e diga que está ali para ajudá-lo sempre que precisar;
- Proponha jogos na sala;
- Não corrija as lições com canetas vermelhas ou lápis;
- Procure usar situações concretas, nos problemas.


Ajuda do profissional:
Um psicopedagogo pode ajudar a elevar sua auto-estima valorizando suas atividades, descobrindo qual o seu processo de aprendizagem através de instrumentos que ajudarão em seu entendimento. Os jogos irão ajudar na seriação, classificação, habilidades psicomotoras, habilidades espaciais, contagem. Recomenda-se pelo menos três sessões semanais.
O uso do computador e bastante útil, por se tratar de um objeto de interesse da criança.
O neurologista irá confirmar, através de exames apropriados, a dificuldade específica e encaminhar para tratamento. Um neuropsicologista também é importante para detectar as áreas do cérebro afetadas. O psicopedagogo, se procurado antes, pode solicitar os exames e avaliação neurológica ou neuropsicológica.

O que ocorre com crianças que não são tratadas precocemente?
· Comprometimento do desenvolvimento escolar de forma global.
· O aluno fica inseguro e com medo de novas situações.
· Baixa auto-estima devido a críticas e punições de pais e colegas.
· Ao crescer o adolescente / adulto com discalculia apresenta dificuldade em utilizar a matemática no seu cotidiano.

Cuidado!
As crianças, devido a uma série de fatores, tendem a não gostar da matemática, achar chata, difícil. Verifique se não é uma inadaptação ao ensino da escola, ou ao professor que pode estar causando este mal estar. Se sua criança é saudável e está se desenvolvendo normalmente em outras disciplinas não se desespere, mas é importante procurar um psicopedagogo para uma avaliação.
Muitas confundem inclusive maior-menor, mais-menos, igual-diferente, acarretando erros que poderão ser melhorados com a ajuda de um professor mais atento.

Soluções para ajudar
· Permitir o uso de calculadora e tabela de tabuada
· Uso de caderno quadriculado.
· Provas: elaborar questões claras e diretas. Reduzir ao mínimo o número de questões. Fazer prova sozinho, sem limite de tempo e com um tutor para certificar se entendeu o que pede as questões.
· Muitas vezes o aluno podem fazer prova oralmente, desenvolvendo as expressões mentalmente, e ditando para que alguém transcreva-as.
· Moderar a quantidade de lição de casa. Passar exercícios repetitivos e cumulativos.
· Incentivar a visualização do problema, com desenhos e depois internamente.
· Prestar atenção no processo utilizado pela criança. Que tipo de pensamento ela usa para resolver um problema?
· Faça uma aula “livre de erros”, para esse aluno conhecer o sucesso.
· Lembra que para o disléxico nada é ó,bvio, como é para nós.